O PSD e a crise internacional

«Fernando Negrão defendeu que o PS está limitado pelos acordos à esquerda e pediu expulsão de diplomatas russos.»

Entende-se o líder parlamentar do PSD, desejoso de conquistar a confiança que lhe faltou na eleição, e sabe-se que prossegue a tradição de aceitar como boas quaisquer armas químicas que o Reino Unido invente.

De facto, é penoso para o partido que Cavaco e Passos Coelho lançaram na decadência ética, em que se encontra, não estar com os falcões da guerra, com impostores capazes de inventar factos para justificarem uma guerra, quando a Constituição Portuguesa nos obriga a defender a paz.

Não é fácil para o Governo manter a prudência e a sensatez perante os interesses que se preveem por trás desta manobra diplomática que não precisa de provas para retaliar um país.

Se fosse verdadeira a origem da tentativa de envenenamento de um ex-espião russo, em solo britânico, a resposta seria exagerada, mas teria atenuantes. Assim, sem se pedirem provas, mesmo iguais às que Durão Barroso viu em Londres antes da invasão do Iraque, é temerário alinhar na orgia de histerismo com que se prepara uma nova guerra cujo fim é imprevisível.

Independentemente do que acontecer, e voltarei a este tema, Portugal deve regozijar-se por António Costa não ser um Durão Barroso e Augusto Santos Silva um Martins da Cruz.

Esperemos que Marcelo esteja à altura de Jorge Sampaio.

Comentários

Jaime Santos disse…
Acho que há alguma histeria relativamente à expulsão de diplomatas. Estas medidas são de carácter simbólico. Destinam-se a produzir muito barulho a nível internacional e beliscar a imagem da Rússia, sem outras consequências de maior. Note-se que ninguém decretou sanções comerciais à Rússia, por exemplo. Fazem lembrar as expulsões que ocorriam durante o período da guerra fria...

Parece claro que o agente químico que vitimou os Skripal teve origem russa (e terá sido depositado na mala da filha do ex-espião antes dela ter partido de Moscovo). E aí das duas uma. Ou o ataque foi autorizado pelo Kremlin, ou não foi. Se foi, o uso de armas químicas é um ato de guerra e aposto que mesmo que as provas existam, o governo britânico nunca as apresentará (Deus nos livre). Se o dito agente caiu em mãos erradas, então o Governo da Rússia foi negligente e o caso também merece uma resposta. Imagine-se o que seria se ocorresse um ataque em Moscovo com armas roubadas em Tancos, por exemplo.

Já a resposta do Governo Português parece-me adequada a um País que dispõe de três (!) diplomatas acreditados em Moscovo... Esperar para ver.

Quanto à possibilidade de se tratar de uma manobra para salvar a pele de May, se o for, não me parece muito inteligente. Tenho a senhora (mas não Johnson, que é um palhaço e isto é um facto) em melhor conta. Mentir ao Parlamento acabaria com a carreira dela...

Convinha lembrar que Putin é um autocrata que reduziu a Tchetchénia a escombros, deixou que uma tripulação inteira de um submarino porventura sucumbisse porque não quis pedir ajuda internacional e ordenou um ataque a um teatro com gás paralisante que acabou por matar quem estava lá dentro. A Sra May, apesar de tudo, merece-me bastante mais respeito.

Para além disto, já outros ataques a dissidentes russos ocorreram antes em solo britânico...

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