Vem aí outro Cluny? É de fugir

Os sindicalistas são inimputáveis?


O novo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), João Palma, disse, ontem, em declarações ao PÚBLICO, que "as pressões sobre os magistrados estão a atingir níveis incomportáveis" e admitiu a hipótese de as denunciar.


Já várias vezes afirmei o meu enfado quanto aos sindicatos judiciais, capazes de transformar um honesto magistrado num inimputável energúmeno, um honrado cidadão num arruaceiro e um impoluto administrador da justiça num conspirador contra a democracia.


Creio que a separação dos poderes devia exigir contenção aos magistrados, impedi-los de condenar as leis porque lhes compete aplicá-las, respeitar o poder executivo para que sejam respeitados por este e usar uma linguagem urbana, sóbria e rigorosa.

Quando o novo presidente do S.M.M.P. afirma que há pressões sobre os magistrados e que atingem níveis incomportáveis fico assustado com os crápulas capazes de fazerem pressões e com os cobardes incapazes de denunciarem, acusarem e fazerem condenar os autores.


Ouvi num canal televisivo as diatribes do indivíduo e registei o clima de suspeição e as ameaças que deixou. Não sei quem são os monstros capazes de cometer os crimes que o sindicalista referiu mas tive a certeza de quem é capaz de atirar pedras e esconder a mão.


Serei um adversário intransigente de qualquer Governo que não respeite a independência judicial mas não me peçam para respeitar quem, tendo conhecimento de crimes e o poder de os denunciar, seja suficientemente cobarde para ficar por insinuações.

Sempre que um magistrado, juiz ou procurador, queira fazer uma carreira política, deve abandonar as funções que o Estado lhe confere. O poder judicial é o único que não tem a legitimidade do voto e que, se perde a compostura, perde o respeito que lhe é devido.


Apostila - João Palma admitiu a hipótese de denunciar as pressões sobre os magistrados. Mas não é obrigado a fazê-lo? Sei que não é chantagem pois é sindicalista há pouco tempo e magistrado há muito.

Comentários

Anónimo disse…
Outro Cluny? Nã... É mais outro Octávio Machado, o tal que andava sempre a dizer: Ai se eu abro a boca... (Ainda hoje estamos à espera.) Talvez o senhor não se aperceba (o que me faz duvidar das suas capacidades enquanto magistrado) é que dizer que há pressões e não as revelar, é em si um acto de pressão.
Excelente post, ao qual só há a acrescentar uma coisa: é que neste caso a questão é mais grave que de costume: é que o Ministério Público (contrariamente aos juízes) é uma magistratura hierarquizada, e o seu mais alto representante institucional - o Procurador-Geral da República - já disse mais que uma vez que nunca houve pressões nenhumas. Como se admite que venha agora o "visconde" dizer o contrário?
Além de violar o princípio da separação de poderes, o pseudo-proletário "sindicalista" desrespeita a hierarquia em que está integrado!
E depois destas atitudes como querem estes indivíduos que o povo os respeite?

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