Notas soltas: junho/2015
Dia Mundial da
Criança – O dia ficou assinalado pela encenação grotesca da Câmara
Municipal de Portalegre e da PSP local, com crianças mascaradas de polícia de
choque a atacar outras que fingiam de manifestantes. Caricatura infeliz de
pedagogia cívica.
Estado Islâmico –
Os objetivos estratégicos passam por decapitações e formas de terror que o
tornam popular, amado e temido. Abu Bakr Al-Baghdadi, autodenominado califa, controla
vastas regiões da Síria e do Iraque e ameaça a paz mundial.
Turquia – A
vitória do partido de Erdogan, AKP, sem maioria absoluta, foi um revés para o autoritário
PR e um sinal de esperança na continuidade laica, com a entrada no Parlamento
do partido secularista pró-curdo, HDP. O totalitarismo islâmico foi adiado.
Ucrânia – Os EUA
e UE diabolizam Putin mas, depois da fragmentação da Jugoslávia e da secessão
do Kosovo, agredindo a Sérvia, que autoridade resta para castigar a vontade da
Crimeia? Os problemas da UE nasceram dentro de si e não vieram da Rússia.
10 de junho – A
cerimónia marcada pela ausência da Associação de Oficiais das Forças Armadas, que
recusou o convite para assistir à última homilia do Comandante Supremo, mostrou
um PR, em melancólico ocaso, na campanha eleitoral pelo Governo.
TAP – O contrato
de venda da companhia aérea portuguesa rendeu 10 milhões de euros. Em 2009, o
Real Madrid, contratou Cristiano Ronaldo, vindo do Manchester United, por 94
milhões de euros.
Venezuela – A
deriva autoritária é evidenciada pelas arbitrariedades do regime, ataques às
liberdades individuais e prisões de adversários. O País tem inimigos poderosos mas
o poder perdeu a face e vai transformando a democracia em farsa.
Madeira – O
Governo Regional vai assumir o passivo de cerca de 52 milhões de euros do Jornal
da Madeira, embora Miguel Albuquerque, se tivesse apresentado às eleições
afirmando que não gastaria nem um tostão no órgão oficioso do Governo Regional.
PR – A viagem à
Bulgária e Roménia foi desastrosa. Não foi recebido pelo PM romeno, a contas
com a Justiça e ausente do País, a Esposa viu anulada uma aula com a evasiva de
erro de datas e Cavaco Silva, no estrageiro, reincidiu na propaganda partidária.
Bruxelas – No dia
do segundo centenário da Batalha de Waterloo, onde ruiu o primeiro Império francês,
discutiu-se, a 13 km, o futuro da Grécia, numa encenação em que não houve
vencedores. Foi a melancólica liturgia a prenunciar o fim da UE e o Eurexit.
União Europeia –
A moeda única só faz sentido num Estado capaz de ser solidário com as nações
que o compõem. É o caso do US$ nos EUA. A traição à integração económica e social
prevista, vulnerabilizou a UE perante a crise mundial do sistema financeiro.
Holanda – O novo
Governo integra pela primeira vez um partido de extrema-direita, o Partido
Popular Dinamarquês (DF), populista e
xenófobo. A Europa, esquecida do nazi / fascismo, desliza lentamente para a
repetição da tragédia terminada há 70 anos.
Neoliberalismo –
O desvario económico e político, com graves ruturas sociais, levou a Europa por
atalhos que impedem alternativas democráticas e, a prazo, a alternância que
serviu de travão a aventuras totalitárias. A pobreza é o combustível das
revoluções.
USA – O
aparecimento de mais um Bush na disputa eleitoral americana é um pesadelo. O
mundo não esquece as agressões familiares ao Iraque pelo país capaz de o eleger
ou a outro parecido.
Vaticano – O papa
desperta a raiva dos ultraliberais, paramentados e laicos, quando se manifesta
preocupado com os problemas ambientais e a desigualdade na distribuição da
riqueza. É natural que abandonem a missa de Jorge Mario Bergoglio.
Cimeira Ibérica –
O acordo no gás, na defesa e na trasladação de cadáveres revela que o importante,
dívidas soberanas, desemprego e transvazes dos rios ibéricos, deu lugar ao acessório,
com a trasladação a servir de metáfora a dois governos em fase terminal.
Islão – A oferta
de uma escrava, considerada herege, como prémio de um concurso para quem
(homem) melhor memorize o Corão, é a última indignidade do Estado Islâmico, a
mais refinada ofensa à civilização e a mais demente inspiração pia.
Governo – Não de
percebe, a não ser por cegueira ideológica, a agressividade contra os gregos.
Se a Grécia cair, Portugal é o próximo, segundo o Financial Times. Com uma
dívida soberana de 130% do PIB, a solidariedade com a Grécia teria sido
inteligente.
Oceanário – A
entrega a privados não é apenas a satisfação de uma reiterada conduta de
natureza ideológica, é ignorar o valor pedagógico que tem para milhares de
crianças das escolas que todos os anos o visitavam gratuitamente.
EUA – A revelação
das escutas, primeiro à chanceler Merkel e, depois, aos três últimos PRs da
França, revela a natureza do último império. Aos amigos escuta-os, aos inimigos
lança-lhes bombas. Não há impérios eternos.
Nepotismo – A
embaixada na UNESCO, encerrada por razões financeiras, foi reaberta para
colocar um amigo do PM. É apenas mais um caso de colocações ilegais numa orgia
de criação de «jobs for the boys», designadas por «tachos», numa altura de
crise.
Grécia – O que a
troika exige não é apenas a decadência e a impossibilidade de pagar a dívida e
relançar a economia, é a renúncia ao Estado de direito, a hipoteca de quaisquer
direitos e a abdicação da soberania. É a imolação da liberdade no altar da
ideologia.
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