Que sentirão os capitães de Abril e outros combatentes da liberdade?
António Barreto, com sinuoso percurso político, nunca foi um combatente da liberdade, mas recebeu no último 5 de Outubro, à semelhança de Cavaco Silva, o mais alto grau da Ordem da Liberdade, também por outorga do PR Marcelo Rebelo de Sousa.
Militante do PCP de 1963 a 1970, na Suíça, para onde fugiu à guerra colonial, deixou o partido comunista porque não estava suficientemente à esquerda.
Só regressou a Portugal depois do 25 de Abril, para apanhar o comboio do poder através do PS, de onde saiu para apoiar como ‘Reformador Democrático’ a AD, liderada por Sá Carneiro, contra a esquerda.
Regressou ainda ao PS para ser deputado (1987/91) e, depois de frustradas as ambições de líder e ideólogo, afastou-se definitivamente para a área afetiva ao serviço da qual é comentador avençado. Exerce, aliás, um direito, que lhe rende bons proventos, e cultiva uma fachada de isenção partidária.
Nessa circunspecta postura mereceu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo incógnito democrata Cavaco Silva, e acabou a receber idêntica distinção da venera que devia ser reservada a quem se sacrifica pelo valor de que recebe o nome.
Que sentirão os heroicos capitães de Abril a quem devemos, por inteiro, a liberdade que nos devolveram e que tão poucos foram os condecorados com tão elevado grau?
Que sentirão os presos políticos, os torturados, os militantes clandestinos, os homens e mulheres que viram as vidas desfeitas, as liberdades cerceadas, os empregos perdidos e as famílias ostracizadas, no combate à ditadura fascista?
Que sentirão as famílias de assassinados, deportados e exilados, que viveram o medo, a raiva e o desespero, que sofreram a fome, a repressão e o desprezo de quem não teve a coragem de enfrentar e afrontar o salazarismo?
À medida que nos conformamos com a amnésia coletiva, que transforma em benemérito quem trata da vida, em herói quem aparece depois de passado o perigo e como exemplo de cidadania os narcisistas, estamos a aceitar a reescrita da História, o branqueamento do passado e a reabilitação de trânsfugas sob a capa de independentes.
Não há pachorra!
Militante do PCP de 1963 a 1970, na Suíça, para onde fugiu à guerra colonial, deixou o partido comunista porque não estava suficientemente à esquerda.
Só regressou a Portugal depois do 25 de Abril, para apanhar o comboio do poder através do PS, de onde saiu para apoiar como ‘Reformador Democrático’ a AD, liderada por Sá Carneiro, contra a esquerda.
Regressou ainda ao PS para ser deputado (1987/91) e, depois de frustradas as ambições de líder e ideólogo, afastou-se definitivamente para a área afetiva ao serviço da qual é comentador avençado. Exerce, aliás, um direito, que lhe rende bons proventos, e cultiva uma fachada de isenção partidária.
Nessa circunspecta postura mereceu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo incógnito democrata Cavaco Silva, e acabou a receber idêntica distinção da venera que devia ser reservada a quem se sacrifica pelo valor de que recebe o nome.
Que sentirão os heroicos capitães de Abril a quem devemos, por inteiro, a liberdade que nos devolveram e que tão poucos foram os condecorados com tão elevado grau?
Que sentirão os presos políticos, os torturados, os militantes clandestinos, os homens e mulheres que viram as vidas desfeitas, as liberdades cerceadas, os empregos perdidos e as famílias ostracizadas, no combate à ditadura fascista?
Que sentirão as famílias de assassinados, deportados e exilados, que viveram o medo, a raiva e o desespero, que sofreram a fome, a repressão e o desprezo de quem não teve a coragem de enfrentar e afrontar o salazarismo?
À medida que nos conformamos com a amnésia coletiva, que transforma em benemérito quem trata da vida, em herói quem aparece depois de passado o perigo e como exemplo de cidadania os narcisistas, estamos a aceitar a reescrita da História, o branqueamento do passado e a reabilitação de trânsfugas sob a capa de independentes.
Não há pachorra!
Comentários
Cavaco defendeu a liberdade ao tirar o país em 1985, do 3º mundo amorfo, sem competividade, com moeda falida, restrições á importação piores que a venezuela atual, sem capacidade de investir.....nem criar empregos dignos...
e deixou-o em 1985 ás portas da UE....depois de entrar com o escudo no SME.....
TODOS OS RELATÓRIOS INTERNACIONAIS ELOGIAM ESTES GOVERNOS....
e os da CGTP idem....
o que fez o MFA/PCP.....?
ROUBARAM E DESTRUÍRAM BOAS EMPRESAS E BONS EMPREGOS (TORRALTA, LISNAVE, CUF, SOREFAME, SIDERURGIA, BANCOS, e excelentes médias empresas efacec por ex.
não deram nenhuma liberdade ao povo....deram manifs selvagens e ....muita pobreza
Elogiar Cavaco como um 'libertador do País do 3º. mundismo' é outro erro de palmatória que tenta branquear a política de betão e ocultar os desmandos financeiros à volta das ajudas europeias. Acresce ainda o 'regabofe no sector financeiro', de que o BPN é a ponta do iceberg e que nos lançou num ciclo de empobrecimento(terceiro-mundista?) que ainda hoje lutamos para ultrapassar.
A queda no crescimento que se verificou no 1º. decénio deste século e que tão drásticas consequências originou, tem origens remotas no 'forrobodó cavaquista' que as análises ultraconservadoras têm, sistematicamente, escondido. O cavaquismo não desenvolveu Portugal. Encheu os bolsos a alguns em Portugal.
Partilho o espanto e o repúdio expresso no post pela nova condecoração atribuída a António Barreto. Julguei - inocentemente - que o dito senhor atualmente se dedicava à fotografia (das paisagens durienses).
Nunca pensei que um ex-escrivão ao serviço de um 'merceeiro empreendedorista' fosse relapsamente agraciado.
Citando Brecht veio-me à cabeça que 'miserável é o País que precisa de heróis'...