Um dos homens que em Portugal sabe desta ‘poda’ (financeira), isto é, das suas ' maningâncias ' assente num saber camoniano (de 'experiência feito') é João Rendeiro (de sua graça) que resolveu produzir sobre o ‘caso GES/BES’, em desenvolvimento, algumas afirmações deveras preocupantes. Trata-se de um expert que sendo, neste momento, um dos principais arguidos no processo BPP ostenta publicamente o ‘ savoire faire ’ relativo a estas coisas e é tido pelos ‘ mercados ’ como um analista qualificado (que terá apreendido com o ‘desastre BPP’). Este ex-banqueiro (actualmente está inibido de exercer essa ‘profissão’) que virou comentador económico-financeiro na blogosfera ( link ; link ) admite que o impacto na economia gerado pela ‘crise GES/BES e associados’ poderá ser quantificado numa queda do PIB que atingirá 7,6% link . Até aqui as preocupações políticas (do Governo e dos partidos) têm-se centrado sobre quem vai pagar a falência do Grupo (BES incluído) e as c...
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As opiniões advêm da ignorância, de nunca terem conversado ou ter no seu grupo de amigos um islâmico.
Assim as ideias defendidas neste blog contra o Islão, assim como as do VPV derivam do único conhecimento que têm do Islão e de muçulmanos: a televisão e os jornais, de afirmações de fanáticos e fundamentalistas, de actos de pessoas manietadas por líderes políticos. Esse é o único contacto que têm com o Islão. O contacto frio e distante dos jornais e da televisão, feito, tal como fazem os livros e os filmes, para chegar a alguns (e não todos) os pontos de sensibilidade ocidental.
Mas esses fundamentalistas e fanáticos que usam o povo para os seus fins estão no poder tanto por culpa Ocidental como do Islão. O Ocidente (cristão diga-se), defensor da democracia e liberdade de expressão não se levantou em protestos quando uma mulher democraticamente eleita para ser PR do Paquistão (e quantas foram em Portugal?) foi derrubada por um golpe de estado, de um ditador 'amigo'. Ditador 'amigo' que financia grupos terroristas no Índia, escolas corânicas e dava apoio financeiro, bélico e político aos Talibans. Talibans esses que quando invadiram o edifício das NU em Cabul para assassinar o ditador comunista não foram condenados pela comunidade internacional. Nessa altura EUA julgavam que estes senhores iriam acabar com a plantação de ópio no Afeganistão, reduzindo assim o drama da droga (no caso, heroína) nos EUA. Apoiaram os Talibans, pensaram que resolviam dois problemas: diminuíam o fornecimento de ópio e estabilizavam o Afeganistão (dividido entre senhores da guerra apoiados e aclamados pelo Ocidente quando se opunham ao invasor soviético). O que dizer do Kuwait ou da Arábia Saudita, ou dos Emirados Árabes Unidos (dos quais faz parte o Dubai) onde casas reais impõe das mais violentas aplicações literais do Corão com a bênção Ocidental. Essas casas mantêm a estabilidade para um preço de barril de petróleo em valores aceitáveis, hoje 60$, mas imagine-se que havia eleições, nesses países a cada uma a instabilidade que não gerava, talvez hoje o preço fosse de 200$.
Durante anos o Ocidente manteve na Indonésia um ditador que impôs regimes de medo e terror em Timor-leste, Iran-Java e em outras partes do país. A principal opositora, uma mulher (pois em Portugal os principais opositores forma mulheres, não? Eram estas que estavam nas posições de destaque?).
No Irão um regime fundamentalista está no poder, como reacção ao Xá da Pérsia, cruel ditador apoiado pelos amigos Ocidentais. Hoje rodeado pelos EUA, a leste no Afeganistão e a Ocidente no Iraque, sente-se cercado e reage como o animal enclausurado e ataca.
O Ocidente nunca fez nada em prol da democracia nesses países, sempre apoiou os ditadores e tentou minimizar ou por de parte os grupos democratas (no Irão uma política de re-aproximação estava a dar os seus resultados com os moderados a ganharem cada vez mais terreno, mas o Bush tinha de os cercar, dizer que faziam parte do eixo do mal, encostá-los à parede, deu força aos fanáticos e fundamentalistas e sabe-se que quando um animal está enclausurado é tarde demais quer para ele quer para quem o enclausura, a certo ponto o confronto é inevitável).
Depois de tudo o que não fizemos pela democracia e pela defesa dos direitos humanos nesses países e pelo que fizemos a incentivar ditadores também somos culpados, mas não somo humildes para o admitir. Mas somos lestos a condenar as atitudes deles, o fanatismo, a violência, a intolerância (e é de condenar com força, não há palavras que cheguem para condenar esses actos). Mas em vez de irmos às causas, do que levou nessas sociedades a que grupos moderados e democratas fossem marginalizados e fanáticos tomassem o poder e fossem uma ameaça para nós (Bin Laden, financiado pela CIA é mais um exemplo) colocamos tudo no mesmo saco: É o Islão, é o Islão que tem de ser morto, é o Islão a raiz de tudo, é o Islão o nosso inimigo (e como precisamos de inimigos!) e todos os Islâmicos são terroristas e assassinos.
Quer você, quer VPV não conhecem um único que seja moderado, para dizer a verdade, não conhecem um único, moderado ou não e como em tudo o desconhecimento do outro provoca em ambos os lados o mais primitivo dos sentimentos: MEDO.
E é esse medo que atiça a fogueira do ódio dos dois lados. Pode ser que quem hoje atiça o fogo, amanhã diga adeus aos netos que partem para a guerra e alimentam com o seu sangue a fogueira da intolerância para a qual vocês também contribuíram.
Posto isto eu defendo a liberdade de expressão, eu defendo o direito à indignação contra qualquer manifestação de intolerância, mas ultimamente a liberdade de expressão tem andado sobre ataque. Ataque dos fundamentalistas islâmicos que querem censura de facto sobre qualquer texto/desenho anti-islâmico e ataque dos pretensos defensores da liberdade de expressão, que atacam qualquer um que se solidarize com os grupos alvos de expressões xenófobas e racistas como se isso fosse um ataque à liberdade de expressão.
Não é ataque à liberdade que um governo reprove um comentário, um texto, um desenho, só seria se o proibisse. Mas para os pretensos defensores da liberdade de expressão e da máxima de Voltaire: “Eu não concordo com o que dizes, mas bater-me-ei para que o digas”, transformaram-na em qualquer coisa como: “Eu não concordo com o que dizes, mas mais do que bater-me para que o digas nem o criticarei porque tenho medo que te cales”. A liberdade de expressão não pode ter medo, medo devido a ataques à integridade física ou medo de por criticar o outro calar-se mas também não pode andar de mão dada com uma opinião pública e governos assépticos sobre as mensagens que os media transmitem.