Pacheco Pereira e o caso Freeport
Pacheco Pereira (PP) é provavelmente o maior político português vivo e um dos mais importantes da Marmeleira mas surpreende que, conhecendo a campanha contra José Sócrates, em 2002, «‘campanhazinha negra’, com origem nuns imbecis do seu partido e do PP, a brincar às coisas sérias» a considere «uma obra de amadores tão grosseira que tinha todos os rabos de palha de fora e foi denunciada por muito boa gente do PSD na altura».
O que distingue esta campanha da anterior é a sofisticação e a grandeza que não permitem a PP considerá-la grosseira nem obra de amadores. Por outro lado já não está em causa o inepto Santana Lopes, acolitado por Paulo Portas, mas o ocaso político da sua última aposta – Manuela Ferreira Leite. Talvez por isso tenha PP decidido participar com tanto alvoroço nesta campanha, expurgada de amadores e de imbecis, e se tenha tornado prosélito acusador do situacionismo da comunicação social quando os boatos e as intrigas não atingem a dimensão que, em seu entender, merecem.
Não está em causa a apreciação do Governo de Sócrates cujo julgamento deveria ser feito noutra sede e com outros argumentos, está em causa a demolidora campanha para o assassínio de carácter na tentativa de levar o PSD ao poder. Nisso convergem os interesses da Dr.ª Ferreira Leite, os ódios do inefável Dr. Alberto Jardim, os apetites do ultraliberal Passos Coelho e a necessidade de sobrevivência de Paulo Portas.
O PCP e o BE também lucram com este pântano para cimentarem o crescimento mas, valha a verdade, não se juntaram à corja.
Quando o próprio regime está em causa e a democracia em perigo, vale a pena perguntar onde param as investigações de Souto Moura ao “envelope 9”, o que sucedeu aos autores da campanhazinha negra, ao alegado violador do segredo de justiça Adelino Salvado e a toda a matilha que assassinou politicamente Ferro Rodrigues.
Bem sei que a direita, pura ou dura, merece ser Governo, por desígnio divino. De facto, nos últimos 83 anos, só esteve arredada cerca de dez.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Mas, neste caso Freeport - para além dos óbvios excessos da comunicação social - existem muitas "passos" por escalrecer.
Caso contrário, o caso já teria sucumbido de morte natural, como sucede com todas as pérfidas atoardas.
E se (ainda) não morreu é porque há questões em suspenso.
Essas questões estão a ser veiculadas para fora da investigação em curso, por uma imprensa ávida de sangue, que deveria respeitar o segredo de justiça.
Mas este caso, p. exº., levanta uma interrogação crucial.
Todo o processo de licenciamento do outlet Freeport, decorreu em tempo recorde.
Parece que havia um estafeta relâmpago destacado para circular com o processo de entidade para entidade até obter a sua aprovação.
O vulgar cidadão português não beneficia destas facilidades.
A velocidade com que se produziram despachos atrás de despachos é alucinante e mereceu a estranheza do poder judicial.
Concordo que o projecto poderia ter particular interesse económico para a região, ou mesmo para o País, mas os cidadãos (sejam portugueses ou estrangeiros) merecem (tem direito) todos um tratamento igual.
Caso contrário, haverá indicios de favorecimento que devem ser investigados.
De resto, a intromissão no decurso da investigação tem sido permanente e, em certos casos abusiva.
Não sei o que é uma "campanha negra", designação utilizada pelo PM, para classificar a actuação da comunicação social.
Todavia, Sócrates já disfrutou, até ao moment, de mais privilégios do que a esmagadora maioria dos portugueses.
Teve direito a declarações expressas do PGR a "reafirmar a sua inocência".
Cheguei a pensar que o processo estava encerrado. Mas não!
Continua.
O PM, e concomitantemente o PS, têm "pressa" em encerrar este processo. Compreende-se. Este ano vão ter lugar 3 actos eleitorais.
Mas, isso decorre do quadro constitucional democrático que nos rege e nada tem a ver com o processo em si.
A prerrogativa solicitada por Sócrates para o seu processo ser resolvido de modo célere, isto é, passar à frente dos muitos que estão em curso na PJ e no MP, levanta-me algumas dúvidas quanto à equidade da Justiça, embora reconheça que o PGR pode classificá-lo como urgente e dar-lhe prioridade. Não sei se o fez.
Mas queria chamar a atenção para uma iniquidade que se desenha com os "tempos processuais e de investigação".
Os cidadãos deste País que observam atentamente a administração da Justiça vêm, por exemplo, no caso "apito dourado" todos os arguidos solicitar o mesmo.
Será que vai passar a haver uma justiça a duas velocidades?
Uma para VIP's, outra para os "outros"...
Ou será que qualquer processo ou investigação em curso e antes de haver qualquer incriminação, apesar da figura de presunção de inocência, não acaba por afectar a honra e a integridade do visado?
É óbvio, por outro lado, que estando Sócrates a ser cozinhado em fogo brando, que a oposição, a tal do "arco do poder", isto é, o PSD, se aproveite desta especial circunstância. Como diria Guterez: é a vida!
Mas será dificil acusar a Oposição de ter activado este processo, neste momento, ou de o estar a comandar.
Isso não seria "campanha negra", mas "magia negra".
Não me repugna que o PGR dê pririodade à investigação deste processo devido às excepcionais condições políticas e económicas que atingem o País e onde a instabilidade governamental, pode ser fatal.
Mas que se acentue e explique aos cidadãos o porquê do carácter excepcional.
Agora o PS não pode lançar-se numa cruzada de um contra todos.
Até mesmo, O PCP e o BE que têm mantido um distanciamento e uma cívica compostura, apanham por tabela.
Isto é, por estar calados.
Porque, o "normal" seria respeitar a investigação e velar pela manutenção do segredo de justiça.
À comunicação social só temos de exigir uma informação rigorosa, e o fim das especulações gratuitas.
A Justiça precisa de tranquilidade para trabalhar.
O tempo em que se desdobra para dar esclarecimentos e proceder a desmentidos é tempo roubado à investigação.
E, não dramatizemos.
O caso Freeport não coloca o regime em causa, nem põe a democracia em perigo.
Mal de nós se assim fosse!
E, não dramatizemos.
O caso Freeport não coloca o regime em causa, nem põe a democracia em perigo.
Mal de nós se assim fosse!
RE: 1- - Não estou tão certo disso;
2 - O assassínio de Ferro Rodrigues ensinou-me que os pulhas ficam impunes e a vítima impedida de ser primeiro-ministro.
Nem sei porque me dou ao trabalho de escrever o que todos sabem.
No fim ainda vai tanta gente votar neles, apesar da abestenção já ser a maioria.