Maria Luís Albuquerque: a última chicana...
Perante as acusações de António Costa de que o Governo ‘está a esconder dados sobre a situação real do País’ link, foram solicitados ao Governo dados da execução orçamental e da evolução macroeconómica.
Respondeu Maria Luís Albuquerque, ao que é suposto ainda ministra das Finanças em funções que, invocando a qualidade de militante do PSD e deputada eleita por Setúbal, negou qualquer ocultação e fez uma veemente profissão de fé na transparência das finanças públicas link.
Qualquer português percebeu que começam a assaltar os espíritos sérias dúvidas de que a situação no sistema financeiro nacional poderá não ser tão estável e consolidada como a anunciada repetidamente aos portugueses na sequência do chamado resgate e do louvaminhado ‘fim do protectorado’. Continuamos a viver à sombra e na dependência de favores do BCE mas esta circunstância é, também, para esconder.
Aliás, sabendo que a parte substancial dos problemas financeiros ligados à crise da dívida soberana é subsidiária do próprio sistema procura-se dados de transparência, quando durante o longo decorrer da crise, não foi possível ao poder político em exercício cá, e por essa Europa fora (na verdade concertados), tomar medidas concretas que colocassem os bancos sob uma rigorosa regulação do poder político (democraticamente legitimado). Este o problema fundamental e o resto não sendo diálogo ou negociação, não passa de uma conversa de surdos.
O travestismo de personalidade e de funções (transtorno dissociativo) assumido por Maria Luís Albuquerque à volta da inquirição do PS mostra que prefere refugiar-se na vala comum da chicana política sendo, por outro lado, um claro indício que existirá alguma coisa para resguardar (ocultar). É a atitude do 'não me comprometam'.
Quando for ‘chamada à pedra’ dirá que, na condição de deputada recém eleita por Setúbal ou de mera militante do PSD, não sabia de nada…
Espertezas saloias, sem tirar nem pôr!
Comentários
“Na casa do meu óme quem não trabalha não come” dá o mote da política de distribuição da riqueza. Isto é; não come, não vai ao médico, não manda os filhos à escola…
A Esquerda pensa diferente: “Todo o cidadão deve ter direito a uma vida condigna, com acesso ao trabalho, à educação, á saúde, etc.” tendo o Estado a função reguladora de dar provimento a essas necessidades básicas quando elas não existam, da mesma forma que regula as seguranças pública, alimentar, ambiental, etc.
Por isso a Direita trata a Esquerda como se de preguiçosos e perdulários se tratasse, há séculos. Excluindo o período de 1945 a 1989 no qual a Direita abriu mão de parte dessa política na Europa Ocidental e permitiu a criação de partidos socialistas “do arco do poder”, a que chamou “socialistas em liberdade”, para evitar males menores, isto é, para evitar que as ideias comunistas atingissem amplamente as classes trabalhadoras. A URSS aqui tão perto!
Foram os tempos áureos de Willy Brant, Mitterrand, Mário Soares, até de Yasser Arafat, todos dentro da grande irmandade da Internacional Socialista (em liberdade), todos tolerados pelo Grande Capital, e até subsidiados, uma vez que foram muitos deles que geriram os dinheiros do Plano Marshall.
Mas o Muro caiu, permitindo a Globalização da economia mundial e do Dólar como moeda de reserva de grande parte das nações pobres. Dólar liberto da paridade ouro e ancorado no controlo da produção de petróleo mundial por parte dos EUA. Permitindo a divulgação da liberdade de circulação de capitais e com isso a generalização dos Mercados Financeiros, empresas de rating, etc., e as tentações de acesso a crédito barato e fácil, sem contrapartida de garantias reais, mas como contrapartida única a destruição total de quem prevarica… Esse foi o verdadeiro golpe que tem permitindo ao Grande Capital chamar a si TODA a riqueza produzida nos países menos desenvolvidos, sob a forma de Juros de empréstimos.
Os partidos socialistas “em liberdade” e suas perspetivas ideológicas não estão em crise. Estão, isso sim, a ser DESTRUIDOS.
Não é um “‘golpe’ há largos anos em curso”, é um ‘golpe’ posto em movimento há menos de 2015-1989=25 anos…
Ainda há quem não entenda a dimensão do desastre que foi a queda do muro de Berlim…
De facto, tudo começa no chamado 'Consenso de Washington' (1989). A queda do muro de Berlim é praticamente contemporânea da confusão ditada pelas instituições financeiras de Washington.
Tudo começa com o fim da paridade dólar-ouro(Bretton-Woods)imposta por Nixon, em 1971, quando cria a 'fiat currency'.
Apetece comentar quem se 'fiou na virgem' e não correu, lixou-se.