Eleições americanas: uma primeira e apressada leitura…

Terminou desta maneira – a pior – mais um capítulo da vida política americana. A eleição de Donald Trump, como 45º. Presidente dos EUA, levanta uma série de interrogações sobre a política mundial e não só da América. Os equilíbrios e as relações de força vão ser submetidos a um violento stress.
 
É absolutamente nítida a derrocada do império americano e o seu colapso. Muito do que se está a passar é uma reprise – quase a papel químico - das diversas decomposições dos impérios que a História nos ensina, a começar por aquele que nos foi mais próximo – o romano.
Toda a prosápia eleitoral desenvolvida por Trump, durante a campanha eleitoral, é reconhecimento implícito dessa derrocada. A frase emblemática ‘America Great Again’ diz tudo sobre as quiméricas grandezas do passado que já não existem no presente.
Por outro lado Hillary Clinton que penetrou entre a classe média mais abastada e educada porque representava um ciclo de continuidade (que os mercados tanto adoram) foi incapaz de canalizar as frustrações dos mais desfavorecidos e fazer esquecer uma política militarista agressiva incapaz de repor hegemonias (militares, energética e financeiras). O desenrolar das ‘primaveras árabes’ traduz exatamente isto.

De facto, o único candidato que poderia trazer algo de novo à política americana – e ter um reflexo mundial - foi Bernie Sanders. Ficou pelo caminho porque eleições deste tipo são tudo (em termos de marketing) mas nada em questões mudança ( de políticas).

Em 2007/8 importamos dos EUA a crise dos subprimes com as consequências que todos conhecemos. É significativo que passados 8 anos estejamos a incorporar um presidente em que ele próprio é um outro ‘subprime’. Na verdade, o que se anuncia não andará longe uma nova crise mundial.

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