Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
O dramático é que esse ambiente claustrofóbico das liberdades leva à tomada de atitudes censórias e ocultação de factos políticos e a uma coisa que é pior: a perda concomitante do sentido de auto-crítica e do humor.
Depois bate-se na comunicação social, acima de tudo, porque desejavamos controlar os critérios jornalísticos, esconder as vergonhas.
As atitudes censórias no Parlamento Regional são frequentes, levando o poder dinossaúrico que se instalou na Madeira, através de uma permanente manipulação populista dos madeirenses, a tentar ocultar os seus erros.
Desta vez pretendeu-se esconder a reacção do PSD-M, que manipula o Parlammento Regional (P Reg), desencadeou contra a (infeliz) rábula do deputado Coelho do PND.
Mas existem outros paradigmáticos exemplos
Nos finais de 2007 o GR pretendeu esconder dos cidadãos as bolsas de pobreza que existem no arquipélago e declarou no P Reg.:
“Só temos 4% (dos madeirenses) a viver com rendimentos inferiores ao limiar da pobreza...”., i.e., com < de 360 € / pessoa / mês (com rigor, nessa altura 365,5 € / pessoa / mês).
Duma assentada pretendeu esconder:
- 36.017 reformados por velhice, cujo valor médio mensal da reforma são os 284 €;
- 7.593 reformados por invalidez, cuja pensão é de apenas 265 €;
- > 17.000 pensionistas com pensões de sobrevivência cujos rendimentos são de miséria, obrigados à sobrevivência com cerca de 141 €...
Os tais 4% da população com rendimentos abaixo dos 365 €, referenciando a Segurança Social Regional 61 mil pessoas com rendimentos inferiores a 365,5 € / pessoa / mês, ou seja, o equivalente a cerca de 24,9% da população...
Alguns destes ordenados nem são propriamente inferiores a 365 €, são pura e simplesmente miseráveis.
O GR quer impedir que assuntos como este sejam publicamente discutidos.
O caminho mais fácil que encontrou foi retirar no P Reg a voz à Oposição, através de alterações ao regimento da Assembleia Regional que silenciam a palavra aos opositores...
Estes procedimentos habituais que adquiriram visibilidade com a rábula política do Dep do PND, desrespeitam o Estatuto Político-Administrativo da RAM e do Parlamento Regional .
Facto que deveria merecer, da parte do Prof. Cavaco Silva, uma atitude firme de recusa e repúdio por estas atitutes do PSD-M - no quadro da garantia do regular funcionamento das instituições democráticas.
Mas o PR, receia, passar a ser o próximo alvo de AJJ.
Assim, resta-lhe comprar um cão!
E como PR se mantem quedo e mudo(discreto e prudente, diz ele) os jornalistas vão levando umas arrochadas e são contemplados com insidiosas ameaças (veladas)...
Quem tem vergonha da pobreza e da exclusão social - querendo escondê-la - não tem estrutura ética para governar.
Só conseguem governar-se para se perpetuarem no poder, nem que seja à custa de violências e inconstitucionalidades...e, neste caso, com o beneplácito do PR, outro facto que se pretende esconder ou desvalorizar.
Não me recordo onde li que "os loucos e os tolos só se reconhecem através do humor" (cito de cor).
Do PSD da M e do PSD do C, porque não se vê por cá ninguém a destacar-se do que lá é dito e feito. Ouvem-se ums tons dissonantes, em voz baixa. Muito baixa. E Cavaco é um frouxo por detrás daquela esfinge de ferro.