Estaline, Trotsky e Kerensky

Os trabalhos do XVIII Congresso do Partido Comunista Português (PCP) começaram hoje com um discurso contra o Bloco de Esquerda e um demolidor ataque de Jerónimo de Sousa ao PS, ao Governo e ao PR, visando especialmente a “Esquerda dentro do PS que alimenta ilusões”.

De facto seria ingénuo alimentar ilusões com quem se julga detentor da legitimidade histórica de ser o único representante da classe operária, vanguarda do proletariado e detentor do exclusivo da esquerda.

O PCP, ao acicatar as suas hostes contra o PS, pode ganhar alguns votos mas inviabiliza qualquer hipótese de fazer parte de uma solução democrática de Governo. O estalinismo é a doença senil do comunismo e o maior obstáculo a que a um Governo exclusivo do PS possa suceder uma alternativa de esquerda.

Os ataques a Manuel Alegre, implícitos, servem para mostrar o quixotismo de qualquer ruptura no PS e a certeza de que uma cisão apenas aproveitaria à direita.

Os congressos do PCP, entusiásticos e vibrantes, mantêm a liturgia habitual, cada vez mais próximos de uma capela e afastados de uma solução de poder.

Os ataques visaram Kerensky, exorcizado na pessoa de Alegre, mas não esqueceram Trotsky. É pena que o PCP desista de fazer parte de uma alternativa de Governo e se enquiste, orgulhosamente só, nos amanhãs que cantam, com odor a passado.

Comentários

O PCP apela mais uma vez à "grande unidade da esquerda", mas excluindo... o PS e o Bloco de Esquerda! Será que tenciona aliar-se com o MRPP?
Por outro lado continua expressamente a rever-se no "socialismo" e na "democracia" de Cuba e da Coreia do Norte!
É espantoso como um partido assim, que deveria ser uma peça de museu, continue a ter alguma influência em Portugal.
e-pá! disse…
Este Congresso decorreu sob o signo da renascimento ou da reincarnação de Marx.
Nada de mais errado.
Marx morreu Há mais de 125 anos!
O Mundo de então era completamente diferente nos aspectos políticos, económicos e sociais.
Karl Marx continua a ser uma referência na elaboração de uma teoria fifosófica económica, carregada de ideologia que, estudou e desmontou, o capitalismo de então (dos primórdios da revolução industrial).
Hoje, não é, nem podia ser, uma referência. É a História.
E a História não governa, nem é o denominador comum, político, da Esquerda. É, quando muito, uma reminiscência, ou se quisermos uma das fontes de inspiração, da Esquerda.
Corrigida, necessariamente, pelas grandes mutações objectivas das nações e cidadãos.
As soluções para o Mundo actual serão forçosamente inovadoras!

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