Grécia: a ordem democrática das coisas…
O ultimato do Eurogrupo à Grécia, publicamente transmitido por Doanld Tusk (presidente do Conselho Europeu) é um facto político verdadeiramente obsceno.
Simultaneamente, a revelação feita por JC Juncker (presidente da Comissão Europeia) de que a UE tem já trabalhado um cenário de Grexit link, provavelmente com prejuízo do empenho em encontrar soluções negociadas (é legítimo pensar isso), mostra a prossecução de intimidação por parte dos mesmos que apontam os encontros Tsipras com Putin como manobras provocadoras.
É muito difícil calcular o impacto de referendo grego na política europeia. Mas dentro desta névoa de dificuldades há uma coisa que parece óbvia.
A bola (nesta fase das negociações) passou para o lado do boco de 18 membros do Eurogrupo (segundo a ‘aritmética cavaquista’) e as pressões dos tempos pré-referendários não têm, no actual momento, qualquer cabimento. Todavia, elas continuam na ordem do dia ou até agravaram-se.
A pergunta que parece mais pertinente, na sequência do referendo do domingo passado, é:
- Face à VITÓRIA do NÃO quais as reformulações que o Eurogrupo pensa introduzir nas suas propostas sobre o resgate grego que tem trazido à mesa das negociações?
O inverso, i. e., o que está a acontecer, não passa do atirar para cima dos gregos a responsabilidade da propositura de medidas e colocar-se na retranca exigindo a cada cedência, outras mais.
O que passou no último Conselho Europeu peca por ser 'pouco democrático' e o permanente endossar da bola para o lado grego ('apesar' dos resultados do referendo), dificilmente se afasta de um intolerável 'ultimatum'...
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