Direitos e deveres iguais
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Se qualquer magistrado só pode ser julgado por um tribunal superior, por que razão aos titulares de órgãos de soberania está reservado tratamento diferente?
Não se compreendem, aliás, as excepções à obrigação de apresentar relação do património.
Comentários
Do Presidente da República ao membro da Assembleia de Freguesia por mais pequena que seja, sáo políticos eleitos.
Os órgãos de soberania são o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo e os Tribunais.
O PR, primeiro-ministro e magistrados já gozam dessa prerrogativa.
Faltam os outros membros do Governo e os deputados.
O que temos de defender é o fim das excepções - para todos, incluindo PR, 1º. ministro e juízes.
Finalmente, de acordo com a inépcia do governo em lidar com os problemas judiciais, esperemos que não reapareçam para julgar
delitos políticos, de opinião - quase me esquecia dos terroristas -refiro-me aos plenários da Boa Hora (em boa hora extintos).
Nos tempos que correrem as políticas securitárias justificam tudo.
Estejamos atentos.
Creio que, salvo o devido respeito, confundiu as coisas.
Não se trata de tribunais de excepção. Esses eram para os oposicionistas à ditadura.
Lembro-me bem dos tribunais plenários e do juiz Florindo.
O que está em causa é a facilidade com que se põe o País sob escuta, incluindo o Presidente da República. O PGR não esclarece e o País está inquieto.
Já viu o que representaria cada um dos mil e tal juizes poder autorizar escutas aos segredos de Estado?
Temos posições diovergentes. É saudável.
Só divergimos quanto às soluções.
Em meu entender a democracia é o sistema político que deve preconizar o fim das excepções (a qualquer nível)
O sol nasce para todos, não é?
Não é ter tribunais especiais. É conceder prerrogativas especiais aos altos cargos do Estado sem banalizarmos o direito de serem escutados.
O problema é um mal que, cada vez mais, afecta os políticos, ou seja: o favorecimento, o compadrio e a corrupção. Porque é que, nestas circunstâncias, estes mortais haverão de ter um tratamento de excepção? Só porque foram eleitos? A eleição traz-lhe benesses ou responsabilidades acrescidas?
Tenho uma fidagal aversão às excepções. Quando se promulga um decreto que, por exemplo, proibe isto e aquilo, excepto em situações de "conveniência de serviço" ou de "relevante interesse público" - fico logo a pensar quem se encaixará nesta situação. Ou quem beneficiará da excepção.
Portanto, penso que as excepções à regra, não devem, por princípio ser admitidas.
Ou na impossiblidade de extreminar as excepções devem ser ... verdadeiramente excepcionais e não deixar qualquer espaço para iniquidades. Se quiserem - o governo e o Parlamento - podem fazer legislação com estas virtuosidades.
O PR, o 1º. ministro, os ministros , os juízes, os deputados, são - em primeiro lugar - cidadãos.
RE: Aqui concordo. No resto há uma divergência de fundo. Não tenho, em relação aos políticos, o preconceito de que são malfeitores.
Assusta-me em termos democráticos que alguém possa fazer chantagem com um ministro porque combinou por telefone um encontro extra-matrimonial, por exemplo.
E, a avaliar pela imprensa, há escutas gravadas de uma personalidade a queixar-se de problemas na próstata.
Será isto o Estado de direito e a democracia que ambos defendemos?
Em política não pode haver preconceitos. Em relação aos políticos, idem.
Todavia o esteio da politica (e dos políticos) deve ser os princípios (democráticos, como é óbvio)
Agora, os prevaricadores, sejam políticos ou não, devem ser julgados como os cidadãos. Com os direitos e deveres inerentes.
A possibilidade de chantagem que sugere (...porque combinou por telefone um encontro extra-matrimonial)pode afectar qualquer cidadão.
E perante essa eventual circunstância (chantagem) exijo dos políticos o que espero de qualquer cidadão - a denúncia do chantangeador.
O problema, quanto a mim, não se resolve com excepções. Quanto a mim o poder judicial - que exerce a justiça em nome do povo - tem vindo a extravasar os princípios que devem balizar a administração da justiça.
Neste aspecto, honra seja feita ao "processo Casa Pia" que, com as suas incongruências, teve a virtude de alertar os portugueses para a administração da justiça. Discutamos civilizadamente esses problemas. Introduza-se legislação correctiva para os problemas. E, enquanto isso decorre, falta dar o primeiro sinal de mudança: a exoneração do PGR.
CE: depois de corrigir os excessos, talvez não seja necessário excepções!
Apesar do respeito que me merecem o báculo, a mitra e o múnus,,discordo como é natural.
Não consegui fazer-me compreender. Não defendo prerrogativas diferentes para as pessoas mas para as funções.
Se uma conversa minha for escutada é grave mas se o ministro da Defesa ou o PR forem escutados, além de grave, pode ser posta em causa a segurança nacional.
Contrariamente a Vossa Eminência, penso que temos excelentes juizes e que a impreparação, a parcialidade e o espírito persecutório são excepções raríssimas. Digo-o com profunda convicção, apesar da canalhice que alguém fez a Ferro Rodrigues.
Permita-me, Eminência, que lhe assinale uma contradição: considerar tão maus os magistrados e achar que os homens de bons costumes só ficarão em perigo se o centrão os dominar.
Dar a César o que é de César...lembra-se Eminência?
Há que respeitar a divisão dos poderes. Estou de acordo com Vossa Eminência no que se refere ao perigo da luta entre Governo e Tribunais.
Não há democracia sem respeito pelos Tribunais e sem que os juízes acatem as leis.
Não acredita na democracia representativa?
Bem sei que o clero tem tendência a submeter à justiça divina a vontade dos homens.
Desde que não haja motivos judiciais ponderosos, é tão grave escutá-lo a si como ao PR e Ministro da Defesa.
A segurança nacional não se trata (não se deve tratar) ao telefone.
Muitas vezes ao telefone trata-se de tráfico de influências, negociatas,etc.
Acha que nestas situações merecem tratamento excepcional?
Veja como um corruptor da sua diocese quis corromper um vereador.
Felizmente deu com um homem honrado e corajoso.
Neste momento, temo as ameaças que pairam sobre a liberdade de imprensa. Acha que foram os políticos que fizeram a rusga ao 24 Horas?
Foi o poder judicial acossado pelo escandalo público...numa manobra de diversão, francamente hostil, às liberdades fundamentais. Todos sabemos que o "problema" está no seio do aparelho judiciário, mas tornou-se "conveniente" intimidar o veiculo da denúncia...para que tal não volte a repetir-se. Sem liberdade de imprensa a democracia não existe, é virtual.
Por essa, e por outras, é que o PGR já devia ter sido exonerado.
Mas o fundamental é a definição de um quadro legal que proteja as liberdades dos cidadãos. E garanta o exercício efectivo dessas liberdades. Mas para todos os cidadãos, sejam dirigentes eleitos ou não... porque todos somos políticos. O estatuto de cidadania livre é a questão fundamental a preservar. Não os cargos políticos, necessariamente,efémeros.
Voltando à questão inicial, continuo a não perceber a necessidade de excepções.
Tal como no princípio, persiste essa discordância.
1 - Os autarcas não integram qualquer órgão de soberania, não estando incluídos, pois, nos direitos referidos neste texto;
2 - Quanto a Gonçalo Capitão, tem a certeza de que ele não prestou provas para a carreira diplomática?
3 - Gonçalo Capitão é dos políticos mais capazes do PSD, em Coimbra, e dos menos amados.
Pensa por ele, revela coragem política e tem personalidade.
É um adversário que me merece respeito.