Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
A partes nunca chegam ao ser um todo quando ficam acantonadas ou se circunscrevem a fracções. Era isso que estava na cabeça de Passos Coelho desde o dia 4 de Outubro e lhe saiu furado. Por isso agora, em vez de se remeter às contas, resolve divagar pela filosofia holística. O que é incompreensível para um homem que se apresenta como pragmático e durante 4 anos esteve agarrado a números, índices, projecções e folhas de Excel.
Quando um primeiro-ministro vê o seu governo acabar demitido pelo Parlamento, isto é, no nosso sistema constitucional, na Casa da Democracia, ninguém percebe do que se orgulha.
Pedro Passos Coelho não vai (combativo) para a Oposição porque, na realidade, foi enxotado para lá, contra a sua vontade.
E a partir de agora vamos ter tempo para recordar as suas perorações sobre o papel da Oposição proferidas durante os últimos 4 anos. Porque a nova situação política que se alevanta também deverá abrir espaço para o riso. Choro e ranger de dentes já chega...