A censura está de volta envolta em pobreza
A esquizofrenia censória do Doutor Miguel Relvas, visando o controlo e intimidação da comunicação social, vislumbra cabalas contra o precário e funesto primeiro-ministro. O fiscal da liberdade de expressão ameaça os jornalistas dos jornais privados e dos órgãos que tutela. Com a obsessão de limitar a independência dos operadores públicos, deseja eliminar os operadores públicos.
Urge impor limites ao poder discricionários do ministro da tutela. A vocação censória do atual Governo promete revolucionar o audiovisual em Portugal e regressar ao exame prévio, sem os métodos obsoletos dos monsenhores e dos coronéis da ditadura. Basta entregarem todos os meios de comunicação social ao capital privado.
A continuidade do Doutor Relvas no cargo revela que não é um epifenómenos deste Executivo sem rumo, projeto ou capacidade para governar. Sonhou destruir o serviço público de comunicação social para que o Governo, à míngua de capacidade, gozasse de impunidade mas, depois das últimas manifestações, já lhe deve minguar o fôlego para privatizar a RTP, ignorar a Constituição e afrontar o Tribunal Constitucional.
Sabemos como o poder económico limita a liberdade de informação, na defesa dos seus interesses. Se o poder político abdica da defesa da liberdade e se submete aos interesses privados comete um ato de incúria e covardia que os democratas não podem consentir.
Passos Coelho é regente do Governo PSD/CDS há pouco mais de um ano, graças a um PR sem grandeza nem especial cultura democrática. Na pressa de despedir Sócrates, um ódio de estimação, não esperou por um líder do PSD mais capaz. PPC, inexperiente e rodeado dos mais implacáveis ultraliberais, Vítor Gaspar, Braga de Macedo e António Borges, acabou traído por Paulo Portas, especialista na arte da sobrevivência política.
A três anos do fim do mandato, assiste-se já à fase terminal de um Governo que teve a unção de Cavaco, a contribuição de todos os partidos da oposição e os votos da maioria dos portugueses. Perante o vendaval que varre os mercados financeiros e a pressão que a Europa suporta, Portugal experimentou o pior dos seus governos democráticos.
Esta experiência falhada para resgatar o País do caminho errado que atribuiu ao anterior Governo só nos trouxe menos liberdade, menos justiça social e uma profunda depressão envolta na pobreza que alastra e no desespero que não para.
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