A censura escusada ao cartunista

Para além do reconhecimento do direito à crítica e da defesa da liberdade de expressão, há no traço iconoclasta de António uma saudável crítica ao sionismo e ao destempero de Trump.

Devemos saber distinguir o antissemitismo, que é um crime, do sionismo, que é outro.



Comentários

Jaime Santos disse…
Discordo, Carlos Esperança. Acho a caricatura anti-semita. Não tanto pelos retratados, mas sim pelos fantasmas que ela evoca. Fossem os satirizados Bush e Blair (enquanto poodle) e nada haveria a obstar. Mas há um líder judeu, por mais detestável que eu considere a figura de Netanyahu, que aparece desenhado como um cão (o pormenor da estrela de David é irrelevante, até porque é azul e não amarela).

Como considerei a caricatura de Serena Williams racista, com o desenho a lembrar os estereótipos dos negros na América Sulista dos anos anteriores ao movimento dos direitos cívicos.

O contexto importa e muito...
Unknown disse…
Até o jornal israelita de maior tiragem e mais lido, o HAARETZ, foi taxativo: "That Netanyahu Cartoon Wasn’t anti-Semitic", e acrescenta que "published a cartoon 38 years ago depicting Israeli leaders as pigs. Nobody got fired": https://www.haaretz.com/opinion/.premium-that-netanyahu-cartoon-wasn-t-anti-semitic-1.7173253?fbclid=IwAR2co7ocbw-0txS0KfsYkGBHalY4iTRguFE9NoZd53sqJD4HzNJqYUGvxg8

Todavia, a Casa Branca e várias associações judaicas norte-americanas que concentram o lobbie sionista, criticaram o cartoon acusando-o de ser antissemita. O “The New York Times” que o publicou foi pressionado e até pediu desculpas publicamente: https://www.nytimes.com/2019/04/28/business/ny-times-anti-semitic-cartoon.html
Jaime Santos disse…
Eu conheço a posição do Haaretz e lamento discordar dela. E a autora deste artigo no Guardian explica as razões para tal melhor do que eu conseguiria: https://www.theguardian.com/commentisfree/2019/may/03/israeli-left-liberal-antisemitism-uk-usa-netanyahu.

Além de tudo, esta caricatura fornece munição à Direita israelita para ela continuar com a política que António queria criticar, apoiada naturalmente por Trump.

Não precisámos de recorrer a estereótipos para criticar as políticas do Estado de Israel. E se a ser assim não há maneira de satirizar o atual estado de coisas, é muito simples, passemos sem a sátira. Há alturas em que o riso ou a ironia são absolutamente despropositados... Fazem tanto sentido como uma viola num enterro...

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