‘Você na TV’ e/ou ‘Quem na TV(I)’?

A ida à TVI (supõe-se que o “I” quer dizer Independente…) do líder do movimento ‘Nova Ordem Social’, convictamente um adepto da xenofobia, do racismo, da violência, etc. - resumindo um ‘gauleiter’ do movimento neonazi para Portugal, para além de não poder ser desinserida de um contexto mais global (europeu e americano) de recuperação do populismo de Extrema-Direita fascizante e propagandear os seus ‘encapotados’ defensores, mostra o nível – os objetivos e o oportunismo - dos programas de ‘entretinimento’ que passam por cá.  

Não vamos falar do líder que acumula ‘atitudes políticas’ constitucionalmente vedadas, relativas a organizações fascistas e racistas, com atos de delinquência (já transitados em julgado). Deve haver contenção no alinhar nestas técnicas de marketing promocional.

Fiquemos pelo Sr. Goucha e as suas 'circunstâncias'. Este não é propriamente um jornalista mas, segundo se depreende, um ‘entertainer’, isto é, num português corrente, um ‘animador’. Ou, se quisermos, um ‘facilitador de divertimento’ que dispõe de um programa televisivo onde ‘brinda’ os espectadores com repetidas aleivosias e múltiplas excentricidades, cada vez menos ingénuas e nunca inocentes. Ora, a perversão do divertimento, a fome de protagonismo pessoal e a insaciável batalha pelas audiências, que parecem ‘justificar’ tudo, acabaram por cair no âmbito do ‘kitsch’ (para continuar a usar uma terminologia germânica).

Esta guerra de audiências a par de uma infindável sede de protagonismo pessoal, cada vez mais caricata, tem alimentado o universo televisivo em Portugal e merece várias respostas, fundamentalmente, de natureza cívica.

A pública condenação do sucedido, no estilo de revelar que nestas promoções de cesarismo fascista ‘o rei vai nu’ (apesar das exuberantes vestes que ousa ostentar) e, mais importante, o questionamento sobre a reais intenções de um canal privado de televisão que, começa sob os pios auspícios da Igreja para acabar numa disputa por uma multinacional de cabo e telecomunicações (Altice) com o apetite de controlar a produção e emissão de conteúdos (não se ficando pela bravata do entretinimento) que viciavam os ‘mecanismos de concorrência’, sacrossanta peia do mercado livre, deve suscitar alguma atenção (preocupação) aos 'incautos' telespetadores (que podemos ser todos nós).
 
Poderíamos acrescentar que o ‘incidente’ demonstra – mais uma vez – um iníquo contributo para prostituir a liberdade de expressão conhecido como é o useiro e vezeiro formato de (com)participação de ‘convidados especiais’ – de Direita e Extrema-Direita - na comunicação social.

Devem ser prioritários os questionamentos cívicos (e a indignação pública) à volta desta deriva fascizante que paulatinamente ‘entrou’ na comunicação social – e pretende assentar arraiais – dissimulada sob ‘manobras de diversão’ (há coisas que excedem o entretinimento) e que têm como finalidade condicionar a centralização da discussão (…e promoção indireta) à volta de uma figura que é uma sinistra personagem a quem lhe foi concedido o estatuto de ‘venerável hóspede’, mas não passa de um arauto do neofascismo (lamentavelmente emergente).

Finalmente, é necessário desmascarar as pretensões pedantescas e narcisistas de um ‘animador’, ansioso de representação social que, objetivamente, se ‘exibiu’ como cúmplice de desvarios sensacionalistas, socialmente condenáveis, perigosos e politicamente abjetos.

Juntou-se a fome com a vontade de comer.

Comentários

e-pá! disse…
Apostila:

A reacção ‘oficial’ da TVI link aos graves acontecimentos ocorridos no programa “Você na TV” são um chorrilho de habituais justificações escudadas em preceitos constitucionais de que a liberdade de expressão é, e bem, um deles, mas passam ao lado, por exemplo, de outras legalidades estipuladas, como p. exº., da Lei 64/78 link porque não se encaixam, nem se 'ajeitam' nos direitos e deveres formalmente invocados, mas na prática 'violados'.

Mas a desfaçatez atinge as raias do inacreditável quando o comunicado da TVI integra os neonazis num quadro de mundividência(s) em nome do pluralismo.
Na verdade, uma das mais visíveis mundividências da doutrina nazi e dos seguidores nazistas que com ela conviveram e a apoiaram foi o desencadear uma devastadora e mortífera guerra mundial que causou mais de 15 milhões de mortos.
Seria bom não confundir mundividências com morticínios.

Se tudo está ou foi ‘conforme’ o espírito do comunicado onde se invoca a quadratura do circulo para justificar o sucedido, isto é, o “compromisso editorial desta com o respeito pela dignidade da pessoa humana e com a condenação do racismo e da xenofobia” porque razão foi anunciada a suspensão da rubrica “Diga de sua (in)justiça” link espaço do programa ‘Você na TV’ onde ocorreram os graves incidentes?
e-pá:

Esta apostila deve ser um novo post. É preciso desmascarar a desfaçatez da TVI.
O Gouxa está um militarão !!!
São só uniformes naqueles guarda-vestidos!

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