Filhos e enteados
O jornalista Licínio Lima conta-nos a lancinante desilusão de Manuel Pinto, 63 anos, que, após 31 anos de trabalho nas secretarias dos tribunais de Lisboa, resolve reformar-se como represália pelo fim das regalias «conquistadas ao longo dos anos» pelos «Serviços Sociais do Ministério da Justiça» que ele próprio ajudara a criar.
Não compreende como o Governo o manda para a ADSE. Em vez de se interrogar sobre a legitimidade dos privilégios de que beneficiava, vocifera por perder o que o Estado abusivamente deu aos que tiveram mais força reivindicativa em detrimento dos outros funcionários. O que está mal é o tratamento desigual que o Estado consentiu.
«Se vão agora cortar-me regalias adquiridas, então vou-me embora...» - disse ao jornalista o zeloso funcionário que «tem estado destacado nestes últimos anos» na Associação dos Oficiais de Justiça, pago pelo erário público em funções estritamente sindicais.
Os Governos (PS ou PSD ou ambos) merecem, de facto, uma crítica veemente por conceder regalias que não puderam tornar extensivas a todos.
É fácil compreender o desânimo de quem perde benefícios mas é altura de avaliar a justiça social de tais medidas numa altura que a situação económica e financeira não suporta regalias.
Apreciem os leitores as queixas ao Diário de Notícias e façam o seu juízo.
Apostila – Se este funcionário estivesse numa empresa privada tinha de aguardar mais dois anos e reformar-se-ia, nessa altura, com 66% da média dos melhores 10 dos últimos 15 anos.
Comentários
o Ribeiro das T-shirts que agora manda na campanha de Encarnação a mando de Marcelo, também foi um dos que andou a comer no Tacho da Lusitanea
Na hora de apurar culpados, não devemos ficar só pelo Roxo, Ana e Nascimento.
Dá-me nojo que companheiros que ajudaram Encarnação, tenham sido afastados desta maneira
Que podem os "outros" cidadãos fazer senão lamentar de facto os privilégios acumulados.
Trabalhei 38 anos numa multinacional americana e, enquanto trabalhei tinha seguro para assistência médica.
Hoje, reformada, resta-me o SNS - no caso um Centro de Saúde(sofrimento)do 3º mundo.
Quantos corporativismos, incluindo sindicais, teremos ainda que suportar?
Está-se a ver porquê. Ainda há 1.400 vagas (de há muitos anos) para privilegiados oficiais de justiça. Aí está 1% dos empregos prometidos.
RE: Essas regalias não existiam, foram sendo conseguidas à sorrelfa, com desconhecimento dos funcionários de igual categoria que trabalhavam noutros ministérios.
Quem sabe se isso é verdade???