Vital Moreira: Coimbra na Europa


Vital Moreira será o cabeça-de-lista do Partido Socialista às eleições para o Parlamento Europeu.

Este facto encerra, em si, vários significados e é motivo de grande alegria para mim:

1 - o PS não vai pelo caminho da mediocridade; antes escolhe o melhor de entre os melhores para ser Deputado ao Parlamento Europeu. E não apenas para ser Deputado, mas para ser o cabeça-de-lista: para o PS e para José Sócrates a excelência e a elevação do nível da política - reivindicado por tantos - tem um significado profundo e são para ser exercidos e não apenas afirmados!

2 - Coimbra deve abandonar o espírito de auto-flagelação. Já contávamos, nos mais importantes areópagos nacionais, com o Presidente do Tribunal Constitucional (Prof. Doutor Moura Ramos, e já antes - durante tantos anos - com o Prof. Cardoso da Costa), com um Vice-Presidente do PSD (Prof. Doutor Paulo Mota Pinto), com uma Secretária de Estado com enorme influência (Prof.ª Doutora Maria Manuel Leitão Marques), entre outras destacadas figuras - e contamos agora com um ponta de lança não apenas para as Europeias, mas, no fundo, para todo o exigente calendário eleitoral de 2009: o Prof. Doutor Vital Moreira.
Este ano, Moreira será uma das figuras principais do maior Partido português: aquele que aspira a ganhar todas as eleições!
Coimbra tem gente com valor. Coimbra merece ser respeitada a nível nacional e Coimbra deve respeitar-se!

3 - O europeísmo do PS sai reforçado ao escolher um especialista no plano técnico e um pensador apaixonado pelo projecto europeu. Um jurista e um "opinion maker" que sempre deram a cara por mais e melhor Europa, por uma Constituição, por poder Federal, pela fraternidade entre as nações e as regiões, pela paz e prosperidade do Continente europeu.
O Parlamento europeu ficará mais rico! Com um homem que não se limita ao politiquês correcto, mas que abraça causas e luta por ideias!
Mesmo quando não partilho, em parte, os seus pontos de vista, como no caso de Israel, admiro-o pela consistência, conhecimentos e capacidade de persuasão e raciocínio.

Coimbra obteve uma vitória em Espinho!
A Europa ganhará um excelente líder no seu Parlamento!

Comentários

e-pá! disse…
NO INVERNO, EM ESPINHO...

A nomeação de Vital Moreira como cabeça de lista às eleições europeias foi a "surpresa" do último Congresso da PS em Espinho.
Já tive oportunidade de comentar essa "aposta".
Resta-me acrescentar mais uma curta achega.
Há muito tempo que Vital Moreira aparecia e revelava-se, no interior do PS, como o brain trust de Sócrates.
As suas novas funções são, naturalmente, o corolário do seu recente posicionamento político.

Mas o Congresso de Espinho trouxe outras racionalidades.
Uma delas foi a "purificação ideológica" do PS, já que as características históricas não são compatíveis com o monolitismo, tout court.

O Conselho Nacional do PS, não sofreu substanciais alterações, mas algumas subtis "mexidas".
Primeiro, ausência do esfíngico Manuel Alegre, que não aceitou o lugar "oferecido" por Sócrates (ele só estaria lá se o disputasse) e cujo espaço de intervenção entrou em irreversível contracção e, daí, uma gradual perda de influência na manobra política do partido.
Todavia, por exemplo, o processo lento e persistente de abjuração encarnado (em relação a Manuel Alegre) por Santos Silva trouxe dividendos em termos partidários.
O posicionamento de Alberto Martins no CN, por outro lado, mostrou a extinção dos sampaístas...

Depois, a "exclusão" (haverá outra designação?) do Engº. João Cravinho, cujas divergências sobre o combate à corrupção, tornaram-se practurantes, no interior do PS, entre uma concepção progressista e saneamento da vida pública e o imobilismo do establishment, que o levou a um "exílio dourado", no Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), em Londres.
Aliás, as diferentes sensibilidades à esquerda da actual equipa dirigente, i.e., socialistas capazes de questionar alguns dos caminhos na área da governação, como Ferro Rodrigues (que apelou à humildade) e Manuel Maria Carrilho destacado para Embaixador de Portugal junto da Unesco, em Paris, recordam-me a conhecida canção de Manuel Freire:
"Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos..."


Salutar, embora tardio, foi o afastamento de Jorge Coelho da vida partidária.
Uma situação que a par do precedente de Pina Moura eram eticamente intoleráveis.

Outras situações dúbias, ainda prevalecem, como sejam a do esquivo, incurso e volúvel (para o PS) António Vitorino, cujo entrosamento entre a política e negócios está por esclarecer.
Finalmente, como em qualquer naufrágio, há sobreviventes in extremis, como António José Seguro (potencial alternatina ao lado de António Costa) e, por último, Paulo Pedroso regressado de um penoso exílio.

Isolado, ficou Fonseca Ferreira, cuja moção "Mudar o PS. Para mudar Portugal" (bem como a moção de Sócrates) não foi preticamente discutida.
Esteve lá para "enfeitar o ramalhete" do necessário e indispensável pluralismo.

Sócrates, neste momento de crise que o País vive, ao não despertar um vivo debate e, nas precedentes eleições directas para SG do PS, ao "inibir" qualquer figura socialista, com capacidade e coragem para disputar a liderança, forneceu aos portugueses a imagem de uma imensa solidão.
Por isso, o Congresso de Espinho transformou num previsível ritual digno da Antiguidade Clássica, onde não faltaram os "sacrifícios", aparece coadjuvado por Pedro Silva Pereira ( que também "trepou" no ranking da CN PS), um mero oficiante da cerimónia.

E, chegamos, ao regionalismos.
Da exaltação em tons caciquistas das virtualidade políticas dos conimbricenses, como se o berço de natividade dos cidadãos, fosse relevante na política.
A exaltação do provinciano como sinónimo de arraial da minha rua, da minha praceta, do meu bairro, mostra o lado mesquinho, pequeno, saloio, de fazer política.
Pior, alguns, nem tem o seu berço em Coimbra, somente adoptaram Coimbra para trabalhar e viver. O futuro, será - para os portugueses - outro. O da mobilidade - ao encontro das boas oportunidades de trabalho, vivência social e ambiência cultural.
Isto, num Congresso que passou sobre a inadiável questão da Regionalização como uma "gata em telhado de zinco quente"... filme onde se diz uma frase mordaz: "Nós apenas ocupamos a mesma gaiola"...

PS : gaiola entendida como Portugal e não Coimbra, Lisboa, Porto...ou o largo do Rato.
andrepereira disse…
e-pá: você revela-se um típico coimbrinha. Incapaz de se alegrar por ver um "vizinho" a representar - e em - Portugal na Europa. Fique com a sua indisposição, que não entro nestes jogos típicos dos portugueses do "deita-abaixo".
e-pá! disse…
Caro André:

Teci comentários de indole política ( e circunscritos a essa vertente) sobre a nomeação de Vital Moreira para encabeçar a lista do PS às próximas eleições europeias.

Sei que VM será um político competente, doutrinariamente preparado e um parlamentar arguto nas funções que irá desempenhar em Estrasburgo.
É isso que me deixa contente (deve preferir contente a alegre), enquanto acérrimo defensor da democracia representaiva (a qualquer nível).

Não divido o País entre mouros e tripeiros com doutores pelo meio.

Mas se houvesse algo a festejar quanto à "terra" do indigitado, seria lá para os lados da Bairrada, distrito de Aveiro...

Todavia, embora não sendo (ou não me considerando) um "coimbrinha" - nem sequer nasci em Coimbra - vivo e trabalho há largos anos em Coimbra, pelo que tenho uma intensa relação afectiva com muitos conimbricenses (e outros residentes por cá), identifico-me com a cidade enquanto urbe regional demograficamente contida (uma cidade de média dimensão a pequena) e, desde estudante, aprecio o seu modus vivendi.

Mas todos, nas revelações sobre factos ou personalidades políticas, antes de as conhecermos, temos uma opção oculta. Excepcionalmente, vou revelá-la!
O cabeça de lista que gostaria que o PS tivesse escolhido teria sido Ferro Rodrigues.
Ele merecia-o e o PS deve-lhe alguma coisa - quanto mais não seja um contributo sério e válido para a sua reabilitação política.

Veja, então, como um cidadão residente em Coimbra, poderia alegrar-se com um cabeça de lista "alfacinha".

No meu conceito, os políticos são seres ubiquitários...

PS - Nunca gostei dos jogos do "deita-abaixo"...
Quando discordo, digo e tento justificar porquê.
Quando concordo, fico "alegre"...
mas não saio à rua para buzinar!
Feitios!
andrepereira disse…
Muitas vozes em Coimbra apresentam sempre uma visão do apocalipse, dizendo que esta cidade já nada conta no panorama nacional. Limitei-me a escrever alguns nomes óbvios que nos permitem melhorar a auto-estima enquanto cidade. O país faz-se de cidades e de regiões. Não é provincianismo, nem saloio querer que a sua cidade ou região tenha gente capaz, ofereça algo de positivo ao seu país.
e-pá! disse…
Caro André:

Comecei a convencer-me de que Coimbra tinha irremediavelmente perdido importância, quando os boletins metereológicos deixaram de a referir quando debitavam as previsões: temperaturas,nebulosidade, chuva, sol, tempestades, vento, etc.
Este indicador parece despiciendo mas impressionou-me de

Quando cheguei (sem mala de cartão!) a esta cidade para continuar os meus estudos na Faculdade, Coimbra, era, incontestavelmente a 3ª. cidade do País, em importância demográfica, cultural, na sapiência.
O 25 de Abril, relegou-a para um lugar no ranking das cidades que nem consigo determinar.
Não me sinto orgulhoso dessa despromoção, mas tal facto não afectou os bons momentos que por aqui passei, com extraordinárias pessoas que conheci, a maioria das quais nunca atingiram os louros da fama.

Aliás, estou convencido que o crescimento de Coimbra, quando a sua densidade demográfica ultrapassar determinado limiar, vai tornar-se insuportável (transito, demoras incompreensíveis, insegurança, falta de estruturas sociais, etc.).
Por isso, estou, paulatinamente, a mudar-me para a fronteira entre Condeixa e Penela...para não me afastar demasiado e garantir o meu descanço.

Uma vez contaram-me uma versão sobre a estagnação de Coimbra. Quem olhar para o mapa de Portugal, nota que a linha férrea internacional (a que chamavamos Sud Express) entrando por Vilar Formoso devia enta Lisboa entroncar-se na linha Lisboa-Porto, em Coimbra. Tal não acontece. A linha que chega da fronteira divide-se em dois braços: o da Pampilhos e o do Entroncamento. Porquê?
Porque uma delegação mista ( municipal e da vetusta Universidade) foi solicitar isso mesmo à capital do Império.
A razão?
A entrada directa da linha férrea interncional em Coimbra atrairia os meliantes e os revolucinários republicanos, anarquistas e bolcheviques...

Começou aqui aquilo que chama de "visão do apocalipse".
Mas vivo melhor aqui do que, com certeza, viveria na Quinta da Marinha, onde a densidade de "colunáveis" por metro quadrado, deve tornar o ambiente insuportável.

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