Assis ou o facilitado trânsito para um ‘deslocado’ …
O deputado ao parlamento europeu Francisco Assis sempre que tem oportunidade mete a colherada na política nacional aproveitando para criticar a solução de governo em que o seu partido (PS) está envolvido. Será, provavelmente, muito mais ativo no País do que em Bruxelas ou em Estrasburgo.
O que poderia parecer um apego à cidadania ativa terá certamente outras razões. A história recente do 'PS do pós-segurismo’ está por detrás de toda esta azáfama. Depois, participou numa célebre jantarada de leitão na Bairrada que primou pelo desperdício, ou seja, sem comensais sobrou bácoro assada à fartazana.
Há pouco tempo veio a terreiro pedir eleições antecipadas, antecipando-se à própria Direita, sem explicar quem era o mandante do recado.
Finalmente, agora vem ao lançamento de um livro do parlamentar europeu José Manuel Fernandes (PSD) e aproveita o ensejo para relembrar a necessidade de ‘entendimentos’ (com a Direita, como é óbvio) link.
Inventa um ‘muro político’ para justificar uma nova investida na política partidária e coloca o ‘centro político’ (o “centrão”) como o garante da afirmação e desenvolvimento do processo europeu.
Na sua cabeça a Europa tem um formato confinado ao centro-direita ou, mais relutantemente, ao centro-esquerda. Isto é, balanceia-se no espectro político-partidário mas o centro tem de estar presente sempre.
Não concebe outro tipo de Europa para além da moeda única e dos ditos pactos de estabilidade e crescimento ditados por Berlim e sancionados pelo PPE.
Não existe, como Francisco Assis pensa, um muro entre a Esquerda e a Direita. Mais concretamente, entre a sua rejeitada Esquerda e a ansiada Direita.
Razão pela qual a sua progressiva deslocação para o território da Direita pode fazer por um largo estradão ou, se existirem fundos europeus disponíveis, por um futura autoestrada.
Um caminho fácil e sem escolhos que nem todos os deslocados (e existem muitos por esta Europa fora) têm podido trilhar.
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