Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
...OU NÃO?
É este, hoje, o tema de uma reflexão política de Mário Soares...
Chamou, também (como o título do post) , a esse óbice de Durão Barroso, um "estigma". Acha (Mário Soares), aliás, como a maioria dos democratas, que a referida personalidade política não pode ser desligada da "cimeira da vergonha" (sic) que decorreu, tendo-o como anfitrião, nas Lajes (Açores).
Neste momento, a posição de Sócrates acerca de Barroso tem, para um governante adepto da modernidade e do desenvolvimento tecnológico, um cheiro bafiento a um nacionalismo decadente, decrépito e, politicamente, inconsequente.
A argumentação nacionalista nada tem a ver com a Europa actual, sofrendo uma violenta crise económica e em pré-convulsão social.
As manifestações de ontem em França, foram claros e estrondosos avisos ao poder político para trabalhar mais, com redobrado afinco, na rápida resolução dos problemas, nomeadamente, no drama do desemprego.
De facto, uma estimativa de 3 milhões de franceses na rua (1,2 milhões segundo a polícia), manifestando-se na rua contra Sarkozy, não é confortável para o Presidente francês.
Numa sondagem efectuada pela BVA-BPI-France Info-Les Echós, 74% dos franceses auscultados "estiment que ces mesures ne profitent pas équitablement à tous"... link.
Poettering, presidente do PE, quer que a nomeação do presidente da CE tenha lugar logo após as eleições europeias.
Assim, o presidente será eleito segundo as normas do Tratado de Nice e, caso a Irlanda aprove o Tratado de Lisboa, terá de mudar de cartilha e actuar com base no novo Tratado.
Uma legitimidade, dupla, duvidosa, já que os mecanismos de representatividade são diferentes e "aparecem" novos cargos políticos...
Se, como espero, a Esquerda vencer as eleições europeias, em consequência da resposta dos eleitores à maioria dos governos conservadores europeus, punindo nas urnas o modo como têm lidado com a crise, está criado um embróglio jurídico.
É que a nomeação do presidente da CE deixa de ser "cozinhada" (como está neste momento) nestas cimeiras, para ser uma das importantes perrogativas do Parlamento Europeu.
Resta-me, como a muitos portugueses que ficaram indignados com o servilismo de Barroso a G. W. Bush na desastrosa guerra do Iraque, confiar na argúcia e na clarividência política dos europeus.