CGD: da investigação à saturação….

A chicana política tecida pela Direita (CDS + PSD) à volta da CGD começa a meter nojo. São conferências de imprensa de supetão, umas atrás de outras, com vista a denunciar sempre qualquer coisinha que seja capaz de perturbar a governação e dificultar a restruturação do sector bancário link.
 
Uma vez a Direita acusa o Governo no seu todo, outra é especificamente o ministro das Finanças, de quando em vez são as antiga administrações, em amiudadas ocasiões levantam-se levianas questões de timing,  entrecortando com suspeições sobre a hipervalorização dos montantes a recapitalizar e assim por diante.
Tanto alarido tem por objetivo esconder o essencial. Na verdade, a Direita não aceita que a Caixa seja recapitalizada e permaneça na esfera pública. Não aceitando isso demonstra o que andou a ocultar durante alguns anos: a ‘miragem’ de uma privatização deste banco público.
 
Agora, pega-se a uma suposta mentira do ministro Mário Centeno e a Direita tenta despiedadamente colar o primeiro-ministro a esse facto alimentando o velho ‘sonho’ de derrubar o atual Governo.
 
Certo, que para muitos portugueses existe muita coisa a investigar. Todavia, a comissão de inquérito à CGD promovida pela Direita, desde o início, que nasce enviesada e com propriedades desgastantes (só assim se justifica o recuo até ao ano 2000).
E o mais importante será avaliar em que circunstâncias (políticas, sociais e empresariais) se colectou um tamanho volume de crédito mal parado (que alguém terá de repor para sanear a casa). O que está em questão é se existiu favorecimento indevido, se triunfou o amiguismo, se imperou o desleixo e eventualmente outros dois grandes inimigos das instituições financeiras (a negligência facilitadora e a incompetência no avaliar dos riscos).
 
Os portugueses continuam à espera da publicação da lista dos grandes devedores. Quanto a isso, o receio de estar a esperar sentados é notório e justificado. Vamos ver. Para já, o problema que está a ser levantado pela Direita foi resolvido. A administração do Sr. António Domingues caiu estrondosamente para manter encobertas declarações patrimoniais.
 
Ficou um paradigmático exemplo de como não se deve ajoelhar a todas as vontades dos gestores bancários. É um vício atávico que se instalou na política e o trajeto recente da banca demonstrou à saciedade a sua elevada perniciosidade. Quanto confrontados com responsabilidades ou não se lembram de nada ou consideram-se vítimas da ‘conjuntura’.
Aliás, o trajeto do sector bancário (por toda essa Europa fora), desde o início da crise, mostrou quão volúveis, frágeis e falaciosas são as estratégias do sector financeiro. Sobre isto, deveríamos estar a discutir a ereção de um monumento ao ‘contribuinte desconhecido’ que, durante esta arrastada crise, tem feito das tripas coração na titânica tarefa de salvar bancos.
 
No entanto, duas questões essenciais permanecem na preocupação dos portugueses: a continuação do maior banco nacional na esfera pública e, a outra, como será feito o esforço de recapitalização e as suas consequências para os contribuintes e o impacto orçamental.
 
Agora, esta chicana sobre eventuais mentiras, o circo das imprecisões e a permanente emergência de rábulas são factos absolutamente serôdios.
 
Na realidade, a ‘grande mentira’ é muito mais recuada. Essa reporta-se à dita ‘saída limpa’ (para Bruxelas ver), varrendo o ‘entulho’ para debaixo do tapete, i. e., o BES/GES, o BANIF e o sufoco induzido na CGD. E o mais grave é que esta gigantesca mentira só foi possível concretizar-se impondo brutais sacrifícios à grande maioria dos portugueses. Isto sim, deveria ser razão para um ‘inquérito popular’. Potestativo, bem poderia ser!

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