Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
O PSD nunca percebeu os movimentos sociais, profissionais, sindicais ou outros.
Os sindicatos eram ajuntamentos de comunistas e filo-comunistas ansiosos da perturbação daqui que a Direita considera sagrado: a Ordem pública.
E não vale a pena passar disto em relação ao PSD.
Mas, há outro problema. As manifestações são contra alguma coisa. Excepto as de "desagravo" ao Paulo Portas.
E começamos a estar todos fartos das interpretações redutoras de Sócrates sobre manifestações considerando-as um mero "direito dos trabalhadores". Ponto final.
Para outros, o sindicalismo - quando estão no poder - é um estorvo. Na Oposição é diferente.
Muitos ainda andavam de cueiros quando o PS organizou a manifestação da Fonte Luminosa.
Bem sei que os tempos eram outros. Mas as movimentações políticas, profissionais ou de protesto têm, sempre, em qualquer época, um determinado peso político. Esta não foge à regra.
O PS, em relação aos problemas da avaliação dos professores tem tratado o assunto com os pés.
Primeiro, antes que venham demagogias, é preciso afirmar que os professores, da carreira do ensino púbico, não se cansam de afirmar que aceitam um novo quadro de avaliação.
O problema é a actual grelha que rejeitam, por razões que querem ter oportunidade de explicar.
O Governo acha que já não há tempo para renegociar a grelha.
Começou a trabalhar nesta há 2 anos e não está disposto a revê-la.
A sua aplicação, como está, não é discutível. Em democracia nada é indiscutível.
Finalmente, numa de assomo democrático, admite que pode, entretanto, vir a sofrer "melhoramentos". Esta inocente concessão do tipo ser politicamente correcto, significa, per si, que a metodologia de avaliação não está concluída ou, no limite, não será satisfatória.
Esta posição não se coaduna com uma democracia aberta e moderna.
Há no Governo dificuldades de compreensão democrática.
O evento de ontem foi, antes de tudo, uma grandiosa manifestação cívica.
Como algumas personalidades socialistas compreenderam.
É curioso que o Governo quando há greves tem logo números, mas nesta manifestação não sabe quantos estavam, nem quer saber.
A PSP, esteve lá, zelando pela segurança durante a ordeira manifestação e que não resiste a mandar palpites sobre o quantitativo de manifestantes (com maior ou menor margem de erro), nomeadamente, quando as mesma ficam aquém das expectativas.
Desta vez, não sabe de nada, nem quer saber.
Mas a manifestação foi divulgada pela comunicação social, os cidadãos foram testemunhas, os outros pilares do poder, também.
Não vale a pena esconder o sol com uma peneira.
Como não é tolerável que o Governo (ou alguns dos seus membros) considere esta manifestação uma forma de pressão sobre o governo. As manifestações são expressões democráticas conjugadas por interesses comuns.
É tão errado pensar que se pode governar a partir da rua, como desvalorizar o que a rua pode representar politicamente.
Avaliação, sim! E, necessariamente, diferente da que se fazia até aqui.
Mas a actual, trabalhada nos gabinetes do ME, desde há 2 anos, não colhe o apoio dos professores. Não vale a pena iludir a realidade.
Na Educação nada se fará, de válido, de consistente, contra o entendimento dos professores e sem a sua colaboração e entrega.
A saída significativa de docentes experientes e com aptidões pedagógicas mais do que testadas, solicitando uma aposentação antecipada, por não suportarem o clima actualmente instalado nas Escolas, deveria fazer o ME parar, para pensar.
É necessário, tanto ao ME, como aos sindicatos, como aos professpores individualmente, algum tempo, para digerir este último fim de semana.
Muitos professores que estavam em Lisboa votaram PS. Hoje estão convictos que a abertura ao diálogo morreu com a saída de Guterres. Deixaram de reconhecer-se no PS.
Mas Portugal é um Pais moderado, de brandos costumes.
Quem se mostrar inflexível, perderá.
Mais cedo do que está a pensar.