Isenção, honestidade e imparcialidade

Há quem se reclame isento, fazendo generalizações em excesso, e não passa de imbecil, afirmando que todos os políticos são iguais; quem se julgue imparcial por dizer que não é de direita nem de esquerda, lugar-comum de quem é de direita; quem, para que o julguem puro, acuse os outros de desonestidade; quem, em nome da democracia, exija penas incompatíveis com o Estado de Direito e incite os julgamentos populares. Enfim, cada um de nós se julga o padrão da ética e detentor da virtude, chama-lhe tu primeiro, antes de te chamarem a ti.

Devo declarar que, julgando-me honesto, tenho a consciência de que não sou isento nem imparcial. Tenho as minhas preferência e posso ser indulgente com amigos e impiedoso com adversários. Satisfaço-me por dizer o que penso, não escrever para agradar e jamais fazer afirmações que saiba falsas. Bastam as afirmações que julgo verdadeiras, os erros que cometo e as imprecisões involuntárias.

Quando exonerar os afetos dos julgamentos, abdicar da cultura em que fui criado e dos princípios que me moldaram, deixo de ser um cidadão e passo a robô.  E onde ficam as convicções?

De facto, como ensinava Ortega y Gasset, o homem é ele próprio e a sua circunstância.

Comentários

e-pá! disse…
Não devemos excluir deste questionamento aquilo a que se convencionou chamar 'ética republicana'...
que não se aplica só a opções políticas!
Será também um códice comportamental.

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