Notas soltas: Novembro/2006

Madeira – Na peugada de Jaime Ramos, Gabriel Drumond, deputado do PSD/M, exigiu na Assembleia Regional, em 2005, um referendo «para que a Madeira se liberte do poder colonial». Este ano, o arruaceiro de serviço é Coito Pita.

Edmundo Pedro – Um dos últimos sobreviventes do Tarrafal completou 88 anos. Foi preso aos 15 e deportado dos 17 aos 27 anos. Resistiu ao sono, aos espancamentos e à tortura, sem vacilar nem trair. Exemplo raro de coragem e de civismo.

Irão – Um país pária, ao serviço da fé, controlado pelo clero, é perigoso para o mundo e para o seu povo. A demência e os crimes do Ayatollah Khomeini repetem-se, agora sob o espectro da ameaça nuclear.

PSD – O apoio de Marques Mendes a Alberto João Jardim, na batalha das Finanças Regionais, evita-lhe os insultos do inimputável líder insular, mas desacredita-o perante o País.

CDS – O partido rejeita Ribeiro e Castro, o líder que preserva a herança de quem deu, aos marcelistas, a oportunidade da conversão à democracia; procura outro, que faça o caminho inverso.

Saddam Hussein – A condenação, à morte, foi uma farsa que colocou os juízes ao nível do réu: pela previsibilidade da sentença, crueldade da pena e falta de isenção do tribunal. Não julgaram um facínora, atribuíram-lhe a pena que os ocupantes quiseram.

EUA – A derrota eleitoral de Bush foi arrasadora. A perda do controlo da Câmara dos Representantes, do Senado e de vários Estados, pelos Republicanos, foi um severo revés para quem o mundo considera um perigo, só comparável a Bin Laden.

Donald Rumsfeld – A demissão não tornou mais seguro o planeta nem alterou a natureza da actual Administração americana, mas afastou o principal rosto dos neo-conservadores. Antes, Bush falava directamente com Deus; agora, é obrigado a ouvir primeiro o Congresso.

Iraque – O banho de sangue continua. Os EUA e os seus cúmplices só fizeram asneiras e criaram problemas, sem encontrarem soluções nem saberem como sair.

Nicarágua – O líder sandinista, Daniel Ortega, deve a vitória eleitoral às divisões da direita e ao mérito de Bush que, na América latina, ajudou a criar condições para sucessivas vitórias da esquerda, nem todas auspiciosas.

Greves – São legais e justas. Muitos funcionários vêem restringidos os direitos e goradas as expectativas. Resta saber se o Estado está em condições de ceder, sem pôr em risco o equilíbrio orçamental e o futuro do País.

Referendo – Após as declarações do patriarca Policarpo, esperava-se uma atitude civilizada do clero e respeito pelas funções do Parlamento, mas a Conferência Episcopal não resistiu à incontinência verbal e ao desejo de ver as mulheres na cadeia.

Santana Lopes – O «menino guerreiro» lançou o livro «Percepções e Realidade» e revelou a insensatez com que Durão Barroso lhe endossou o PSD, o Governo e o País, para fugir das funções para as quais nenhum deles estava apto.

Durão Barroso – A preparação da fuga para Bruxelas já estava em curso na noite em que perdeu as eleições europeias, enquanto fingia apoiar António Vitorino, revelando o carácter de um homem dissimulado, sem ética, nem sentido de Estado.

Cavaco Silva – A consonância com o primeiro-ministro é uma evidência que a entrevista à SIC confirmou. No imediato, é um benefício para a difícil situação do País; a prazo, é um problema para o PS e a garantia de tumultos no PSD.

França – Ségolène Royal, candidata socialista às eleições presidenciais, é culta, inteligente e determinada. Traz uma lufada de ar fresco à política gaulesa e merece conquistar o palácio do Eliseu.

Opus Dei – A poderosa e controversa instituição está de parabéns ao conseguir atrair para a sua órbita, através de um doutoramento, o general Ramalho Eanes, antigo PR, com um passado mais estimável que o do fundador da prelatura.

Carmona Rodrigues – É um autarca pior e mais perigoso que o seu antecessor e antigo protector, capaz de aprovar loteamentos em zona que pode servir o TGV ou uma nova ponte. Desde 1755 que a cidade de Lisboa não era tão sacrificada.

OTA – O aumento do tráfego aéreo tornou inevitável e urgente a sua construção. Vê-se agora que o adiamento foi prejudicial para o País e que a direita lesou o interesse nacional ao serviço da guerrilha partidária.

Turquia – As manifestações contra o Papa são legítimas. O ódio e a violência, não. O fanatismo revela o que de pior tem a fé – a incapacidade de lidar com a diferença e de aceitar o pluralismo.

aesperanca@mail.telepac.pt

Comentários

Anónimo disse…
"Iraque – O banho de sangue continua. Os EUA e os seus cúmplices só fizeram asneiras e criaram problemas, sem encontrarem soluções nem saberem como sair."

Significativa, é o teor da "discussão" que ocorre e se alarga, nestes dias, pelos EUA.
A comunicação social interroga-se, sob as barbas de Bush, se a situação no Iraque é (ou não), um quadro de GUERRA CIVIL.
Grande parte da imprensa decidiu, em respeito pelo rigor informativo, passar a tratar a situação no Iraque como aquilo que efectivamente é: uma guerra civil.
Outros, como a CNN, deixam a caracterização da situação ao critério dos repórteres.

Isto é, o desabar do auto-proclamado - eixo do Bem e, consequentemente, a tragédia anunciada (pelos opositores da invasão) de um País.
Anónimo disse…
Acho que se julga duma forma "tout-court" a situação do Iraque e países vizinhos. Esquecendo que se trata de países construidos faz cerca de 100 anos, à régua e esquadro, pelo antigo império britânico.

Que juntou o impensável: curdos com árabes, árabes com persas, muçulmanos chiitas com sunitas. Sendo que muitos destes grupos têm uma história de inimizade mortal milenar.

Sá a existência de governos "fortes" e autocráticos, funcionando em regimes de "imperium" no Iraque, na Síria e na Jordânia permitiu a manutenção das fronteiras e a "convivência" interna.

Ora esta realidade foi esquecida pelos ocidentais, o que não abona muito em seu favor em termos culturais, mas cuja responsabilidade acaba aqui.

Quem aceita e convive com formas violentas e brutais de vida quotidiana são os povos acima referidos. E não há nada a fazer se se quiserem continuar a matar barbaramente como até aqui.

No fim da depuração, quando pouco mais houver para matar ou morrer o problema acaba, naturalmente...
Anónimo disse…
Anónimo Sex Dez 01, 10:20:25 AM

"No fim da depuração, quando pouco mais houver para matar ou morrer o problema acaba, naturalmente..."

Neste pressuposto deixamos de falar em guerra civil.
Chegamos ao EXTREMÍNIO.
O que, parecendo uma desumanidade cruel, não é um cenário totalmente descabido para o que se está a passar naquela zona do globo.
Anónimo disse…
"Durão Barroso – A preparação da fuga para Bruxelas já estava em curso na noite em que perdeu as eleições europeias, enquanto fingia apoiar António Vitorino, revelando o carácter de um homem dissimulado, sem ética, nem sentido de Estado."

Entretanto, ganhou um prémio como ... o estadista europeu do ano.
Quem diria isso de "um cherne no meio dos tubarões"!

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