Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
A fractura que se divisa, a olho nu, no seio do PSF é um bom motivo para nos debruçarmos sobre a crise europeia do socialismo e, sentir a imperiosa necessidade de promover um alargado e aberto debate ideológico, equacionar novas bases programáticas de defesa da cidadania, novos programas de governo à margem do liberalismo reinante, alternativas de desenvolvimento equilibrado (atenuando as assimetrias regionais), promover a evolução tecnológica centrada no bem estar humano, incentivar a redistribuição da riqueza, estratégias sociais de combate à exclusão e à pobreza, conceitos para uma nova era ecológica, etc.
Um rol de questões que devem ser abordados com muita imaginação, sem os habituais dogmatismos, que ao longo de anos vêm inquinando a Esquerda.
Excluir da vida pública um dos cancros do socialismo actual: a atracção pelo pragmatismo, que não sendo política, é um conjunto insípido instrumentos de sobrevivência política, oco, vazio, adaptável a todas as situações – de Direita, do Centro da Esquerda – tanto faz.
A urgência deste debate é tanto mais pertinente quanto será óbvio que a actual crise financeira trará obrigatoriamente mudanças de paradigmas políticos, económicos e financeiros.