Afonso Moura Guedes

Faleceu hoje um velho advogado e destacado militante do PSD.

Foi um homem inquieto toda a vida. Anarquista na sua juventude, presidente da Associação Académica de Coimbra (pró-fascista), sucessivamente ateu, católico praticante, democrata convicto, social-democrata há mais de quarenta anos.

Em 1963 e em anos seguintes distribuía os folhetos «direito à informação» por baixo das portas das casas na vila da Lourinhã. Era um oposicionista convicto à ditadura, um amante da liberdade e um advogado com uma oratória brilhante.

Poeta de mérito, melómano e cinéfilo, foi um dos fundadores da SEDES e, mais tarde, do PPD. Governador civil de Lisboa, deputado, líder parlamentar, nunca abandonou o cravo vermelho nas sessões comemorativas do 25 de Abril, data que viveu com particular entusiasmo e felicidade.

Quando, há pouco, a televisão deu a notícia recordei as tardes e noites de conspiração, o convívio exaltante de quem sempre acreditou no fim da guerra colonial e no advento da democracia.

Foi o primeiro subscritor da lista pró-rotativa do jornal «República» no concelho da Lourinhã. Inutilizou o voto da União Nacional nas eleições fantoches de 1965.

Foi um homem de bem, casado com uma mulher notável, Filomena Moura Guedes, notária, de invulgar cultura e distinção.

É com emoção que presto homenagem a um homem fraterno, culto, generoso e bom.

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