Se Cavaco Silva (CS) fosse Presidente de todos os portugueses…
…não acabaria presidente de 38%.
CS, ao assumir como sua a agenda do seu partido e ao transformar
a lealdade que devia aos portugueses em submissão aos interesses do PSD,
colocou-se à margem da CRP e perdeu a confiança e o respeito que lhe era devido
pelas funções para que foi eleito.
Depois da intolerável interferência no processo eleitoral,
apresentou-se como o homem que sabia “muito bem aquilo que vai fazer” quando,
como se vê, sabia tanto como sobre a solidez do BES ou as escutas que o
anterior Governo (não) lhe fazia.
A azia causada por 1 milhão de eleitores, que tinha
condenado ao limbo e que António Costa resgatou para o confronto democrático na
AR, serve aos derrotados dentro do PS para um ajuste de contas mas não serve o
país nem a democracia.
A inépcia na previsão da legitimidade democrática de vários
cenários tornou-o o único culpado pela dilatação da legislatura, até ao limite,
e pela inexistência de um orçamento atempado para o País e para ser apresentado
a Bruxelas.
António Costa devolveu ao PS a centralidade da vida política
portuguesa. Um PR que não suporta um simples entendimento parlamentar do PS à a
sua esquerda já devia estar a exortar os seus para um apoio sem condições.
O PS, independentemente do futuro político do seu atual
secretário-geral, só será fiel da balança partidária se não capitular perante a
pior direita e o pior PR deste regime.
A democracia faz-se com democratas.
Comentários
Não pode culpar os outros. Quem se demite de actuar segundo os modelos constitucionais, de facto, não esta lá (onde quer que esteja) a fazer nada. Resta-lhe desocalizar-se para a Oposição e, depois (por curtos meses), perorar sobre a insustentabilidade do Governo, do regime, etc.
Portanto, a solução governativa resultante das últimas eleições terá o seu curso à margem da PR. Acabará o mandato com (muito) pouca dignidade e, pior, transformado num amanuense do regime.
- Talvez só da coligação.