Ainda os cartunes


Juntemos duas peças:
1) este cartune publicado pela Liga Árabe Europeia, que encontrei no pitecos (excelente!) e

2) esta reflexão de Boaventura Sousa Santos, que se encontra na página do Centro de Estudos Sociais (mais um centro de excelência da Universidade de Coimbra, a propósito).

Quem acompanhou o Ponte Europa, sabe que não hesitei - tal como o fez veementemente o Carlos Esperança - um segundo em defender o direito à publicação dos famigerados cartunes (ainda que provenientes de um jornal de extrema-direita) e que repudiei desde a primeira hora a violência orquestrada e com motivos políticos concretos: a meu ver, a conquista do poder a médio prazo no Paquistão e no Egipto por parte dos fundamentalistas islâmicos.

Ataquei e censurei politicamente a posição do Ministro dos Negócios Estrangeiros português, porque não demonstrou solidariedade com a Presidência austríaca da União Europeia, não articulou a sua posição com a do Presidente da República e não censurou a violência organizada contra embaixadas e empresas de países irmãos da Europa.

Agora, é tempo de outras reflexões.

Agora sim, ‑ mas só agora! (porque razão antes de tempo é não-razão!) – é a altura de vermos os problemas um pouco mais fundo.

E, para tanto, aqui deixo estas duas propostas de reflexão.

Comentários

cãorafeiro disse…
concordo, só agora começa a ser tempo de reflexão, para que as palavras reflectidas sobre a questão da responsabilidade com que cada um exerce a sua liberdade não sejam entendidas como apelos à limitação da liberdade e ao appeasement.

só uma pista. na europa vivem milhoes de muçulmanos. as manifest~ções na europa tiveram uma expressão bastante reduzida. porque será? talvez porque os muçulmanos, mesmo os radicais, sabem que a limitação da liberdade de expressão os iria limitar em primeiro lugar a eles...
Anónimo disse…
Os problemas entre o Ocidente e o Islão, não começaram com os cartoons.
São,desde há muito, problemas civilizacionais, portanto, profundos.
Refletir a partir dos cartoons é negar um trajecto histórico indispensável para compreender a realidade, no caso vertente, também profunda.
Anónimo disse…
"(...)Centro de Estudos Sociais (mais um centro de excelência da Universidade de Coimbra, a propósito)"
Ó AP não me faças rir...
Anónimo disse…
O MNE tem autonomia e pode dizer o que bem entender. Agora, é estranho que diga certas coisas e omita outras. Não lhe deitamos o fogo por causa disso. Estranha-se, apenas. Dá ideia que está numa Assembleia da ONU a tentar agradar a gregos e a troianos. Mas ser MNE não é isso. Que não se esqueça, desde logo, dos valores básicos do direito internacional público.

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