Voos da CIA e Governo português
Voos da CIA. Ministro dos Negócios Estrangeiros diz que é "irresponsável lançar suspeitas sobre anteriores Governos".
Não se pode em nome da solidariedade com um compatriota negar a investigação de um crime nem, em nome do Estado, proteger um governante ou, por táctica, ocultar factos.
Não sei se o Governo português facultou o espaço aéreo a voos da CIA mas, sabendo-se dos atropelos aos direitos humanos, das torturas a que foram sujeitos os presos e do tratamento infame que a administração americana lhes reservou, não há razões para encobrir os cúmplices, se os houve.
Não está, sequer, em causa a honra de Durão Barroso e de Paulo Portas pois ninguém a perde duas vezes. O que se pretende é avaliar a responsabilidade e a eventual conivência em crimes contra os suspeitos de terrorismo.
A Europa, antes de renovar o contrato a Durão Barroso, precisa de saber se ao crime da invasão do Iraque juntou a conivência com os maus tratos e a arbitrariedade dispensados aos presos de Guantánamo.
O actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, torna-se suspeito e deixa a impressão de não ter a coragem e a dignidade do seu antecessor, Freitas do Amaral. E, pior do que isso, pode-lhe ser perguntada a posição quanto à invasão do Iraque.
Não se pode em nome da solidariedade com um compatriota negar a investigação de um crime nem, em nome do Estado, proteger um governante ou, por táctica, ocultar factos.
Não sei se o Governo português facultou o espaço aéreo a voos da CIA mas, sabendo-se dos atropelos aos direitos humanos, das torturas a que foram sujeitos os presos e do tratamento infame que a administração americana lhes reservou, não há razões para encobrir os cúmplices, se os houve.
Não está, sequer, em causa a honra de Durão Barroso e de Paulo Portas pois ninguém a perde duas vezes. O que se pretende é avaliar a responsabilidade e a eventual conivência em crimes contra os suspeitos de terrorismo.
A Europa, antes de renovar o contrato a Durão Barroso, precisa de saber se ao crime da invasão do Iraque juntou a conivência com os maus tratos e a arbitrariedade dispensados aos presos de Guantánamo.
O actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, torna-se suspeito e deixa a impressão de não ter a coragem e a dignidade do seu antecessor, Freitas do Amaral. E, pior do que isso, pode-lhe ser perguntada a posição quanto à invasão do Iraque.
Comentários
O autor do relatório final desta investigação foi o deputado socialista Claúdio Fava que é membro do Comité europeu de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos.
Luís Amado, ao tomar conhecimento dos termos do relatório, enviou uma "indignada" carta de protesto ao Presidente do Parlamento Europeu exigindo a ilibação do ex-Governo Barroso/Portas - mais propriamente do Dr. Durão Barroso - putativo re-candidato à presidência da CE da UE e, não se inibiu de chamar de "irresponsáveis" aos investigadores.
Tanto empenho torna-se suspeito...
Perante esta situação, reuniu o Grupo Socialista Europeu, de que o PS faz parte e, sem mais explicações públicas, procedeu-se ao "branqueamento" de Durão Barroso - apagando-o do relatório.
Quando o Parlamento Europeu o vota, numa sessão não plenária em Bruxelas, o documento estava irremediavelmente prevertido...
Nesta votação a eurodeputada socialista Ana Gomes lamentou a supressão da referência a Portugal na resolução sobre a CIA aprovada pelo Parlamento Europeu. Afirmou: que mais uma vez funcionou o «conluio» do «centrão», entre Direita e Esquerda...
O que é fazer política de "sarjeta"?
Isto?
Razão tem Carlos Esperança ao afirmar: "a hora não se perde duas vezes".
Porém agora torna-se claro, que é de papel e é do higiénico.
Nada, a não ser uma obscura e multifacetada cumplicidade, justifica ou explica esta vergonha.
O pior mal de Sócrates enquanto 1º ministro, e o maior perigo do PS enquanto partido indispensável a esta barcaça em risco de naufrágio, é que não se pode servir a dois senhores. Em nome dum suposto consenso, que é apenas arranjismo e corrupção.
Lúcido e ácido, como sempre.
Abraço.
No dia 05.Fev.2009 o Parlamento Europeu lançou uma recomendação aos Estados membros no sentido de acolherem os prisioneiros de Guantánamo e consequentemente assmuirem as suas responsabilidades.
542 deputados votaram a favor desta resolução, saudando - Willy Meyer [*], p. exº - que os « Estados Unidos tenham abandonado a política de relações externas que respondia ao crime com o crime».
O PE resolveu ir mais além.
Em troca, a Câmara europeia solicitou a Obama o acesso aos dossiers dos voos secretos da CIA sobre o solo europeu, a fim de que a Comissão de Inquérito do PE possa completar o seu relatório.
link
Ora bem!
Uma medida saudável para a Europa.
Se o presidente Obama aceder ao pedido do PE, vamos - em Portugal, p. exº. - poder dissipar uma espessa nuvem de fumo que tem dificultado a visão límpida, isenta e rigorosa do que aconteceu, de facto e de Direito, nos tão badalados voos secretos da CIA. link
[*]- Willy Meyer é um político espanhol, presentemente deputado europeu, eleito pela Esquerda Unida.
A verdade chega sempre. Às vezes, demasiado tarde.
Porque achei a tirada de Willy Meyer, sobre o procedimento da Administração Bush acerca de Guantánamo, feliz:
« Estados Unidos tenham abandonado a política de relações externas que respondia ao crime com o crime».
Além disso, considero-a oportuna e incisiva em termos humanitários e, ainda, capaz de transmitir a mudança que a nova era Obama está a fazer chegar à Europa.
Mas, para que fique claro, se tivesse a obrigação de fazer uma declaração de interesses sobre este assunto, podia garantir: nada me liga, politicamente, à Izquierda Unida...
Sobre Willy Meyer muito menos...
Não me sinto obrigado a citá-lo, apoiá-lo, ou a ignorá-lo, ou ainda a divergir...
Actuei (citei) livremente.
Pode, também, ser assim?