A VERBORREIA DE D. CATALINA...

Por

E - Pá


Catalina Pestana prestou imensas horas de depoimentos no processo da Casa Pia.
Grande parte desses depoimentos são indirectos.
Isto é, resultam de conservas havidas com terceiros. O valor destes, é relativo se, posteriormente, não forem confirmados pelos citados.

A sua participação neste processo, foi em grande parte na qualidade de assistente do processo.
Logo, é parte interessada no mesmo. O que lhe confere menor peso em relação aos depoimentos prestados por testemunhas.

De qualquer maneira, o processo Casa Pia conta com demasiadas vítimas de pedofilia entre os alunos desta Instituição, para não chocar o País. Mas, em Portugal, não temos, por hábito, constituir em processos Procuradores Especiais.
Estatuto, aparentemente, almejado por Catalina Pestana.
Em Portugal, a Justiça, bem ou mal (muitas vezes mal), segue o seu curso, não sendo admissíveis excepções, nem pressões.
E, neste longo trânsito deste processo, já houve demasiadas!

O que podemos lamentar é toda a condução deste processo que, desde os primeiros momentos, foi intensamente politizada. Quer por políticos, quer pelos diversos tipos de investigadores intervenientes no longo processo, a começar no rocambolesco juiz de instrução…

De lamentar, também, a demora em haver um desfecho (uma sentença)., por sucessivas dilações dos múltiplos intervenientes, com especial responsabilidade pelos variados causídicos encarregues da defesa dos arguidos.
Quando chegar o dia do veredicto vai parecer que este se refere a algo que se viveu nas calendas gregas...

Entretanto, o caminho percorrido ficou pejado de cadáveres: crianças, educadores, políticos e responsáveis pela Instituição, como foi Catalina Pestana - mesmo antes da denúncia pública dos inqualificáveis factos…

Catalina Pestana prestou os depoimentos que achou necessários para o esclarecimento da verdade. Colaborou com o Tribunal.
Ela, própria, não deve esquecer que teve responsabilidades na direcção de alguns colégios da Casa Pia, antes de rebentar o escândalo.
De certo modo, ou em certa medida, foi negligente.

Quando é que tem a noção de que deve manter-se discreta e silenciosa, como aliás a maioria dos portugueses e fica a aguardar serenamente o trânsito em julgado?

A verborreia fácil e permanente e a sede de protagonismo já chateiam...

Comentários

Concordo no essencial com o post, excepto no ponto em que diz "com especial responsabilidade pelos variados causídicos encarregues da defesa dos arguidos". Qualquer processo judicial tem natureza dialéctica, isto é, há acusação pelo M.P.,defesa pelos "causídicos" e decisão pelos juízes. Ao M.P. compete acusar -e já hoje na TV ouvi dizer que o respectivo procurador se prepara para ler umas alegações com nada menos que...1900 páginas!É evidente que tal leitura vai demorar bastante o processo; mas o procurador faz o que lhe compete: sustentar a acusação o melhor que pode e sabe; quanto aos "causídicos", nessa perspectiva dialéctica que é a da justiça em qualquer país democrático, compete-lhes exactamente o contrário: defender os arguidos o melhor que podem e sabem - é o que eles estão a fazer. No fim, os juízes farão a "síntese", isto é, a decisão.
e-pá! disse…
Caro ahp:

Nunca foi minha intenção põr em causa, ou cercear, os direitos de defesa dos arguidos.
O que quis referir é o uso e abuso de manobras dilatórias da defesa que, por vezes, fazem arrastar os processos, até a sua precrição.

Todos nós, infelizmente, já assistimos a isso...

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