Notas Soltas – fevereiro/2017
Brasil – Após
nove meses no poder e de aumentar a despesa pública, quando presidente
interino, para consolidar o golpe, Michel Temer culpou o governo de Dilma, onde
o seu PMDB tinha sete ministérios, pelo maior déficit da história. Fraqueza e
hipocrisia.
Turquia – Com o
único e corajoso afrontamento da Sr.ª Merkel, Erdogan não suspende a prisão de
jornalistas e escritores criando o «maior cárcere de intelectuais do mundo»,
como afirmou Per Wästberg, presidente do comité do Prémio Nobel de Literatura.
Europa – Em 1944,
o sacrifício dos soldados americanos desembarcados na Normandia foi
determinante para a derrota do nazismo e fixação da paz e da democracia na
Europa. Os EUA foram, então, os salvadores, hoje, constituem a pior ameaça.
Almaraz – O
acidente ocorrido no dia 9, na central nuclear de Flamanville, em França, é razão
adicional na luta do Governo português contra a obsoleta central espanhola, fora
de prazo e com perigosos antecedentes, e o cemitério de resíduos aí previsto.
IVG – O referendo
de há 10 anos permitiu a despenalização. Os direitos individuais não deviam ser
referendados, mas foi a via que permitiu esse avanço civilizacional. Hoje, há menos
abortos, menos reincidência e sem mortalidade materna. Valeu a pena.
Coreia do Norte –
A demência desta monarquia comunista é
perigosa para o mundo e trágica para o seu povo. Enquanto se morre de inanição
e se transforma a população em autómatos, lançam-se mísseis para iludir as
vítimas da ditadura e assustar os vizinhos.
CGD – A disputa
política é condição essencial das democracias, e nenhum partido pode
reivindicar o monopólio do patriotismo, mas há interesses nacionais que deviam
levar a ponderação às direções partidárias que legitimamente competem pelo
poder.
Dívida soberana –
Após a crise mundial de 2008 atingiu em vários países valores que a tornam
insustentável, Portugal incluído. A UE, com a proximidade de eleições nos seus países
mais ricos, recusa-se a resolver o problema que a levará à irrelevância
política.
Economia – O
desempenho de Portugal, em 2016, com crescimento do PIB, redução do desemprego
e aumento das exportações, é um excelente indicador, mas as taxas de juro
dependem mais do Brexit, do BCE e da Reserva Federal dos EUA do que do Governo.
Reino Unido – Quando
um país substitui a democracia representativa pela referendária, poucos
eleitores votam o que se propõe, preferem votar contra quem foge às obrigações
que devia assumir. E, assim, aconteceu o Brexit.
Democracia – É o
regime preferível, e não é eterno. Os partidos populistas crescem por todo o
mundo, incluindo a Europa. Não procuram ser uma opção dentro da democracia,
apenas um mero instrumento para lhe pôr termo.
EUA – As eleições
que levaram Trump à presidência não foram apenas a luta partidária, onde
Hillary Clinton teve, aliás, mais três milhões de votos, mas uma disputa de
polícias secretas e da espionagem informática, com possível manipulação e interferência
russa.
Cavaco Silva – Em
vez de escrever um livro, fez um rol de acusações ao carácter de um arguido à
espera de julgamento, sem sentido de Estado, com delações (verídicas?) sobre as
audiências entre PR e PM. É um caso inédito que revela o nível ético do autor.
Lobo Xavier – A
violação de informação sigilosa da CGD e a divulgação por um vice-presidente do
BPI, conselheiro de Estado, devia exigir ao BP e Ministério Público uma
averiguação sobre o interesse próprio e eventual crime. A baixeza ética parece
evidente.
França – A
incerteza das próximas eleições presidenciais é angustiante e perigosa, e o
resultado pode ser funesto, não só para a França, mas para a Europa e o Mundo,
com os velhos modelos de inspiração fascista a ameaçarem as democracias.
Tony Blair –
Reapareceu agora, em campanha contra o Brexit, ignorando-se se o move a imprudência
da senhora May ou a ambição de regressar à política e branquear o crime da
invasão do Iraque onde foi grande a desonra pessoal e maior a tragédia mundial.
Almaraz_2 – A
queixa a Bruxelas decidiu o acordo. Portugal retira a queixa e Espanha desiste
da lixeira nuclear. A CE anunciou a resolução
amigável e o direito de Portugal reapresentar queixa. Quem se calou, diz
que foi curta a vitória. De facto, urge encerrar a central.
Islão – O
Ministério turco de Defesa suspendeu a proibição do uso do véu islâmico por
mulheres das Forças Armadas. Contra a laicidade, permite-se primeiro; depois
impõe-se; por fim, prescinde-se das mulheres. O califado e a sharia são o objetivo de Erdogan.
Sudão do Sul – O
país africano, rico em petróleo e, sobretudo, em violência, tem pelo menos 100
mil pessoas em risco de morrerem à fome, uma catástrofe humanitária que levou a
Unicef (ONU) a um lancinante apelo às organizações humanitárias.
Finanças – Perante
provas que o incriminaram, Paulo Núncio renunciou à direção do CDS, mas não o
iliba da cobarde culpabilização da Autoridade Tributária, nem isenta a ministra
e o governo na ocultação da ida de 10 mil milhões de € para offshores.
Roménia – Há
países que tentam conter a corrupção, mas, aqui, foi a primeira vez que se tentou
despenalizar. A desfaçatez provocou uma onda de contestação que não se via
desde a queda de Ceausescu, há 27 anos. O povo voltou às ruas de Bucareste.
Pena de morte –
Com o orgulho de Portugal ter sido pioneiro na sua abolição, há 150 anos, o
ministro Santos Silva exortou na ONU os países que a praticam a criarem uma
moratória 'de facto' como primeiro passo para a "total abolição" da
pena capital.
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