O Japão, a história e a falta de memória

As agências internacionais dão conta da visita do primeiro-ministro, Shinzo Abe, ao santuário onde os japoneses homenageiam aos soldados mortos desde a guerra civil Boshin, em 1968, incluindo os criminosos de guerra que ocuparam a China e a Coreia do Sul na Segunda Guerra Mundial.

Em Pequim e Seul acordaram velhos rancores quando o PM japonês brincou com o fogo e os aliados americanos manifestaram o seu desagrado. É lugar-comum dizer-se que se sabe como as guerras começam e não se sabe como acabam.

Para já, acordaram velhos demónios no país de um anacrónico imperador, um semideus, onde a memória amarga de Hiroxima e Nagasáqui se varre e não basta para adormecer ancestrais rivalidades entre a China e a Terra do Sol Nascente.

Que tragédia!

Deixo um poema para servir de meditação, bem melhor do que as orações pias:

Receita para fazer um herói
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.
Reinaldo Ferreira. Um Voo Cego a Nada (1960)

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