O que revelam as ameaças de sanções?
As ameaçadoras sanções a Portugal e Espanha sobre questões do défice orçamental não passam de mais uma chantagem da Comissão Europeia (CE) sobre os Países do Sul.
Bem, custa a acreditar que a ameaça de sanções seja uma iniciativa da UE (enquanto 'União') e mais parece uma subserviência política da CE ao Partido Popular Europeu (PPE) ou mesmo um favor para aplacar os maus humores do Sr. Schauble.
A carta do Sr. Manfred Weber (líder parlamentar do PPE) à Comissão Europeia link não é concebível que tenha sido redigida e decidida sem o conhecimento dos partidos integrantes deste lobby político, entre eles o PSD (de Passos Coelho) que ocupa uma das vice-presidências do grupo parlamentar conservador.
A carta do Sr. Manfred Weber (líder parlamentar do PPE) à Comissão Europeia link não é concebível que tenha sido redigida e decidida sem o conhecimento dos partidos integrantes deste lobby político, entre eles o PSD (de Passos Coelho) que ocupa uma das vice-presidências do grupo parlamentar conservador.
Na realidade, trata-se de condenar antecipadamente o novo Governo Português censurando-o antes que tenha resultados. Uma condenação apriorística baseada em preconceitos políticos e sustentada por (falíveis) projeções construídas à revelia de uma Europa em nítido definhamento económico e financeiro.
Neste momento, não existem dados – estatisticamente significativos - sobre a execução orçamental portuguesa de 2016 (os dados ainda provisórios referem-se ao 1º. trimestre) mas Bruxelas não se cala com o constante reclamar de ‘medidas estruturais’ e rectificações orçamentais. Isto é, a CE pretende a reintrodução de umas poucas medidas de austeridade que foram ‘aliviadas’.
Este será o tal ‘plano B’ que Bruxelas acena ciclicamente e que a Direita nacional apoia na penumbra das reuniões do PPE, em Bruxelas, e, por cá, reflecte-se numa oposição errática ao actual Governo. Situação de dualidade que hipocritamente evita assumir publicamente. Na verdade, é difícil vir a terreiro defender que o empobrecimento é um caminho virtuoso.
Todos evitam referir que a avaliação da CE é sobre o ano de 2015 onde a conclusão do apelidado 'programa de resgate' – no entender dos ‘credores’ e seus lacaios – foi apresentado como um ‘estrondoso’ êxito.
Pensar que isto é uma acidental chicana movida pela preocupação da CE em por na ‘ordem’ um País que ousou virar à Esquerda é avaliar numa dimensão muito pequenina. Na verdade, as medidas punitivas que Bruxelas agita visam ‘encurralar’ quer Portugal, quer a Espanha. A Grécia já o foi há 1 ano. O país que se segue deverá ser a Itália. Por fim, poderão ser postas em causa as "exceções gaulesas".
E o ‘carrasco de serviço’ é o Comissário Pierre Moscovici (um 'social-liberal' alcunhado de socialista) o mesmo personagem que, enquanto ministro das Finanças de Hollande, sempre arranjou justificações para o incumprimento das metas do défice (da França) e mostrou-se bastante permissivo em relação às suas responsabilidades anteriores link …
O caminho que os europeus estão ser convidados a trilhar é o da fractura europeia (Norte e Centro versus Sul). Esta solução de continuidade funciona como a antecâmara da dissolução da UE.
A ‘rábula das sanções’ não passa de mais um momentum desta trágica e inexorável rota de implosão.
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