Ontem, na habitual crónica no Jornal Público, Vasco Pulido Valente levanta a ponta do véu sobre o sistema financeiro doméstico e a história paroquial da 'nossa crise'. Claro que existe uma história paralela, de âmbito europeu ou até mundial, de contornos mais difíceis de delinear e provavelmente ainda mais tenebrosa.
Mas o 'caso do Grupo Espirito Santo', onde a procissão ainda vai no adro, é bem revelador da monstruosidade de uma concepção ardilosamente 'vendida' aos portugueses de que teriam vivido acima das suas possibilidades e que justificou todas as transferências monetárias dos cidadãos para o sistema financeiro (nacional e estrangeiro). Esta aleivosia (do viver acima das possibilidades) foi o guião de uma intervenção externa tão entusiasticamente abraçada por este Governo e que nos conduziu a um brutal empobrecimento e - isso sim - ao 'resgate' dos sistemas bancários (nacionais e europeus).
Por cada nova declaração sobre a solidez do BES cresce a certeza de que a intervenção estatal - com todo o cortejo de terríficas consequências - está a caminho. Resta saber se existe alguém que esteja disposto a engolir a mesma poção, tranquila e sossegadamente.
«Agora, com pena o digo, não tenho qualquer dúvida que [Marcelo Rebelo de Sousa] vai ficar na História como o pior presidente de todos». (Lida no blogue Causa Nossa, Vital Moreira)
Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
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Mas o 'caso do Grupo Espirito Santo', onde a procissão ainda vai no adro, é bem revelador da monstruosidade de uma concepção ardilosamente 'vendida' aos portugueses de que teriam vivido acima das suas possibilidades e que justificou todas as transferências monetárias dos cidadãos para o sistema financeiro (nacional e estrangeiro). Esta aleivosia (do viver acima das possibilidades) foi o guião de uma intervenção externa tão entusiasticamente abraçada por este Governo e que nos conduziu a um brutal empobrecimento e - isso sim - ao 'resgate' dos sistemas bancários (nacionais e europeus).
Por cada nova declaração sobre a solidez do BES cresce a certeza de que a intervenção estatal - com todo o cortejo de terríficas consequências - está a caminho. Resta saber se existe alguém que esteja disposto a engolir a mesma poção, tranquila e sossegadamente.