Embaixador Martins da Cruz – Figuras e figurões

«Rajoy já falou duas vezes com Trump e Costa nem uma» (Martins da Cruz, Embaixador)

Poucos leitores conhecerão o embaixador António Martins da Cruz (AMC), espécie de Zé das Medalhas, com mais condecorações do que peito, compadre de Durão Barroso, pai da Diana, cuja admissão em Medicina exigiu uma portaria só para ela, escândalo que levou à demissão do ministro do Ensino Superior e à sua, de MNE, no Governo Portas /    Barroso, e à matrícula da filha numa faculdade de medicina espanhola.

Na entrevista ao DN de ontem (11-2-2017), pág. 8 e 9, não refere as relações com Durão Barroso, de quem foi o artífice da ascensão a presidente da CE, com Mário David, atual eurodeputado do PSD, e mandatário da candidatura inventada, à última hora, para tentar impedir Guterres de ascender o cargo.

Enquanto Barroso, mestre na dissimulação, dizia à comunicação social que o Governo apoiava a candidatura de António Vitorino à CE, organizavam a sua os dois homens de mão, sendo AMC, bem relacionado nos serviços secretos europeus, autor da estratégia, depois da queda de Aznar em desgraça, pela maior visibilidade na invasão do Iraque.

Martins da Cruz foi um dos administradores da empresa espanhola Afinsa, fundada por um português, a terceira maior empresa mundial de ativos não financeiros, a seguir à Sotheby's e à Christie's, empresa cuja falência fraudulenta lesou 143 000 investidores, com perdas de 1823 milhões de euros, assunto não abordado na entrevista.

Nesta entrevista, em que elogia Cavaco e Durão Barroso pelas excelentes relações com os EUA, únicos PMs que estiveram na Sala Oval, denegriu António Costa por ainda não ter falado com Trump, ao contrário de Rajoy que já falou duas vezes. Aproveitou ainda para elogiar o apoio de Barroso à invasão do Iraque, pelo benefício de alinhar a política externa portuguesa com a dos EUA, independentemente de ser criminosa ou não.

O DN refere que Martins da Cruz ainda não tinha 30 anos quando foi abrir a Embaixada Portuguesa em Maputo. Pode ter aberto a porta da Embaixada, bastava ter a chave, mas o Embaixador, o honrado magistrado que Melo Antunes convidou, chama-se Albertino de Almeida e foi ele o primeiro embaixador quando o futuro assessor diplomático de Cavaco Silva e chefe da diplomacia portuguesa na guerra contra o Iraque iniciou ali a carreira diplomática que o levaria a Embaixador.

Hoje, reformado, é um homem de negócios, tal como o compadre Barroso.

Comentários

e-pá! disse…
CE:

AMC não será (ainda) um reformado da política, como está escrito no post.

No presente, vende as suas (nefastas) conceções políticas ao Governo de Angola, sendo um dos assessores presidenciais.
O 'caso Luaty Beirão' revelou, recentemente, o âmbito e o roteiro da seu trabalho de consultoria, quando tentou 'branquear', nos meios de comunicação social portugueses, o julgamento que foi encenado em Luanda, sem invocar o mais pequeno conflito de interesses (que estavam subjacentes às funções que está a desempenhar)...
Boa! Essa informação é preciosa.
Abraço.
amadeu moura disse…
O AMC tem um curriculum invejável!

Ao que foi mencionado, convém acrescentar que foi ele, na qualidade de embaixador em Madrid, que propôs à Presidencia da Republica, que fose atribuida uma comenda ao português dono da Afinsa!

E como ele não queria que fosse o presidente (Jorge Sampaio) a condecorar o seu amigo, organizou a agenda de modo a que cerimonia tivesse lugar na embaixada portuguesa em Madrid. E assim foi ele, o Martins da Cunha, a pendurar o artefacto na lapela do amigalhaço.

Há ainda um outro ponto a sublinhar. Estando ainda ligado MNE, o AMC representava o conglomerado americano Carlyle, a famosa companhia do ex-embaixador americano em Lisboa, Carluci! Tutti bona gente...
Amadeu Moura,

Mais um contributo para a biografia do Zé das Medalhas.

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