Venezuela - A liberdade em risco
Os violentos protestos de estudantes resultaram em vários feridos
Com a polémica suscitada pelo encerramento da televisão privada RCTV – por ordem do presidente Hugo Chávez – ainda ao rubro, o governo de Caracas acusou uma outra estação televisiva, a Globovision, de ter incitado a assassinar o líder populista. Na sequência dos violentos protestos contra o fecho da RCTV, foram detidos três luso-descendentes.
Comentário: Sabe-se quando começa a censura. Nunca acaba bem.
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Depois, sem adversários, sem debate, sem contraditório, é o "sossego", i.e., a "paz podre" das ditaduras...
Nasce e impõe-se a "verdade oficial".
Ah! como nós conhecemos este percurso...
O exagero revela-se um óbvio disparate, especialmente quando se verifica que a música pertence ao genérico do programa que então passava na Globovisión e que as imagens faziam parte dos arquivos da condenada RCTV.
Mas se o ministro errou relativamente à Globovisión, acertou em cheio nas acusações de manipulação à CNN que numa reportagem sobre a situação na Venezuela e do fim da concessão da RCTV, passou imagens de uma manifestação ocorrida 2 meses antes no México no decorrer de um assassinato de um jornalista. Até imagens do cadáver no caixão a ser transportado na demonstração popular foram transmitidas na reportagem em cujo rodapé se lia "Caracas".
Isto é manipulação grosseira e a não é a primeira vez que é feita por grandes cadeias de informação como a CNN, a FOX ou até mesmo a REUTERS. Lembro-me que logo a seguir ao 11 de Setembro de 2001 a CNN (ou a FOX?) emitiu imagens de palestinos a festejaram efusivamente nas ruas. Ora a verdade foi descoberta mais tarde mas não enfaticamente desmentida: as manifestações palestinianas tinham ocorrido muito tempo antes numa ocasião muito diferente nada relacionada com os ataques em NY.
Em relação à REUTERS, abundam as as fotomontagens e as encenações, especialmente da guerra de Israel-Líbano.
O Chavez deve estar mortinho por encontrar um pretexto para pressionar a Globovisión mas é totalmente falso que a oposição não tenha plena liberdade de expressão na Venezuela, nem é isso que está de facto em causa. Já por diversas vezes se denunciaram mentiras descaradas (posso arranjar os vídeos, estão pela net) fabricadas nas TVs venezuelanas e até concertação de jornais na propagação de notícias falsas, agindo com lógica de cartel. Para mais, o azedume e a raiva anti-chavista são tónica comum nos meios de comunicação venezuelanos.
Nós, ingénuos europeus, vemos e não acreditamos como é possível o descaramento, o comportamento sectário e nada isento dos meios de comunicação da América Latina que recorrem até -- frequentemente-- ao insulto aberto com uma falta de escrúpulos totalmente dissonante com a ética jornalística.
Foi assim na última campanha no Brasil, lembram-se dos ataques completamente irracionais e raivosos ao Lula?
(Convido o Carlos Esperança a imaginar os orgãos de comunicação nas mãos dos caros anónimos que aqui aparecem a insultar e a difamar.)
A Venezuela bem pode vir-se a tornar numa ditadura (espero que não!) mas neste caso dificilmente consigo defender as televisões com uma linha editorial mafiosa que me repugnam. Ironicamente, elas merecem o Chavez que têm.
Apesar das denúncias que tenho feito de Chavez e do seu populismo, subscrevo praticamente na íntegra a valiosa achega que trouxe ao debate, o que não invalida as preocupações que o regime (e também a oposição) me inspira.
Não me esqueço da ave coberta de petróleo, que percorreu o mundo, atribuída ao incêndio de poços de petróleo, por Saddam, na primeira guerra conduzida por Bush pai. Foi um grande jornalista português que descobriu a vergonhosa manipulação – Oscar Mascarenhas –, talvez por essa, e por outras razões, afastado do convívio com os leitores.
A ave era verdadeira mas era de outra parte do Globo e de outra tragédia ecológica.