HERR GASPAR VISTO POR HERR SCHAUBLER
A última Revista do “Expresso” brinda-nos com um artigo do ministro das finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble, sobre o seu “amigo e colega” Vítor Gaspar, destacado para exercer idênticas funções em Portugal.
Escreve Schauble:
“Ao observar quanto Portugal mudou nos últimos dois anos, vêm-me à mente palavras como clarividência, determinação e coragem. Não constituirá, portanto, surpresa que quando a história do seu renascimento económico for escrita, um dos seus protagonistas seja um homem dotado dessas qualidades. No seu modo calmo mas firme, o meu amigo e colega Vítor Gaspar deu uma contribuição decisiva – talvez a contribuição decisiva – para as políticas que colocaram Portugal firmemente no caminho da recuperação.”
Parece ironia de mau gosto, mas não é. Tudo indica que Herr Schauble foi sincero. Na sua mente germânica e ultraliberal, o facto de Gaspar, “no seu modo calmo mas firme”, ter lançado um milhão de portugueses no desemprego e dezenas de milhares de empresas na falência, ter atirado a classe média para a pobreza e os pobres para a miséria, só revela “clarividência, determinação e coragem”; e essas clarividentes e corajosas políticas “colocaram Portugal firmemente no caminho da recuperação”. No fundo o que ele quer dizer é que tais políticas são favoráveis à sua querida Alemanha e à sua não menos querida ideologia neoliberal.
O caráter abjeto destes elogios é tão evidente que Herr Schauble não merece, como resposta, mais que uma palavra: SCHEISSE!
(para quem não souber: “scheisse”, no idioma de Hitler, significa mais ou menos “berda-merda” em português vernáculo)
Comentários
Olhe que "o idioma de Hitler" é o mesmo de Bertolt Brecht, Gunther Grass ... etc.
Só uma palavra: tristeza confrangedora.
Auzendo
É preciso não ter a noção do ridículo.