Nuno Crato, ministro da Educação e Ciência
Nuno Crato não pode ser apenas um erro crasso, ao nível do Governo a que a vaidade e a decadência ética, o associou. Um professor universitário qualificado que se esmerou a destruir o serviço público, um revolucionário que não precisava de se esforçar a provar o arrependimento, o ilusionista que brinca aos tempos verbais para iludir compromissos, deixou de ser um caso político, é um caso de polícia.
Passos Coelho ou Marco António não tinham habilitações para tão metódica e paciente destruição da credibilidade do ensino público. O ministro da Defesa, eficiente a destruir as Forças Armadas, não tinha experiência académica que lhe permitisse destruir a vida familiar de professores, impedir os alunos de ter aulas e colocar a normalização escolar nas casas de apostas.
A destruição do ensino público é um objetivo entregue a Nuno Crato cuja competência tem sido insuperável. Com ajudas públicas a escolas privadas e sem atrasos no início do ano letivo, ninguém podia fazer mais pelo descrédito do ensino público e pela punição dos professores que querem servi-lo.
Nuno Crato ficará como ministro vedeta de um Governo que está para o País como a pata de um elefante para uma loja de cristais.
Passos Coelho ou Marco António não tinham habilitações para tão metódica e paciente destruição da credibilidade do ensino público. O ministro da Defesa, eficiente a destruir as Forças Armadas, não tinha experiência académica que lhe permitisse destruir a vida familiar de professores, impedir os alunos de ter aulas e colocar a normalização escolar nas casas de apostas.
A destruição do ensino público é um objetivo entregue a Nuno Crato cuja competência tem sido insuperável. Com ajudas públicas a escolas privadas e sem atrasos no início do ano letivo, ninguém podia fazer mais pelo descrédito do ensino público e pela punição dos professores que querem servi-lo.
Nuno Crato ficará como ministro vedeta de um Governo que está para o País como a pata de um elefante para uma loja de cristais.
Comentários
Depois, passar as responsabilidades administrativas do ensino básico e secundário para a administração local.
Finalmente, os docentes serão colocados utilizando os 'altos critérios' das Câmaras Municipais onde imperam critérios partidários, de 'amiguismo', de favorecimento, etc.
PS: Este pervertido modelo será baptizado de 'descentralização'...
A incompetência pode ser a única coisa que nos salve.
Um novo mundo nasce no campo da ficção literária - o mundo Kafka-Cratiano. Nesta novela sobre a colocação dos professores, o absurdo da existência revela-se em círculos concêntricos de contradições irredutíveis. Nuno, o Crato, consegue adensar o pesadelo, vivido pelas suas múltiplas personagens, utilizando na narrativa, com genial mestria, os ingredientes dos distúrbios provocados por uma plataforma informática, em que se introduziu uma fórmula matemática errada. O leitor, ao deixar-se envolver pelo ambiente opressivo da trama novelística, fica suspenso, com a curiosidade aguçada, sempre à espera do momento fatal, em que venha a ocorrer o suicídio coletivo das personagens. Mas Crato, que leu certamente os clássicos, e mais precisamente Homero, não se esqueceu, talvez inspirado nas aventuras de Ulisses, de introduzir no texto uma marca épica de heroísmo e de abnegação, ao criar aquela torturada personagem, um professor, que tem de percorrer semanalmente o país de lés a lés para dar aulas em 75 escolas diferentes.
Também Paula Teixeira da Cruz se inspirou no livro mais célebre de Kafka, "O Processo", para escrever a sua novela "A Anarquia da Justiça", embora não tivesse conseguido, ao contrário de Crato, construir aquele ambiente opressivo e denso, que tritura as consciências. E isto, porque a autora escolheu para personagens os papéis amarelecidos dos processos judiciais, em vez de pessoas, ao mesmo tempo que, e aqui, agora ao contrário de Kafka, colocou os juízes e os oficiais de justiça no papel dos "bonzinhos da fita". Em "A Anarquia da Justiça", o leitor não vê as vítimas. Apenas as pode imaginar no seu sofrimento. O que o leitor vê, e bem, através da enorme capacidade narrativa da autora, é a dança onírica e errática dos processos judiciais, que voam sem rumo e numa rebeldia constante, de um lado para o outro, na atmosfera etérea e caprichosa das nuvens internáuticas. Sem qualquer destino, porque subverteram as indicações da ordem de marcha, que lhes tinha sido dada, e apenas entregues aos desígnios secretos das aleatórias leis do caos, aqueles processos eletrónicos acabarem por aterrar nos sítios mais insólitos, como, por exemplo, nas sanitas destinadas ao uso exclusivo dos magistrados judiciais.
Crato e Teixeira da Cruz vieram dar um novo alento à nova literatura portuguesa, quer pela originalidade temática e do processo narrativo, quer pela aprimorada inovação estilística. E isto, num momento em que rareiam escritores de exceção.
AC