Visita de Bento XVI à Turquia

Papa Bento XVI não se encontrará com o primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, na visita que efectuará à Turquia, entre os dias 28 de Novembro e 01 de Dezembro. O chefe do Executivo turco decidiu marcar presença na Cimeira da NATO, que decorrerá nessa altura em Riga, na Letónia.

O que está em causa não é a indelicadeza diplomática, é a intolerância religiosa.

Comentários

Anónimo disse…
"O que está em causa não é a indelicadeza diplomática, é a intolerância religiosa"

CE:
A ida de Bento XVI à Turquia, no seguimento da polémica suscitada à volta da "lição" proferida em Ratisbona (Alemanha)foi, e é ainda, alvo de muita controvérsia.
Depois do incidente, Ratzinger apressou-se a clarificar o seu pensamento e a "desculpar-se" das afirmações então efectuadas.
Reuniu-se com os embaixadores dos países muçulmanos representados no Vaticano, reiterando seu profundo respeito pelo Islão.
Por outro lado a estrutura diplomática do Vaticano multiplicou-se em inciativas para desdramatizar o incidente. E, finalmente, considerou-o, ultrapassado.
Esta visão unilateral dos factos é, diplomaticamente, muito confortável mas não toma em linha de conta que numerosos grupos islâmicos e dirigentes muçulmanos, nunca aceitaram as explicações do Vaticano.
Nessa altura, estes dirigentes manifestaram-se no sentido de Bento XVI cancelar a viagem à Turquia.
Não foram ouvidos.
Depois há outro incidente.
O Papa reafirma a sua vontade de manter a viagem à Truquia visitando Ancara e ...(pasme-se!) - Constantinopla.
Ratzinger a "sonhar" com o Império Romano do Oriente. Desde 1930, depois da implantação da República da Turquia (1923), sob a direcção de Ataturk, que se extingiu o sultanato. A "tal cidade" perdeu o estatuto de capital em favor de Ankara, ganhando o nome oficial de Istambul.
A diplomacia do Vaticano sabe disto.

Bem,há ainda mais.
A Turquia bate-se neste momento pela sua integração na CE. Tem sido um processo difícil e complexo para os políticos turcos. Ratzinger, na altura do conclave é acolhido na Turquia com muita preocupação, não nos meios regigiosos mas, essencialmente, nos circulos políticos (laicos). Ratzinger, ainda cardeal, tinha-se manifestado contra a entrada da Turquia na CE.
Finalmente, na Turquia, aproxima-se um período eleitoral. Nenhum político deseja esta visita que, neste campo, e n esta altura, só pode ser problemática.

Pelo que, para além das importantíssimas motivações religiosas, nomeadamente, em relação à Igreja Ortodoxa, considero esta visita é um flagrante "erro" diplomático do Vaticano.
Só faltou ser declarado "persona non grata".

CE: Não há de facto uma "indlicadeza diplomática", há um incidente diplomático em gestação. Entre a concepção "universalista" da ICR e a soberania dos povos.
Braveman disse…
mas isto não é um argumento a seu favor?!

Se o estado é laico, porque haveria do PM Turco se encontrar com o Papa
Anónimo disse…
Braveman:

O comentário refere-se, no essencial, às relações entre o Estado do Vaticano e a República Turca e sublinha as envolvências diplomáticas desta visita.
Claro que, como todos sabemos, ambos os Estados têm uma larga influência religiosa. Larga ou total - à escolha.

A problemática religiosa que motiva a ida de Bento XVI à Turquia será (deve ser) outro assunto.
Para mim, é , essencialmente, um apoio ao Patriarca Ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I.
Não me enganei: Patriarca Ortodoxo de Constantinopla e, não, Patriarca Ortodoxo de Istambul.

A visita ocorrerá durante as festividades de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja Ortodoxa.
Bento XVI vai ao encontro de Bartolomeu I para, como afirmou este, "dar voz às minorias religiosas, num país onde os muçulmanos são maioria"...

Assim seja!
Anónimo disse…
Proselitismo?

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