Saddam Hussein
A condenação à morte de Saddam Hussein é uma sentença cheia de paradoxos. Ninguém duvida dos crimes do genocida e da frieza com que assassinou adversários, mas poucos levam a sério o tribunal de um país em guerra e a sentença dos ocupantes.
A pena de morte é um acto indigno e um castigo medieval que revolta os europeus. A forca e a exibição pública são a humilhação gratuita que exacerba a revolta dos sunitas e o ódio de quem se sente espezinhado pelo Ocidente.
Saddam é um dos muitos biltres que merecem a execração dos países civilizados, mas foi removido por dirigentes políticos que não gozam de muito maior simpatia, que mentiram, desrespeitaram o direito internacional e desprezaram a ONU.
Em vez do Tribunal Penal Internacional inventaram um tribunal autóctone para fingir que os iraquianos gozam de autonomia e podem decidir o seu destino, quando só lhes resta a raiva e o desespero como futuro e os atentados e a morte como forma de resistência.
Saddam é um ditador a menos, mas os «justiceiros» reforçaram os tiranos do Irão e da Coreia do Norte, destruíram o Iraque, delapidaram o seu próprio prestígio e prejudicaram a contenção do terrorismo.
Preso, Saddam é um risco circunscrito; morto, é um cadáver de efeitos imprevisíveis.
Comentários
A foto do post é uma das fotos exibidas aos meios mediáticos, pelo exército americano, logo após a sua captura.
A foto de um homem acossado, medroso, acabado de ser aprisionado.
Uma foto para "consumo interno".
Lembram-se ainda do vídeo exibindo o exame da dentição?
Saddam é um criminoso. Responsável por horrendos crimes contra a Humanidade.
Deve responder pelos seus crimes, num tribunal justo, com todos os direitos e deveres. Julgo que não disfrutou, em plenitude, dessas condições.
Apesar de tudo, como perdedor, merece, da parte dos "vencedores", um tratamento digno.
Não deve (devia) ser "achincalhado".
Nem iconograficamente...
Pelo que, neste particular momento, não acho feliz a foto escolhida.
E quem será julgado pela invasão ilegítima do Iraque, pelos novos genocídios que nele estão a ser cometidos (mais de meio milhão de mortos), pela destruição de um país património da Humanidade e pela violação sistemática dos Direitos Humanos do povo iraquiano?
Portugal, pioneiro na abolição da pena de morte, não pode felicitar este tribunal pela pena que aplicou.
Abaixo a Pena de Morte!
Obtive efeitos contrários aos que pretendi com a publicação de uma foto com que os EUA pretenderam vexar o vencido.
Dou a mão à palmatória.