Paulo Núncio e a dança desta direita na corda bamba

A hipocrisia desta direita é uma arma contra o Governo, e cabe aos democratas de longa data desmascarar a dissimulação de Assunção Cristas e Passos Coelho. A forma como os dois agora se comportam, em flagrante contraste com o passado, é uma técnica que exige vigilância cívica e resposta democrática.

A queixa da líder do CDS ao PR é um número de circo para ganhar exposição mediática no confronto com o PSD na Câmara de Lisboa e silenciar o julgamento do governo que integrou. Cristas sabe que é irrelevante o ato e injusta a exibição. É o ruído para desviar atenções do julgamento dos vistos Gold e da não divulgação da transferência de 10 mil milhões de euros durante o governo PSD/CDS.

Talvez mereça, por coincidência temporal, saber o que levou ao processo disciplinar ao funcionário que consultou a lista VIP das Finanças e que morreu de ataque cardíaco.

A demissão de Paulo Núncio dos altos cargos no CDS não absolve os atos praticados no governo, os prejuízos ao País e os danos no combate à fraude fiscal e fuga de capitais.

Fica claro que o ruído à volta dos emails da CGD, que o PSD e o CDS já conhecem, é fruto do ressentimento pela capitalização do banco público que desejavam privatizar, e diziam não autorizada por Bruxelas.

Fica também claro que o governo Passos/Portas/Cavaco, quis confiscar a máquina fiscal para a luta partidária e eventual proteção da sua gente. É natural o imenso ruído sobre a CGD e a desorientação com que recorrem ao insulto ao presidente da AR e ao PM, para desviarem as atenções sobre o escrutínio popular à sua incompetência e má fé.

Comentários

e-pá! disse…
A última 'confissão' (comunicado) de Paulo Núncio ao assumir 'responsabilidade política' pelo comportamento permissivo, negligenciado e provavelmente cúmplice (?) da Autoridade Tributária, perante a massiva fuga de capitais para offshores, não passa de um acto de contrição tardio, despropositado e uma tentativa de ilibar males maiores.
Na verdade, o ex-secretário de Estado só muito remotamente pode assumir 'responsabilidades políticas'.
Estas recaem diretamente sobre os ex- ministros das Finanças desse período (Vitor Gaspar e Maria Luís Albuquerque) e em última análise sobre o ex-primeiro-ministro
Passos Coelho.
Esta a razão porque este último ficou tão escandalizado perante a denuncia dessas 'irregularidades' (chamemos-lhes assim até melhor apuramento dos factos). Nunca devemos esquecer que na conceção da Direita (expressa por Cavaco Silva) os secretários de Estado não contam e são meros ajudantes dos ministros.
Todavia, a permissividade demonstrada e subserviência evidenciada perante os grandes interesses capitalistas e a adaptação do sistema financeiro e fiscal aos interesses destes últimos, mostra bem a natureza do governo que esteve em funções de 2011 a 2015.

O 'período de resgate' que a Direita, tantas vezes invoca, para justificar a queda de rendimentos e as extorsões fiscais às forças do trabalho e aos pensionistas é liminarmente desmascarada por este imbróglio.
Na verdade, a 'intervenção externa' apoiada e amplificada pela coligação CDS/PSD serviu para 'resgatar' o sistema financeiro e o grande capital dos riscos de insolvência criado pelas suas próprias e relapsas especulações (bolsistas, financeiras e fiscais).
Este 'incidente dos offshores', aparentemente lateral, deve ser adequadamente tratado pela Esquerda para esclarecer a natureza de classe do anterior Governo e fazer pedagogia sobre um período negro do passado recente que está constantemente a ser adulterado pela Direita, exímia e reincidente 'inculcadora' da História.

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