António Barreto, um político ressentido

Só António Barreto, o mais viajado político, cá dentro e lá fora, do PCP para a extrema-esquerda, desta para o PS, a quem deve a notoriedade, por mau desempenho ministerial, percorrendo a Aliança democrática com monárquicos, o eanismo com quem apareceu e, há anos, a destilar ódio ao PS, PCP e, agora ao BE, só António Barreto – dizia –, se deu conta de que António Costa convidou Sócrates para a inauguração do túnel do Marão que as vidas perdidas exigiram. O provinciano reacionário omitiu que convidou também Passos Coelho, isto é, os PMs cujos mandatos estiveram ligados à realização da obra.

Na sua homilia de domingo, no DN, o excelente fotógrafo, medíocre cidadão e político falhado, tem vindo a ser porta-voz do anticomunismo mais primário e dos ataques mais obsessivos contra o PS, rancor que cultiva desde que viaja no comboio da direita, desde que o PS o dispensou e Sá Carneiro o fez deputado.

Contra Guterres, Sócrates, António Costa e o próximo, cá estará o dissimulado pregador da direita a julgar o carácter de quem quer que se posicione à esquerda do PSD. Hoje, sob o título «Paralaxe», confundindo a credibilidade do invasor do Iraque com a de Jorge Sampaio, é a este que deixa sob suspeição, ao que não consentiu o envolvimento das Forças Armadas no crime do Iraque.

Apenas porque goza de larga audiência nos meios de comunicação social, merece que se não deixe passar impune.

O que sobre ele escrevi aqui, no Ponte Europa,  há 11 anos, mantém-se válido.

Comentários

e-pá! disse…
No texto (Paralaxe) quando António Barreto [AB] escreve " A participação de Portugal nas operações que se seguiram não estava em causa" deturpa todo conteúdo do comentário.
Qualquer cidadão atento, na altura destes acontecimentos, entendeu que a divergência entre Jorge Sampaio e Durão Barroso (DB) era profunda e grave. E também toda a gente percebeu que o País só não se envolveu militarmente nesta miserável acção belicista, decidida unilateralmente pelos ultraconservadores instalados em Washington, pela firme determinação e oposição de Jorge Sampaio.
Caso contrário, de acordo com a réptil subserviência de DB teríamos enviado forças militares. Na realidade, frustrado (por JS) nesse propósito intervencionista enviou forças dependentes do Ministério do Interior (GNR). A 'cimeira das Lajes' não pode ser reduzida a um irrelevante gesto de anfitrião. Na verdade, DB aceitou participar na guerra, envolveu-se no processo de burla político-militar e quando foi aos Açores, já tinha decidido apoiá-la.

E não esquecer que a mobilização em torna da guerra não incidiu só sobre a GNR sendo o próprio DB transferido para Bruxelas, por urgente conveniência de serviço.
E qualquer analista honesto não tentaria (como faz AB) contornar que o decidido nas Lajes em 2003 foi uma grosseira manipulação de provas chamada 'armas de destruição maciça' para ter um impacto mediático e enganar o Mundo.

O interessante seria perguntar se Barroso trouxe para Lisboa (e exibiu a J. Sampaio) as ditas 'provas' que lhe foram exibidas primeiro em Londres e depois nas Lajes. Ou se este argumento é, como useiro e vezeiro nas manipulações da Direita, uma mera 'questão de fé'.

Concluindo, AB mais uma vez exibe a sua aversão a processos políticos transparentes e o apego a manipulações sinuosas e ao insistir na 'demonstração' contra aquilo que o tempo mostrou ser uma dramática evidência, i.e., o desastre que foi a intervenção dos EUA no Iraque (acolitado pelos ditos 'aliados' onde se destaca a Grã-Bretanha de Blair e a Espanha de Aznar), não mostra somente ressentimento, mas exibe a face de um comentador a soldo de interesses (que pretende manter ocultos).
Reduzir estes trágicos acontecimentos a questões ópticas (paralaxe), não é um simples caso de estrabismo analítico (o campo de visão ficou circunscrito aos interesses da Direita) porque por detrás desta está uma outra coisa bem visível e corriqueira: a sacanice!

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