Ramalho Eanes – Doutor pela graça de Santo Escrivá
A beatificação académica do general Ramalho Eanes tem hoje lugar com a apresentação da tese «Sociedade Civil e Poder Político em Portugal». Torna-se Doutor pela graça de Santo Escrivá e para maior glória do Opus Dei.
António Ramalho Eanes, cumpriu honestamente as funções para que as vicissitudes da História o empurraram e seria injusto não lhe reconhecer o mérito na estabilização da democracia portuguesa e no regresso dos militares aos quartéis, depois de cumprida a mais gloriosa das missões – a instauração da democracia.
A ingratidão para com alguns dos seus camaradas, que o guindaram ao generalato, em especial Vasco Lourenço, sob cujas ordens executou as operações do 25 de Novembro, não diminuem o muito que Portugal lhe deve.
O doutoramento «de favor» que hoje tem lugar, a cerca de dois meses de perfazer 72 anos, não acrescenta mérito ao velho general e antigo Presidente da República, apenas aumenta o poder e projecção do «Opus Dei» uma prelatura pessoal de João Paulo II que Bento XVI manteve.
As velhas ligações da D. Manuela Neto Portugal, sua mulher, à seita ultra-conservadora, não foram certamente alheias ao processo de aliciamento pela poderosa organização que foi um sustentáculo do franquismo e instrumento de apoio às ditaduras sul-americanas.
Ramalho Eanes tem pouco a perder, mas os sequazes de Santo Escrivá, cujo passado o não recomendava para a santidade que tão célere lhe foi concedida, ganham muito com as figuras de relevo que atraem e que podem fazer esquecer os escândalos financeiros de que estão sempre mais próximos do que da graça divina.
António Ramalho Eanes, cumpriu honestamente as funções para que as vicissitudes da História o empurraram e seria injusto não lhe reconhecer o mérito na estabilização da democracia portuguesa e no regresso dos militares aos quartéis, depois de cumprida a mais gloriosa das missões – a instauração da democracia.
A ingratidão para com alguns dos seus camaradas, que o guindaram ao generalato, em especial Vasco Lourenço, sob cujas ordens executou as operações do 25 de Novembro, não diminuem o muito que Portugal lhe deve.
O doutoramento «de favor» que hoje tem lugar, a cerca de dois meses de perfazer 72 anos, não acrescenta mérito ao velho general e antigo Presidente da República, apenas aumenta o poder e projecção do «Opus Dei» uma prelatura pessoal de João Paulo II que Bento XVI manteve.
As velhas ligações da D. Manuela Neto Portugal, sua mulher, à seita ultra-conservadora, não foram certamente alheias ao processo de aliciamento pela poderosa organização que foi um sustentáculo do franquismo e instrumento de apoio às ditaduras sul-americanas.
Ramalho Eanes tem pouco a perder, mas os sequazes de Santo Escrivá, cujo passado o não recomendava para a santidade que tão célere lhe foi concedida, ganham muito com as figuras de relevo que atraem e que podem fazer esquecer os escândalos financeiros de que estão sempre mais próximos do que da graça divina.
Comentários
"O Breviário do PREC".
Poderá o Carlos Esperança objectivar algum daqueles factos?
"... cujo passado o não recomendava para a santidade que tão célere lhe foi concedida..."
RE: Refiro-me ao apoio ao Franco e aos ministros que lhe fornecia.
Às falências fraudulentas do Banco Ambrosiano, Matesa e Rumasa.
Ao apoio do Opus Dei aos ditadores da América latina.
Não sei se esses factos ajudaram à santidade.
No entanto, a freira que curou de um cancro nem a mdre superiora sabia que estava doente.
A sua cátedra é de quê? É versado no tema que Ramalho Eanes vai apresentar? Ou será só objecções político-religiosas?
Mais uma vez Carlos Esperança faz, unicamente, inferências e mais nada! Está um autêntico guardião dos costumes… da laicidade e secularismo.
nem dos desonestos,
nem dos sem caráter, nem dos sem ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons!"
Martin Luther King
Quem sabe o País acorde…
Este governo usa a ditadura como bandeira... onde estão os homens da verdadeira esquerda???? Por favor e a bem do País.. ACORDEM!
o general vai ter direito a estatua num altar?
Na ausência de outros reconhecimentos a Obra "ofereceu-se" para o fazer. Lá terá as suas razões.
O "doutor-general" dificilmente (ou nunca) conciliará a dignidade com o mérito.
É um doutoramento "ad hoc". Sem "honoris" e sem "causa".
Deste acto sairá um "professor de aviário".
Todavia, a Obra assim o quis. Insondáveis desígnios ...
Só que a História não se compadece com simulacros.
«(...)graduação universitária, completamente ao arrepio de qualquer carreira académica(...)» por que é que diz isto? É Preciso ter uma carreira académica, não se pode estudar como outros gostam caçar, pescar, escrever, etc.?
A sua má vontade e virulência resulta de não gostar da personagem em si, como também, e mais importante, de a universidade em causa pertencer à Opus Dei.
O que o diferencia do Carlos Esperança é que você não escolhendo o caminho das inferências, é mais esperto, aproveita para acertar contas com alguma insuficiência académica própria…
"aproveita para acertar contas com alguma insuficiência académica própria…"
Never mind!
Quem está a fazer isso é, exactamente, o general.
Para ter credibilidade necessita de ser laureado por Navarra.
Todos sabemos que a história de um País ou de um Povo é demasiado séria para ser tratada na caserna.
Por isso, transporta-se o acervo histórico e a sua análise para "salas dos grandes actos".
Despe-se a farda e engalana-se com a borla e o capelo.
Travestismo histórico. A descredibilização confessional.
A Opus Dei sabe fazer isso.
Não me pergunte onde e quando aprendeu.
Todavia, a idoneidade intelectual não se empresta nem se dá. Conquista-se!
Fora dos Templos - dos religiosos, do conhecimento ou da sabedoria...
«Todos sabemos que a história de um País ou de um Povo é demasiado séria para ser tratada na caserna.»
Em última análise e se os militares de Abril soubessem disto não teria havido uma revolução em Portugal.
Colocar em causa a credibilidade académica de uma universidade só por que a mesma afina pelo diapasão da opus dei não abona muito em relação ao seu conceito de democracia.
«Todavia, a idoneidade intelectual não se empresta nem se dá. Conquista-se!
Fora dos Templos - dos religiosos, do conhecimento ou da sabedoria...»
Já estou a ver que você é adepto do “homem faz-se a si próprio”. Não colocando em causa o “self-made men” de que você é acérrimo partidário, sempre lhe digo, que a idoneidade intelectual também se conquista na vivência de uma diversidade politica, religiosa e na escola.
O acertar contas com os outros tentando reduzir o valor que possam acrescentar à sociedade portuguesa é sinónimo de totalitarismo nas ideias que professa. Demonstrando assim que o alicerçar dos conceitos que regem a sua vida estão a necessitar de uma mudança, ou pelo menos, de outras leituras…
Confundir idoneidade (principalmente a intelectual) com "self made men", também, em minha opinião, justifica outras leituras.
Não confundir idoneidade com "safar-se", auferir de "sucesso", ser objecto de "privilégios", etc.
Temos, assim, um novo doutor em Letras e Filosofia. O resto deixo à sua consideração.
E quanto à História tratada nas casernas, penso e continuarei a pensar, que o verdadeiro protagonista da dita História é, nem mais nem menos, o Povo. Foi sempre assim no trajecto da Humanidade.
Os militares que fizeram o 25 de Abril sabiam isso.
Portanto, não vale a pena distorcer, re-escrever ou invectivar a História (ou os que "por feitos valorosos" entraram na História).
Parabéns Ramalho Eanes!