Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
CE:
A ida de Bento XVI à Turquia, no seguimento da polémica suscitada à volta da "lição" proferida em Ratisbona (Alemanha)foi, e é ainda, alvo de muita controvérsia.
Depois do incidente, Ratzinger apressou-se a clarificar o seu pensamento e a "desculpar-se" das afirmações então efectuadas.
Reuniu-se com os embaixadores dos países muçulmanos representados no Vaticano, reiterando seu profundo respeito pelo Islão.
Por outro lado a estrutura diplomática do Vaticano multiplicou-se em inciativas para desdramatizar o incidente. E, finalmente, considerou-o, ultrapassado.
Esta visão unilateral dos factos é, diplomaticamente, muito confortável mas não toma em linha de conta que numerosos grupos islâmicos e dirigentes muçulmanos, nunca aceitaram as explicações do Vaticano.
Nessa altura, estes dirigentes manifestaram-se no sentido de Bento XVI cancelar a viagem à Turquia.
Não foram ouvidos.
Depois há outro incidente.
O Papa reafirma a sua vontade de manter a viagem à Truquia visitando Ancara e ...(pasme-se!) - Constantinopla.
Ratzinger a "sonhar" com o Império Romano do Oriente. Desde 1930, depois da implantação da República da Turquia (1923), sob a direcção de Ataturk, que se extingiu o sultanato. A "tal cidade" perdeu o estatuto de capital em favor de Ankara, ganhando o nome oficial de Istambul.
A diplomacia do Vaticano sabe disto.
Bem,há ainda mais.
A Turquia bate-se neste momento pela sua integração na CE. Tem sido um processo difícil e complexo para os políticos turcos. Ratzinger, na altura do conclave é acolhido na Turquia com muita preocupação, não nos meios regigiosos mas, essencialmente, nos circulos políticos (laicos). Ratzinger, ainda cardeal, tinha-se manifestado contra a entrada da Turquia na CE.
Finalmente, na Turquia, aproxima-se um período eleitoral. Nenhum político deseja esta visita que, neste campo, e n esta altura, só pode ser problemática.
Pelo que, para além das importantíssimas motivações religiosas, nomeadamente, em relação à Igreja Ortodoxa, considero esta visita é um flagrante "erro" diplomático do Vaticano.
Só faltou ser declarado "persona non grata".
CE: Não há de facto uma "indlicadeza diplomática", há um incidente diplomático em gestação. Entre a concepção "universalista" da ICR e a soberania dos povos.
Se o estado é laico, porque haveria do PM Turco se encontrar com o Papa
O comentário refere-se, no essencial, às relações entre o Estado do Vaticano e a República Turca e sublinha as envolvências diplomáticas desta visita.
Claro que, como todos sabemos, ambos os Estados têm uma larga influência religiosa. Larga ou total - à escolha.
A problemática religiosa que motiva a ida de Bento XVI à Turquia será (deve ser) outro assunto.
Para mim, é , essencialmente, um apoio ao Patriarca Ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I.
Não me enganei: Patriarca Ortodoxo de Constantinopla e, não, Patriarca Ortodoxo de Istambul.
A visita ocorrerá durante as festividades de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja Ortodoxa.
Bento XVI vai ao encontro de Bartolomeu I para, como afirmou este, "dar voz às minorias religiosas, num país onde os muçulmanos são maioria"...
Assim seja!