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A mostrar mensagens de dezembro, 2013

Ponte Europa deseja Boas Festas aos leitores

Caros leitores: Chegados ao fim de mais um ano, é mister apresentar os votos canónicos de Boas Festas e desejar um feliz Ano Novo. O desejo existe, mas só um incauto acredita. Em Portugal, os deuses ensandeceram. Com a nossa ajuda, é certo. O desalento grassa, com Passos Coelho, Portas e Cavaco a cuidarem do pântano profetizado por um piedoso engenheiro. Sobre a Pátria estamos conversados. Valham-nos os versos de O’Neill: Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo golpe até ao osso, fome sem entretém .... meu remorso meu remorso de todos nós... Para desgraça já basta o ano que ora finda. Para vergonha tivemos a estátua 8,5 metros, em Braga, para o cónego Melo. Reitero os votos de um feliz 2014, na convicção de que será demasiado mau e com o enorme desejo de errar. Um abraço. PONTE EUROPA

Notas soltas: dezembro/2013

1.º de dezembro – Mais uma data identitária que foi saneada do calendário dos feriados numa demonstração de incultura onde a imaturidade cívica e a agenda liberal se uniram no ataque à memória coletiva do povo português. Coreia do Norte – A Amnistia Internacional revelou novas imagens de «gulags» com campos de trabalhos forçados. A dinastia Kim é um enigma psiquiátrico de um país com fome onde, do lado oposto, o pior maoismo e o mais execrável estalinismo nos remetem para a memória trágica do nazismo. Nelson Mandela – Faleceu aos 95 anos o paladino da liberdade e herói da resistência ao apartheid, a cuja visão se deve um país multiétnico que, com a sua morte, fica em risco. Venceu o racismo e tornou-se a maior referência ética, política e democrática de África. Madeira – A decisão do anterior Governo, de ninguém poder acumular uma pensão do Estado com um ordenado do Estado, foi embargada pela atual maioria,  para favorecer A. J. Jardim, em decadência cívica, moral e política,

Momento zen de segunda_30-12-2014

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João César das Neves (JCN), saprófita do episcopado, funâmbulo do Vaticano e devoto contumaz de todos os pontífices, andou desorientado com o atual, sem saber se o devia adular na homilia de segunda, no DN. Saído de longa confissão, com joelhos doridos e síndrome de privação da hóstia, teve de cumprir a expiação adrede decidida pelo confessor – dizer bem de Francisco –, dar o seu testemunho de regozijo pela escolha do Espírito Santo, o da Trindade, e mostrar o júbilo público, para evangelizar réprobos, sem aliviar o cilício. No exórdio da homilia que lhe serve de refrigério – “ O furacão Bergoglio ” –, afirma que “Todos gostam do Papa Francisco”, que, com ele, aconteceu “uma lufada de ar fresco, não só na Igreja mas em todo o mundo”, distraído de que há mais Igrejas e mais mundo, além do romano, e que no Iémen ou na Arábia Saudita nem uma brisa soprou. JCN está para a penitência como o Governo para a troika, quer ir sempre além. Por isso, criou este mimo de retórica para a anto

Portugal, o OE-2014 e o futuro

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Ao contrário do que previa o jornalista Paulo Baldaia e do que admitia o diretor do DN, aconteceu o que Marques Mendes sabia e quase todos suspeitávamos: Cavaco não podia deixar de promulgar o Orçamento de Estado. Passos Coelho e Cavaco podem entrar em desacordo, mas viajam no mesmo autocarro por um caminho à beira do abismo e qualquer solavanco os assusta. Saber-se-á um dia como foi possível a tão medíocre PM fazer a Oferta Pública de Aquisição (OPA) ao PR, depois de ter sido criação sua. Não parecem suficientes para a cumplicidade, as afinidades culturais, o escasso apreço pela democracia e pela gramática, o baixo perfil político e a insensibilidade social. Pode a razão ser outra, cuja referência, por falta de provas, deixaria sob a alçada do Código Penal quem a apontasse. O ano de 2013 termina nesta melancólica maldição de uma maioria, um presidente e um governo, que percorrem o inverno do nosso descontentamento. O ano que aí vem, com os mesmos protagonistas e os mesmos exec

TC. Devemos-lhe o que resta da democracia - Comentário de E-Pá

Por É - Pá O Tribunal Constitucional (TC) é o grande obstáculo à grosseira mistificação política da actual maioria de que um regresso à soberania ‘só’ seria possível em meados do próximo ano, após cumprimento de drásticas condições. Até lá valeria tudo. Na realidade, o TC não se deixou influenciar pelas ‘teses do protectorado’. Tem actuado dentro da concepção de que a Democracia e a Soberania são valores de primeira grandeza e, o mais importante, indissociáveis. Se alguma instituição trabalhou para incutir a noção de estabilidade num País devastado por uma grave crise económica, financeira e social foi, certamente, o TC que tem demonstrado um notável equilíbrio na interpretação constitucional. Esse tem sido o nosso instrumento ‘protector’ perante uma aberrante condição de uma intervenção externa que para consumo táctico tem sido definida como um inespecífico e ambíguo ‘protectorado’. Historicamente habituados a ver as intervenções externas como ocupações militares, situação que

Devemos-lhe o que resta da democracia

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Avivemos a nossa memória com a memória dos outros

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A 'questão turca'...

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A Turquia vive momentos de grande instabilidade política que estão longe de serem resolvidos por uma ampla e precipitada remodelação governamental. link A ruptura entre o partido de Erdogan (AKP) um formação política híbrida (conservadora e religiosa) e o eclético ‘movimento Gülen’ (religioso, assistencialista e empresarial) é, na verdade, o problema político fundamental que se arrasta desde o último Verão e está longe de qualquer (re)solução. Sem esta ‘conjugação’ de esforços e de estratégias os obscuros - mas primordiais - objectivos do actual governo turco dirigido por Erdogan, i. e., a islamização do País e a neutralização dos ‘ árbitros da laicidade ’ (Exército e o poder judicial), herdeiros da concepção da ‘nova República Turca’, imposta por Ataturk, estão seriamente comprometidos. Muitos analistas consideram que o actual Governo dificilmente conseguirá sobreviver, politicamente, sem o oculto mas decisivo apoio de Gülen, nomeadamente no campo financeiro. E o parado

A Guiné, o ministro e o PR de alguns portugueses (2)

1 – A Guiné-Bissau não é um Estado, é um caso de polícia que se converteu num caso político, um antro de droga que a França destabiliza na sua vocação neocolonial e no apetite do petróleo de Casamança, que Portugal não sabe como lidar com ele. 2 – Os atuais membros do cartel, impropriamente chamado Governo, não têm o direito de reivindicar a herança de Amílcar Cabral nem de usarem o guarda-chuva honrado do PAIGC. São marginais com dupla nacionalidade Portugal/Guiné, a viverem do esbulho do famélico povo da Guiné e das rivalidades tribais de um complicado mosaico étnico. 3 – O embarque forçado de 74 sírios, com passaportes falsos, num avião da TAP, foi um caso de terrorismo, onde o cartel da droga, graças a previsíveis subornos, pôs em perigo a segurança, o comandante, a tripulação e os passageiros da linha aérea. Só a errática diplomacia de quem ainda chama ex-ultramar às ex-colónias pode permitir os assíduos insultos e as interferências deploráveis que envergonham Portugal. De Bis

A Guiné, o ministro e o PR de alguns portugueses

Um dia, o conselheiro do presidente dos EUA chamava-lhe a atenção para o facto de o ditador de turno da Nicarágua, seu protegido, ser um filho da puta. O Presidente, respondeu-lhe: «mas é o nosso filho da puta». Lembrei-me deste caso, cujos termos crus são verídicos, para referir a onda de exaltação nacionalista que grassa na Internet, em defesa de Cavaco Silva, a quem um membro do cartel da droga de Bissau, alcunhado de ministro de Estado e da Presidência do governo de Bissau, desvalorizando o grave incidente que envolveu o avião da TAP, apelidou de infantil a forma como Cavaco reagiu ao caso. Note-se que apelidou de infantil a forma e não o autor, que defendeu como pôde o antro que não consegue tornar-se Estado, que fez o que podia, contrariamente ao PR e ao PM portugueses quando vergonhosamente se calaram perante a chantagem ao TC e, no caso do PM, crocitando em uníssono. Curiosamente quem agora se indigna contra um membro de um governo a fingir, contra a criatura cujo portugu

Deputados e magistrados

Comparemos os políticos que todos combatem, sobretudo os deputados, e os magistrados que até podem ter bizarras organizações sindicais. Que outra carreira, militar, médica, académica, de investigação, docência ou de administração pública aufere semelhantes vencimentos, um subsídio de renda de casa de 620 € (sem impostos) e um sistema de saúde ímpar para receber na reforma o mesmo vencimento dos que se encontram em funções? http://www.dgaj.mj.pt/sections/files/gestao-financeira/tabelas-salariais/2009/tabela-indices/downloadFile/file/Tabela_indices-Magistratura_Judicial_2009.pdf?nocache=1236254251.06

O Japão, a história e a falta de memória

As agências internacionais dão conta da visita do primeiro-ministro, Shinzo Abe, ao santuário onde os japoneses homenageiam aos soldados mortos desde a guerra civil Boshin, em 1968, incluindo os criminosos de guerra que ocuparam a China e a Coreia do Sul na Segunda Guerra Mundial. Em Pequim e Seul acordaram velhos rancores quando o PM japonês brincou com o fogo e os aliados americanos manifestaram o seu desagrado. É lugar-comum dizer-se que se sabe como as guerras começam e não se sabe como acabam. Para já, acordaram velhos demónios no país de um anacrónico imperador, um semideus, onde a memória amarga de Hiroxima e Nagasáqui se varre e não basta para adormecer ancestrais rivalidades entre a China e a Terra do Sol Nascente. Que tragédia! Deixo um poema para servir de meditação, bem melhor do que as orações pias: Receita para fazer um herói Tome-se um homem, Feito de nada, como nós, E em tamanho natural. Embeba-se-lhe a carne, Lentamente, Duma certeza aguda, irracional,

Passos Coelho: Uma intolerável ‘instrumentalização' natalícia…

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O primeiro-ministro português cumpriu uma tradição política paroquial e dirigiu uma mensagem, dita natalícia, aos portugueses. link Para além de considerações visionárias sobre crescimento do desemprego e a recuperação da economia, momento em que decidiu ‘trabalhar’ conceitos estatísticos transformando números pontuais e ocasionais em ‘vitórias’ face a uma teimosa realidade dominada pela perfeita consciência de que estamos perante um cenário substancialmente diferente. O quadro recessivo criado pelas políticas de austeridade excessivas promovidas por este Governo, em dilecta concertação com a Troika, esgotou desde há muito as suas virtudes (se é que algum dia as teve) e do que se trata é de um abrandamento reactivo face a um conjunto de infortúnios onde o esgotamento e uma progressiva saturação se instalaram na sociedade portuguesa por motivos que sociologicamente se justificam e que determinam ‘oscilações comportamentais’, nomeadamente perante o consumo, i. e., face à retoma

A "CONVERGÊNCIA" DAS PENSÕES

O intitulado governo do País, tendo descoberto que o sistema de pensões do setor público é mais favorável que o do setor privado, resolveu fazer convergir os dois sistemas. Para tal, excogitou uma lei que baixava as pensões do setor público para o nível das do setor privado. Tal aborto jurídico era flagrantemente inconstitucional, e assim o declarou o Tribunal Constitucional, por unanimidade.  Se realmente o "governo" está preocupado com a desigualdade dos sistemas, tem uma solução democrática, lógica, justa e que não ofende a Constituição: elevar as pensões do setor privado para o nível das do público. Mas isso nem lhe passou pela cabeça; tomar uma medida que beneficie alguém é coisa que o "governo" nunca fez nem fará.  Isto é prova cabal de que os senhores do Poder não estão minimamente preocupados com a desigualdade. O seu único objetivo era o de reduzir as pensões do setor público. A tão propalada "desigualdade" era apenas um pretexto e uma falsa

Ateu, graças a Deus

Há quem por graciosidade ou provocação goste de dizer aos que elegem a consciência como única fonte de valores, que são «ateus, graças a Deus». E não é que têm razão? Deus é uma explicação por defeito para todas as dúvidas, uma boia para todos os naufrágios, um arrimo para todos os medos – especialmente, para a mãe de todos os medos –, o medo da morte. Não fora a invenção desse ser imaginário, à semelhança dos homens que o criaram, não haveria necessidade do contraditório. Não há antítese sem tese, nem síntese sem ambas. Os ateus não têm o direito de perseguir os crentes, tal como a estes não assiste o direito de molestar aqueles. Diferente é o combate de ideias, batalha que cabe aos crentes travar entre crenças ou contra o ateísmo e aos ateus contra as crenças. É preciso ser destituído do mais leve resquício de humanismo para deixar sem combate a crença nas virgens que aguardam terroristas, os pregadores do ódio e os divulgadores da vontade divina que impõe normas de vestuário

Cavaco Silva e o OE-2014

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Penso que as opiniões em contrário eram meros palpites para insinuarem que a PR é um órgão de soberania autónomo e não um apêndice do Governo. Cavaco vai promulgar o Orçamento nos próximos dias, como afirmara Marques Mendes cujo acesso antecipado à agenda do Governo faz dele um comentador televisivo. Enganaram-se, pois, os que previam a surpresa do pedido de fiscalização preventiva, a atitude lógica de quem assistiu à primeira provocação do Governo derrotada por 13-0. É fácil adivinhar que pedirá a fiscalização sucessiva de várias normas orçamentais, pela simples razão de que não é o único a poder fazê-lo. Não é a defesa da CRP que o move, mas o desgosto de ver mais uma vez cair-lhe a nódoa da inconstitucionalidade no pano das funções que exerce. Por mais respeito que nos mereça a devoção natalícia do PR e o apego aos netinhos não se compreende que tenha aguardado para depois das cerimónias litúrgicas do último dia do prazo o anúncio de tão importante indecisão. O Governo que

A troika, a fé e a vida (alegoria)

Nasci sob a asfixia da troika – Pai, Filho e Espírito Santo –, sob o terror das ameaças de quem tinha em todas as paróquias funcionários durões que zelavam pela amortização do empréstimo da vida, pela remissão do pecado original e pelos juros agiotas, fixados pelo credor a quem não pedira para nascer com a dívida do empréstimo. O batismo era o pacto de pagamento da dívida – dom da troika –, e um imperativo a que ninguém podia eximir-se. Começava-se em criança a rezar ave-marias e aos sete anos já a salve-rainha, o credo e as bem-aventuranças abrangiam os juros que eram pagos com a eucaristia e, antes dela, com a penitência que não dispensava o ato de contrição. A dívida não diminuía e os juros não baixavam. As crianças queriam ser boas alunas da troika, e ir além das suas exigências, mas a dívida crescia, as ameaças eram constantes e o Inferno uma inevitabilidade. Aos dez anos o delgado paroquial, exigiu às crianças que um novo pacto fosse assinado para que a troika libertasse a se

Francisco passa revista às unhas do antecessor

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Com um Governo fora de prazo

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Boas-Festas

Voltar às origens na noite de consoada é a viagem marcada no calendário, imposta pelo hábito e repetida pela inércia. À medida que as coisas e os lugares se encaixam cada vez menos na memória, mais intensamente os procuramos. Parte-se em busca do passado e teme-se a desilusão de não achar sinais. Mas volta-se sempre, quiçá com vontade de exumar memórias, de recuperar sonhos e afetos que nos fazem falta, como se no eterno regresso surgisse a fonte da juventude. Todos os anos, quando Dezembro chega, o frio vem lembrar-nos a festa que se aproxima ao ritmo da nossa ansiedade, enquanto os apelos ao consumo nos seduzem, insinuando uma felicidade duradoura. Fazem-se compras sem ponderação e arquivam-se prendas à espera de destinatário. Os livros têm nesta época o lugar que mereciam durante o ano, viajam com as pessoas à espera de leitor, quedam-se em mãos que os afagam ou, simplesmente, arquivam-se no abandono da estante. Depois de árduas discussões no seio dos casais decide-se o local da

Parabéns a todos os aniversariantes

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Guerra e Paz

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Com esta arma perdi alguns camaradas e com ela os militares da FRELIMO, do MPLA e do PAIGC ajudaram a libertar os seus povos numa guerra que não devia ter começado. Neste inverno, nesta época em que o outono da vida já tomou conta dos sobreviventes, interrogo-me como pode haver quem defenda ainda a mais estúpida, inútil e injusta das guerras – a guerra colonial. Nunca tantos estiveram do lado errado, por causa do erro que permitiu a um déspota continuar fascista, quando os fascistas europeus se refugiavam nos esgotos, para não serem reconhecidos. À fome e ao medo de então junta-se agora o medo da fome. Portugal devia ter direito à Paz, ao Pão e à Liberdade. Que raio de sorte a nossa!

A Turquia e a laicidade traída (2) - Comentário de «e-pá»

Por É -Pá Depois dos confrontos de Junho passado que começaram em Istambul e sacudiram muitas outras cidades da Turquia despertando a consciência dos turcos - e do Mundo - para a paulatina subversão do regime laico e concomitantemente para a sua substituição por uma califado. O silencioso projecto cresce (e alimenta-se) à sombra de um vasto programa de corrupção política e económica (nomeadamente do sector imobiliário) que se instalou na Turquia mas terá longos braços espalhados pelo 'Mundo muçulmano'. Estaremos, nos recentes acontecimentos, perante réplicas de problemas que não foram, efectivamente, resolvidos há 6 meses e que se agudizaram com a aproximação de actos eleitorais e a necessidade de consolidar os ganhos na trajectória de 'islamização'. Os receios pairam, agora, sobre o poder judicial que ousou interpor-se na 'grande e misericordiosa caminhada para a islamização do poder' e poderá sujeitar-se a uma nova e sangrenta purga em paralelo com o

O Governo, o Tribunal Constitucional e a condescendência popular…

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O chumbo no Tribunal Constitucional de um diploma legislativo denominado de ‘convergência das pensões’, sendo uma decisão essencialmente jurídica sobre o comportamento político deste Governo, não é inócuo em termos de consequências nacionais. Primeiro, ‘entala’ o Presidente da República que, se tiver o mínimo de sensibilidade constitucional, não deixará de interrogar-se até quando permitirá que um Governo continue a legislar ao arrepio da Lei Fundamental. Para muitos portugueses a ‘fronteira de tolerância’ já foi - há muito tempo - largamente ultrapassada. Depois, ‘arrasta por simpatia’ a Assembleia da República que, sucessiva e metodicamente, tem alienado a sua função de órgão legislador e fiscalizador – emanada directamente da vontade popular - para se tornar na caixa de ressonância de um Governo. A presente fase de desvario e de deriva política governamental que se resignou, ou terá optado desde o início, a ser – por via de uma espúria ‘maioria’ concertada à volta de i

A Turquia e a laicidade traída

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Recep Tayyip Erdogan, primeiro-ministro turco a quem a Europa e EUA concederam o título de muçulmano moderado, um oximoro por excelência, foi ajudado no saneamento das forças laicas – juízes e militares –, por Fethullah Gülen, um imã que lidera uma rede global de escolas e instituições de caridade com milhões de seguidores. Foi Gülen quem apoiou Erdogan a combater a laicidade e que, por avidez pessoal, surge agora como seu adversário, depois de ter infiltrado sequazes seus nas Forças Armadas e na magistratura, quando o PM pretende tornar-se Presidente, em 2014, para se perpetuar no poder e erradicar os opositores. Os escândalos que atingem altas figuras do regime, amigos de Erdogan e das 5 orações diárias, são um embaraço para as suas aspirações e uma oportunidade para o imã. Apegados aos cinco pilares do Islão, mas afastados por ambições pessoais, o atual PM vê na detenção de 24 pessoas, por corrupção, filhos de ministros, banqueiros e membros políticos do seu AKP (Partido da Ju

Era assim no fascismo

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O Governo autofágico não governa mas prejudica

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O Governo que devora um membro em menos de cada 40 dias, já lá vão 3 ministros e 27 secretários de Estado, ficará para a História como o mais incompetente e venal da democracia. Foi o que valeu a Santana Lopes! Campeão de derrotas no Tribunal Constitucional, tem a sorte de ver apenas analisados os diplomas com que desafia a Constituição e não escrutinados os seus membros pelo comportamento. A bem dizer, isto não é um Governo, é um caso de polícia, que o PR, o único com alvará para o despedir, mantém por razões desconhecidas. Perante a derrota 13-0, no TC, o presumível treinador ameaça repetir o jogo e continuar a insultar o árbitro, sem que o PR garanta a legalidade e saia do retiro de Belém donde emergiu, acompanhado da amantíssima esposa, apenas para ler em alternância um texto de Boas- Festas que soava melhor como jograis. Braga de Macedo, conhecido por jovem agricultor quando foi o Vítor Gaspar de Cavaco Silva, com quem subscreveu a outorga a dois agentes da extinta PIDE, d

Humor

Com o país submerso no medo e na tristeza, valha-nos o humor como refrigério dos pecados que não cometemos. http://www.youtube.com/watch?v=Vg9eZxpV3VA&hd=1

Boas-Festas

Este sábado, o dia terá menos de nove horas e meia de sol. O solstício de inverno, momento que ao longo dos anos foi sendo associado ao Natal, ocorre hoje, às 17.11 horas. Bom solstício, caros leitores.

Solstício de Inverno

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A frase

«Há muita gente a sofrer e o que mais preocupa é o desemprego». (Maria Cavaco Silva – Visão – Pág. 34) A síntese onde o génio, a sabedoria e a originalidade se reúnem.

Arancus ou caga-lumes

As vuvuzelas avençadas, inquietas com a decisão unânime do Tribunal Constitucional, parecem pirilampos tontos a debitar inanidades à volta dos holofotes das televisões. Privados de argumentos, produzem ruído; à míngua de imaginação, ocupam espaço; à falta de razão, tartamudeiam e, do que dizem, não fica mais do que a luz fosforescente de insetos que voam em torno do Governo como arancus em noites cálidas de verão. Hoje ouvi vários desses insetos coleópteros, a trocarem a luz por sons titubeados, num difícil equilíbrio entre o ridículo e a necessidade de mostrarem serviço. Quando o governo chega a este estado, não descobre águias que voem nas alturas, tem de contentar-se com quem rasteje por avença sem voar mais alto do que os crocodilos.

O Governo, o Tribunal Constitucional e a democracia

Nenhum Estado de direito atropela a Constituição, lei fundamental que não pode estar ao arbítrio das maiorias conjunturais. Nenhum, é uma força de expressão. Em Portugal, um governo marginal que se expõe ao ridículo lá fora e ao desprezo cá dentro, não só a desrespeita reiteradamente como tolera os ataques de estrangeiros, e equiparados, como é o caso dessa luminária da ética que dá pelo nome de Durão Barroso. As provocações e a chantagem não surtiram efeito. Não basta ter um PR e uma maioria para termos Governo. Precisamos de massa crítica, de gente íntegra e de políticos que tenham passado e não cadastro. Cavaco é o culpado pela degradação a que chegámos. Este governo é filho do seu ressentimento e falta de perfil para o cargo. Quando o Tribunal Constitucional, assumidamente plural na sua composição, resolve, por unanimidade, chumbar um diploma do Governo, incluindo os juízes indicados pelos partidos que o compõem, não resta a mais leve suspeita de que eram grosseiros os erros

Uma noite para recordar

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A inépcia do Governo, que tinha acabado de trucidar três secretários de Estado sem ter ainda sinecuras para todos os que têm vergonha de continuar no elenco de Portas/Passos Coelho, revelou-se na reação à decisão do Tribunal Constitucional. A deceção não escondeu a chantagem feita aos juízes e a derrota colossal de quem não tem rumo, memória ou vergonha. Tem apenas a agenda ideológica que só em ditadura é possível. Uma jornalista perguntou ao porta-voz do Governo que comentário fazia à «decisão por unanimidade», tomada pelo TC. Perante a atrapalhação era altura de lhe ter perguntado que palavra é que não tinha percebido. O ar do representante do Governo só rivalizou com um dueto saído do Asilo de Belém para desejar a duas vozes votos de Feliz Natal, um número que precedeu em poucos minutos a decisão jurídico-constitucional.

Factos & documentos

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A mulher, a eterna ameaça e vítima ancestral

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Há dias publiquei esta foto de Annette Kellerman (1886/1975) a promover o Direito das mulheres ao uso do maiô, em 1907. Era um fato de banho que apenas deixava o pescoço e os braços à mostra. Valeu-lhe a prisão. A nadadora australiana, atriz e escritora, foi presa por atentado ao pudor. Não podia ser o que descobria a causa de tão cruel punição, era o medo da emancipação, da igualdade de género que, durante milénios, justificou a violência das instituições contra a mulher, como se a humanidade pudesse existir sem ela, como se cada um de nós pudesse nascer, sem ser asfixiado, de pernas atadas, como os homens a queriam. No Concílio de Niceia (séc. IV), discutiu-se com “seriedade” e “pureza de intenções” a questão de saber se as mulheres tinham alma, e hoje, quando cada vez menos pessoas se interessam pela existência da alma, a mesma Igreja discute a alma do zigoto. Almas do diabo! Maria Montessori (1870/1952), pedagogista e pedagoga, mulher que estudei por dever profissional, f

As mulheres são sempre culpadas

Não sei se é maior o nojo ou a perplexidade perante a violência misógina, a demência clerical e a injustiça que causa danos irreparáveis a metade do género humano. As autoridades eclesiásticas mexicanas culpam as mulheres das agressões sexuais que sofrem, devido à roupa "provocativa" que vestem. A culpa é sempre de Eva, pensam as obtusas criaturas na mentalidade de quem vê o mundo pelos versículos do Levítico. «Com decotes pronunciados e minissaias "estão provocando ao homem", disse o arcebispo de Santo Domingo, México, Nicolás de Jesús López Rodríguez, durante o sexto Encontro Mundial das Famílias. Maldita alegoria da maçã colhida no Paraíso inventado na Idade do Bronze. - "As mulheres expõem-se a violações, a que as usem, que as tratem como um trapo velho, porque estão desvalorizando a sua pessoa e sua dignidade" , disse por sua vez o bispo auxiliar de Tegucigalpa, Darwin Rudy Andino. As informações são de 2009 e 2012.

As elites norte-coreanas prometem lealdade a Kim Jong-un

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servilismo e medo

Humor

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Podiam poupar Portugal à humilhação pública

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Um País à espera de nada, ou de outra coisa…!

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O País tomou conhecimento do fim de mais um ‘exame regular’. A troika deu como positiva a mais recente avaliação do programa de resgate em curso. Tudo está (estaria) em ordem excepto a possibilidade de algumas medidas de consolidação orçamental serem ‘chumbadas’ pelo Tribunal Constitucional. O que no entender dos senhores do FMI, BCE e da Comissão Europeia poderá vir comprometer “ crescimento, o emprego e o regresso aos mercados ”… link Trata-se de uma grosseira ‘operação de branqueamento’ das consequências de uma política de austeridade desmedida e destruidora do tecido empresarial e social nacional imposta pela troika e cujo reflexo mais visível não poderá ser acantonado nos ténues sinais de abrandamento do ritmo da recessão (em contraponto com uma mirífica retoma permanentemente exibida) mas antes nas taxas de desemprego que, em termos homólogos, não têm registado qualquer tipo de evolução positiva. A troika utilizou a recente vinda a Portugal para tentar contornar as

José de Anchieta, os milagres e a santidade

José de Anchieta, espanhol de famílias ricas, amigo de Inácio Loyola, depois de várias peripécias, acabou a evangelizar o Brasil, que é a forma com que se designa a conversão à força, naqueles tempos em que se levava numa das mãos a cruz e na outra a espada. O padre Anchieta ensinou latim aos índios, língua que não os fez eruditos mas os tornou cristãos. O padre José de Anchieta, com outros jesuítas, começou o difícil trabalho de conversão, catequese e educação com índios tapuias, pouco dados à cultura e à devoção, sobretudo devido aos assassinatos e pilhagem das suas aldeias, bem como às tentativas de escravização das tribos indígenas, ao longo da costa, pelos colonos portugueses. José de Anchieta, em defunção desde 9 de junho de 1957, tornou-se padroeiro do Brasil e, dadas as funções, entendeu João Paulo II, quando agilizou a indústria da santidade, elevá-lo a beato, em 22 de junho de 1980. Os brasileiros, isto é, o cardeal arcebispo de Aparecida, contente com a distinçã

Negócios...

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Aguentar o ‘fartar vilanagem’…

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“ Às vésperas do Natal, a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) ofereceu novo presente aos bancos que deveria monitorar, principalmente, depois do rombos orçamentários que causaram à região para que fossem salvos. A EBA informou que os banqueiros que ganhem até 1 milhão de euros por ano podem pedir aos reguladores nacionais para serem excluídos de uma limitação mais dura aos seus salários… ” link . Chama-se a ‘isto’ brincar com o fogo. Esta tirada acerca da “limitação mais dura aos seus salários” é uma autêntica pérola. Segundo é ligitimo entender estaremos de falar de  'provocatórias' (será este o termo?) remunerações de mais 1 milhão de euros/ano. É aqui que poderá residir um terrível equívoco. Esta quantia não é propriamente um salário. Será, antes, uma prebenda retributiva pelo exercício de um exigente apostolado financeiro… Isto é, uma rebuscada 'técnica de captura’. O que se está a passar é muito simples e linear: gestores financeiros, ocu

As crenças, os crentes e a convivência pacífica

Há uns tempos fui convidado para um colóquio realizado sob os auspícios do «diálogo inter-religioso», circunstância que me fez refletir sobre a oportunidade da presença ateia num simpósio onde as conferências seriam proferidas por um budista, um judeu, um católico (padre), um protestante evangélico e um ateu. Refletindo sobre o amável convite e, depois de ter pensado se a conferência de um ateu faria sentido, no âmbito de um diálogo inter-religioso, cheguei à conclusão de que, se alguém estaria a mais, seriam os crentes. Lembrei-me do automobilista que ia em contramão na autoestrada e que, ao ouvir pela rádio que um condutor circulava do lado errado, pensou que eram todos. Acontece que no pensamento, tal como na condução, a verdade não se determina pelas maiorias. Não era por todos pensarem que o Sol girava à volta da Terra que Galileu estava errado ou a Terra interrompia o movimento de rotação. Seja quem for que detém a verdade, aspeto que agora enjeito, pensei, e penso, que é m

15 de dezembro – efemérides – o melhor e o pior

O melhor: 1640 – D. João IV é aclamado rei de Portugal; 1949 – A Alemanha Federal é abrangida pelo Plano Marshall; 1989 – O Prémio Pessoa é atribuído à pianista Maria João Pires. O pior: 1914 – A Sérvia é tomada pelas forças austríacas (Grande Guerra 1914/18) 2005 – Cavaco Silva formaliza a candidatura à presidência da República; 2010 – Morre o jornalista Carlos Pinto Coelho, após uma operação à artéria aorta, no Hospital de Santa Marta. O Sr. «Acontece», grande comunicador televisivo e divulgador cultural, morre aos 66 anos.

A deterioração ética e as juventudes partidárias

Vão maus os tempos para a moderação e o compromisso, embora todos os cenários se adivinhem piores sem eles. No pós 25 de Abril, as juventudes partidárias começaram por ser escolas de formação cívica e aprendizagem política, onde a generosidade se misturava com a intensa vontade de transformar Portugal, onde se discutiam ideias e o futuro do País. Jovens de ambos os sexos faziam currículo para o serviço público se, acaso, a ele fossem chamados. A decadência moral alterou os partidos sem que estes, em vez de espelharem a realidade social, a transformassem, e os novos ricos exoneram depressa a ética, esquecendo, ainda mais rapidamente, a origem. Assim, a formação cívica transformou-se em ambição pessoal e a preocupação com o País em sede de poder, acabando o currículo convertido em cadastro. A fraternidade partidária deu lugar a projetos pessoais de assalto ao poder e de confisco de sinecuras. Passaram a exigir quotas de deputados, benefícios sociais e isenção do Serviço Militar Obr

Uma 'luminosa' equidade...

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 Preço da electricidade sobe 2,8% em Janeiro para clientes domésticos. link . A privatização a dar os seus ‘ bons ’ resultados. Ou a EDP a controlar – em tempo real - os eventuais ‘ danos ’ anunciados pelo vice-primeiro ministro sobre os produtores de energia, a inscrever no OE 2014. link Para enfeitar, a cândida cumplicidade da entidade reguladora do sector (ERSE) que não tardará a aparecer na praça pública a anunciar aos trabalhadores que auferem o ordenado mínimo e à heterogénea e agonizante 'classe média' - cujos vencimentos foram congelados ou reduzidos - que os ‘ salvou ’ de um aumento brutal. Por fim, o habitual e recorrente: caridosos ‘benefícios’ para os ‘ mais ’ desprotegidos, enquanto os esbulhos prosseguem, implacáveis, sobre tudo o que (ainda) existe (ou resiste).

A fé, a esmola e o poder do clero

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O Islão, o mais implacável dos monoteísmos, insiste no 3.º pilar, “Zakat”, a obrigação de dar esmolas aos pobres, devendo cada muçulmano dar 2,5% dos seus rendimentos, se os tiver. Não é novidade do Islão, é herança judaico-cristã acolhida na cópia medíocre do cristianismo feita pelo arcanjo Gabriel, que voou junto a Maomé, entre Medina e Meca, em numerosas  viagens, durante 20 anos, até o obrigar a decorar o que viria a ser o Corão, enquanto conduzia camelos. Que seria das religiões sem pobrezinhos? Não tenho aversão à esmola, tanto mais que tenho estado do lado de quem a pode dar e não do de quem é obrigado a solicitá-la, mas não tenho ilusões sobre o facto de se tornar a indústria de quem a administra, para evitar a luta de quem a recebe, e um instrumento para a conquista do poder. Os Irmãos Muçulmanos estão na origem da sobrevivência de multidões onde a religião não deixa florescer um Estado laico, justo e solidário. Depositários da verdade única, tal como as duas religiões

Factos e documentos

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A inépcia é o paradigma deste Governo que prejudica a saúde, o ensino, a economia e tudo aquilo em que toca.

PASSOS COELHO: uma entrevista para iludir a necessidade de eleições…

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O primeiro-ministro ‘concedeu’, ontem, uma extensa entrevista à TSF/TVI link que foi amplamente comentada pelos partidos políticos e comunicação social. link O ‘timing’ da realização desta entrevista não é um assunto menor e muito menos inocente. O País está sob mais uma avaliação externa (da Troika) e, no plano interno, a instabilidade campeia quando, parte substancial do ‘plano’ governamental tecido à volta do equilíbrio orçamental está dependente de decisões do Tribunal Constitucional. Deste modo, a entrevista foi dominada por um emaranhado de questões, contradições e indefinições de quem, desesperadamente, tenta manter o País em suspenso. Tudo começa pela tentativa de vender de mais uma ilusão (para quem quiser comprar). Condicionar os tempos futuros ao programado fim do programa de intervenção, definido nas condições que têm sido analisadas e criticadas no ‘memorando’ assinado em Maio de 2011, é mais uma manobra de diversão, para não lhe chamar um embuste. De facto, em