À mulher de César não basta ser séria ...
Vem isto a propósito da recente indigitação de Guilherme de Oliveira Martins (GOM) para presidente doTribunal de Contas.
Não consigo encontrar decisão mais errada. GOM será mesmo a pessoa menos indicada para ocupar tal cargo, e um erro estratégico do Governo.
Começo por dizer que considero GOM dotado de uma cultura e de uma inteligência admirável (os olhinhos saltitando por detrás daquelas grossas lentes, não enganam). Possuidor de um discurso fácil, rico e bem estruturado, assisti por duas vezes a intervenções suas que me deixaram plenamente convencido. Qualidades, aliás, de que já o meu amigo Linhares de Castro me havia informado. Presidente do Centro Nacional de Cultura, foi Ministro da Educação e das Finanças (entre outros), sem, todavia (corrijam-me se estiver enganado), se ter filiado no PS (o que só acentua a sua inteligência:-)). Nada me faz duvidar da sua completa isenção e independência. Mais ainda, estou convicto da sua competência.
Mas ao aceitar este cargo desfere um tiro fatal em si próprio. Com efeito, naquelas funções, não deixará de ser permanentemente confrontado com actuações dos seus tempos de governação (e logo como Ministro das Finanças!!). Quando procurar corrigir, apontar ou denunciar qualquer acto menos claro da Administração Pública, não faltará quem lhe relembre as suas próprias decisões (isto, se não acontecer ele próprio fiscalizar os tempos em que foi Ministro). Por outro lado, não deixará de ser colocado permanentemente perante o dilema de ter de parecer isento nas suas atitudes: se tiver de tomar decisões que não agradem ao PS, não deixará de ser acusado por este de estar a pretender demonstrar a sua isenção, prejudicando com isso o partido que o indicou (já para não falar naqueles que não deixarão de o acusar de traidor); se tomar decisões que não agradem à (actual) oposição, lá estarão estes para lhe lembrar quem o colocou naquele lugar.
Para sustentar esta minha tese basta lembrar os recentes ataques desferidos contra Vítor Constâncio e Jorge Sampaio, quer por correligionários, quer por opositores (a que não faltou por diversas vezes o tal apodo de traidor, ora de parcial).
Faltará agora que o Presidente da República (um militante socialista) concorde com a proposta do Governo, a acentuar assim a velha teoria dos "malefícios" de "colocar todos os ovos no mesmo cesto".
Será?
Não consigo encontrar decisão mais errada. GOM será mesmo a pessoa menos indicada para ocupar tal cargo, e um erro estratégico do Governo.
Começo por dizer que considero GOM dotado de uma cultura e de uma inteligência admirável (os olhinhos saltitando por detrás daquelas grossas lentes, não enganam). Possuidor de um discurso fácil, rico e bem estruturado, assisti por duas vezes a intervenções suas que me deixaram plenamente convencido. Qualidades, aliás, de que já o meu amigo Linhares de Castro me havia informado. Presidente do Centro Nacional de Cultura, foi Ministro da Educação e das Finanças (entre outros), sem, todavia (corrijam-me se estiver enganado), se ter filiado no PS (o que só acentua a sua inteligência:-)). Nada me faz duvidar da sua completa isenção e independência. Mais ainda, estou convicto da sua competência.
Mas ao aceitar este cargo desfere um tiro fatal em si próprio. Com efeito, naquelas funções, não deixará de ser permanentemente confrontado com actuações dos seus tempos de governação (e logo como Ministro das Finanças!!). Quando procurar corrigir, apontar ou denunciar qualquer acto menos claro da Administração Pública, não faltará quem lhe relembre as suas próprias decisões (isto, se não acontecer ele próprio fiscalizar os tempos em que foi Ministro). Por outro lado, não deixará de ser colocado permanentemente perante o dilema de ter de parecer isento nas suas atitudes: se tiver de tomar decisões que não agradem ao PS, não deixará de ser acusado por este de estar a pretender demonstrar a sua isenção, prejudicando com isso o partido que o indicou (já para não falar naqueles que não deixarão de o acusar de traidor); se tomar decisões que não agradem à (actual) oposição, lá estarão estes para lhe lembrar quem o colocou naquele lugar.
Para sustentar esta minha tese basta lembrar os recentes ataques desferidos contra Vítor Constâncio e Jorge Sampaio, quer por correligionários, quer por opositores (a que não faltou por diversas vezes o tal apodo de traidor, ora de parcial).
Faltará agora que o Presidente da República (um militante socialista) concorde com a proposta do Governo, a acentuar assim a velha teoria dos "malefícios" de "colocar todos os ovos no mesmo cesto".
Será?
Comentários
Se a memória me não atraiçoa, Sousa Franco, um excepcional presidente do Tribunal de Contas já tinha sido ministro de Maria de Lourdes Pintasilgo.
O facto de ser deputado talvez dê argumentos às oposições mas todos os dias se atacam os socialistas que ocupam cargos como se fossem Cardonas e Varas da CGD.
Guilherme de Oliveira Martins é um pio deputado do grupo católico que ornamenta a bancda do PS mas tem a competência, a isenção e as qualidades requeridas.
O resto é folclore e guerrilha partidária de quem não tem um pingo de vergonha após 3 anos de regabofe.
Penso eu de que...
Esta pergunta é que merece ser respondida.
O resto é que é folclore.
Não lhe sei responder à pergunta.
Se puder responda-me: Acha que falta a GOM a competência, isenção e perfil para o cargo?
Esta pergunta é pertinente. O resto é a preparação da candidatura de Cavaco e o ruído necessário às eleições autárquicas.
Se isto se passasse durante os “três anos de regabofe” (sic) o que você não diria, mas como é no tempo dos socialistas no governo não há nada como suavizar a questão atirando-se para o putativo candidato Cavaco Silva o ónus da questão.
Você é (de) mestre e não é de culinária!