Notas soltas: Fevereiro/2006
Palestina – Não sei se o regime saído da vitória do Hamas deva ser visto como democracia fascista ou teocracia democrática, sendo certo que a exigência da sharia e da erradicação de Israel revela a demência do fascismo islâmico.
Cavaco Silva – O primeiro P.R. de direita, depois de Américo Tomás, e o único democraticamente eleito desde 1926, suscita receio a alguns e euforia a outros, atitudes que o perfil do novo presidente e os limites constitucionais não consentem.
Manuel Alegre – Um milhão de votos é o balão que se esvazia num movimento cívico quando se temeu uma bomba que rebentasse dentro do PS, mas seria um erro ignorar as razões do fenómeno e desdenhar os que o preferiram.
Cartunes – As manifestações incendiárias do Islão, do Médio Oriente à Ásia, não são apenas sinal de devoção a Maomé, onde a religião comanda a vida, são um pretexto para recusar a democracia, a tolerância e a laicidade.
PSD – As demissões de Pedro Passos Coelho e de Vasco Rato são um sintoma de inquietação no partido, que espera ordens de Belém, e põem em causa o líder que obteve duas vitórias consecutivas.
Fátima – Com o pretexto de introduzir «maior vigilância teológica», o santuário vai ser gerido por quatro bispos – uma exigência papal –, e aguarda um representante permanente do Vaticano na gestão corrente. Só em 2004 gerou 19 milhões de euros de lucro.
Jorge Sampaio – Termina o segundo mandato no mais alto cargo da República com amplo apoio dos portugueses. A sua notável cultura e rara sensibilidade ficarão como referência do excelso cidadão, democrata impoluto e patriota a tempo inteiro.
Irão – As ameaças, desvarios e provocações, tendo como pano de fundo a bomba atómica, são um forte incentivo à mobilização da população autóctone mas podem ser o rastilho de uma confrontação mundial.
Iraque – As agressões de soldados britânicos a jovens iraquianos são uma nódoa mais a ensombrar a invasão, uma afronta gratuita e a violação cruel de direitos humanos. E um pretexto suplementar para a guerra civil que se avizinha.
PGR – As escutas telefónicas às mais altas figuras do Estado, incluindo o PR e o primeiro-ministro, são intoleráveis. Urge saber quem as ordenou, quem as consentiu e justificou, para que se possa confiar na Justiça e acreditar no Estado de direito.
EUA – A prisão de Guantánamo, onde as arbitrariedades e a ausência de respeito pelos direitos humanos se perpetuam, a pena de morte, e o conservadorismo evangelista de Bush são motivos de desconfiança na Europa e de preocupação para o mundo.
Dinamarca – A recusa de desculpas pela publicação das caricaturas de Maomé, em defesa da liberdade de imprensa, é um acto corajoso perante quem lapida mulheres, degola infiéis e pratica o terrorismo em nome da fé.
Blasfémia – Os católicos ávidos de converter a sua crença em identidade religiosa do Estado estarão dispostos a censurar «Os Lusíadas» e a «Divina Comédia» por «abusos» e insultos ao Islão?
Energia – Portugal não suporta o agravamento da factura energética e da emissão de gases. «Nuclear? Não, obrigado» ou «Nuclear? Sim, s.f.f.», para dispensar combustíveis fósseis na produção eléctrica? Os riscos já moram junto à fronteira.
Jornal 24 Horas – O golpe de mão policial foi um precedente infeliz que põe em causa o sigilo dos jornalistas e a capacidade do PGR para esclarecer o intolerável caso das escutas aos mais altos responsáveis do Estado.
Lisboa – A alegada tentativa de corrupção do vereador Sá Fernandes, do BE, pelo empresário Domingos Névoa, da empresa Braga Parques, vai ser um rude golpe na habitual impunidade de corruptores e corruptos. Ou na credibilidade da justiça.
S. N. S. – Perante as tergiversações do ministro e os apetites que o negócio da saúde desperta cabe a todos os cidadãos defender a maior conquista do 25 de Abril. A Constituição e o futuro dos portugueses estão em causa.
Arcebispo Marcinkus – Faleceu o antigo presidente do IOR, Banco do Vaticano, implicado na falência fraudulenta do Banco Ambrosiano. Nunca foi julgado, graças à imunidade de que gozam os funcionários do Vaticano. Deixou um filho e uma nódoa nas finanças da Igreja católica que dirigiu durante 18 anos.
Morte de um sem abrigo – A crueldade de um bando de adolescentes, de 13 a 15 anos, que assassinou um travesti, à pedrada, revela a demência homofóbica e o fracasso educativo da pia instituição portuense a quem estavam confiados.
Cavaco Silva – O primeiro P.R. de direita, depois de Américo Tomás, e o único democraticamente eleito desde 1926, suscita receio a alguns e euforia a outros, atitudes que o perfil do novo presidente e os limites constitucionais não consentem.
Manuel Alegre – Um milhão de votos é o balão que se esvazia num movimento cívico quando se temeu uma bomba que rebentasse dentro do PS, mas seria um erro ignorar as razões do fenómeno e desdenhar os que o preferiram.
Cartunes – As manifestações incendiárias do Islão, do Médio Oriente à Ásia, não são apenas sinal de devoção a Maomé, onde a religião comanda a vida, são um pretexto para recusar a democracia, a tolerância e a laicidade.
PSD – As demissões de Pedro Passos Coelho e de Vasco Rato são um sintoma de inquietação no partido, que espera ordens de Belém, e põem em causa o líder que obteve duas vitórias consecutivas.
Fátima – Com o pretexto de introduzir «maior vigilância teológica», o santuário vai ser gerido por quatro bispos – uma exigência papal –, e aguarda um representante permanente do Vaticano na gestão corrente. Só em 2004 gerou 19 milhões de euros de lucro.
Jorge Sampaio – Termina o segundo mandato no mais alto cargo da República com amplo apoio dos portugueses. A sua notável cultura e rara sensibilidade ficarão como referência do excelso cidadão, democrata impoluto e patriota a tempo inteiro.
Irão – As ameaças, desvarios e provocações, tendo como pano de fundo a bomba atómica, são um forte incentivo à mobilização da população autóctone mas podem ser o rastilho de uma confrontação mundial.
Iraque – As agressões de soldados britânicos a jovens iraquianos são uma nódoa mais a ensombrar a invasão, uma afronta gratuita e a violação cruel de direitos humanos. E um pretexto suplementar para a guerra civil que se avizinha.
PGR – As escutas telefónicas às mais altas figuras do Estado, incluindo o PR e o primeiro-ministro, são intoleráveis. Urge saber quem as ordenou, quem as consentiu e justificou, para que se possa confiar na Justiça e acreditar no Estado de direito.
EUA – A prisão de Guantánamo, onde as arbitrariedades e a ausência de respeito pelos direitos humanos se perpetuam, a pena de morte, e o conservadorismo evangelista de Bush são motivos de desconfiança na Europa e de preocupação para o mundo.
Dinamarca – A recusa de desculpas pela publicação das caricaturas de Maomé, em defesa da liberdade de imprensa, é um acto corajoso perante quem lapida mulheres, degola infiéis e pratica o terrorismo em nome da fé.
Blasfémia – Os católicos ávidos de converter a sua crença em identidade religiosa do Estado estarão dispostos a censurar «Os Lusíadas» e a «Divina Comédia» por «abusos» e insultos ao Islão?
Energia – Portugal não suporta o agravamento da factura energética e da emissão de gases. «Nuclear? Não, obrigado» ou «Nuclear? Sim, s.f.f.», para dispensar combustíveis fósseis na produção eléctrica? Os riscos já moram junto à fronteira.
Jornal 24 Horas – O golpe de mão policial foi um precedente infeliz que põe em causa o sigilo dos jornalistas e a capacidade do PGR para esclarecer o intolerável caso das escutas aos mais altos responsáveis do Estado.
Lisboa – A alegada tentativa de corrupção do vereador Sá Fernandes, do BE, pelo empresário Domingos Névoa, da empresa Braga Parques, vai ser um rude golpe na habitual impunidade de corruptores e corruptos. Ou na credibilidade da justiça.
S. N. S. – Perante as tergiversações do ministro e os apetites que o negócio da saúde desperta cabe a todos os cidadãos defender a maior conquista do 25 de Abril. A Constituição e o futuro dos portugueses estão em causa.
Arcebispo Marcinkus – Faleceu o antigo presidente do IOR, Banco do Vaticano, implicado na falência fraudulenta do Banco Ambrosiano. Nunca foi julgado, graças à imunidade de que gozam os funcionários do Vaticano. Deixou um filho e uma nódoa nas finanças da Igreja católica que dirigiu durante 18 anos.
Morte de um sem abrigo – A crueldade de um bando de adolescentes, de 13 a 15 anos, que assassinou um travesti, à pedrada, revela a demência homofóbica e o fracasso educativo da pia instituição portuense a quem estavam confiados.
Comentários
Misturam política corriqueira nacional (corrupção, crimes de ódio, etc) com política internacional "pesada" (Iraque, Palestina, EUA).
Não dá para comentar.
CE:
os assuntos deviam estar ordenados (sugeria por ordem alfabética, a falta de melhores critérios).
E, uma vez ordenados, deixavam de ser "notas soltas"... e seriam "notas enciclopédicas".
Os temas seguem uma ordem cronológica e o modelo já leva meia dúzia de anos. É uma forma de não colidir com outros redactores a quem não seria elegante nem prático perguntar sobre o que iriam escrever.
Assim, selecciono os assuntos ao longo do mês e procuro fazer um comentário-síntese sobre eles. No fim de cada mês tenho apenas o trabalho de apagar alguns temas por razões de espaço e de interesse.
Passei a publicar as Notas Soltas também no Ponte Europa. Assim tem sido e continuará.
Creio ter explicado as razões do formato deste post.
PALESTINA -
a política de "isolamento" (promovida por Israel, EUA,...) de Arafat, bem como a corrupção no interior da Fatah, o terrorismo de Estado sionista, etc, deu nisto. Os sectores fundamentalistas metem-se no "jogo democrático" e saiem vitoriosos. Isto já tinha precedentes - Argélia, p.exº.
Agora, como lidar com a nova situação?
Desestabilizar o Hamas, boicotar a Autoridade Palestina, provocar novas eleições - é a estratégia dos neo-conservadores americanos apadrinhada por Bush e, estou certo, a ser executada pela CIA.
O resultado é fácil de prever: a "eternização" do conflito israelo-palestino.
Agora, a civilização ocidental que, na sua fundamentação democrática, vai beber à cultura helénica, não sabe como descalçar a bota. Há também precedentes históricos contemporâneos - o triunfo eleitoral do nacional-socialismo (Hitler) na Alemanha, anos 30.
Finalmente sobra que se torna cada vez mais óbvio ser necessário desenvolver um novo quadro das relações internacionais.
Como?
- Nas instâncias internacionais e no respeito pelo direitos dos povos.
Coisa que o polícia do Mundo (EUA) não tem feito, não tenciona fazer e dificilmente poderá ser obrigado a isso.
De maneira que tentar catalogar o Hamas (democracia fascista / teocracia democrática) não esclarece nada. O problema subsiste apesar de ...
Um comentário ao 1º. item:
PALESTINA -
RE: Estou de acordo, no essencial, com as afirmações que faz.
Espero, apenas, que não veja na demência islâmica uma luta contra o imperialismo.
No Afeganistão os estudantes de teologia serravam militares soviéticos vivos. Eram comunistas...ninguém se importou. Depois fizeram o mesmo aos americanos. Eram americanos...ninguém se importou.
Eu importo-me e não esqueço.
a "demencia islâmica" não será causada pela:
- ocupação do território;
- assambarcamento da água/fome;
- humilhações militares/refugiados;
- etc.
Quem resiste a isto sem afectar o comportamento político e social, mais, sem ser empurrado para a violência.
Agora, demência não.
Eles sabem o que fazem (mantêm o raciocínio); não estão senis e têm a memória viva. Os sintomas não encaixam.
Pelo que temos de encontrar outro enquadramento.
Compreendo as suas perguntas. Tenho sido um defensor dos árabes contra as agressões sionistas, do mesmo modo como me oponho à eliminação de Israel e ao anti-semitismo.
O que não aceito é o islão que despreza, oprime e assassina mulheres, que amputa membros e lapida adúlteras, que decapita infiéis e persegue apóstatas até à morte.
O islão, contrariamente ao que sucedeu no passado, quando o cristianismo era violento e intolerante, tornou-se numa escola de terrorismo e violência.
Eles não se limitam a matar os agressores, distraem-se a a rezar e a matar-se uns aos outros.
A civilização e a barbárie são incompatíveis.
Quem não respeita os mais elementares direitos humanos não merece solidariedade.
Gostaria, caro leitor, de viver num país islâmico? Com a mulher e uma filha?
Queria chamar a atenção para o uso e abuso da expressão "terrorista", quando nos referimos ao mundo islâmico. Assim a ideia que - "O islão, contrariamente ao que sucedeu no passado, quando o cristianismo era violento e intolerante, tornou-se numa escola de terrorismo e violência." - é perigosa, nomeadamente, em termos civilizacionais.
Quando olhamos, p. exº., para a II Grande Guerra e recordamos os dias tráicos da França ocupada pelo regime nazi, não chamamos ao Jean Moulin "terrorista", mas um herói da resistência. E a resistência, matou pessoas, fez explodir comboios, etc. Não podemos usar varios pesos e várias medidas nos juízos dos acontecimentos políticos, sociais e culturais. A ocupação de territórios despoleta sempre reacções violentas.
Finalmente, a "sharia" como código penal islâmico, não se enquadra no nosso modelo civilizacional. Suscita a mais viva repulsa. Todavia, mesmo a "sharia" é vitima das condições actuais. Todos sabemos que - historicamente- os mulçumanos conviveram com outras religiões. Quando estavam no seu esplendor. No declínio, tornou-se no instrumento do desespero e é o refugio para mitigar as suas consequências - fome, miséria, sub-desenvolvimento, etc.
Agora, não podemos negar a existência de uma civilização islâmica. Seria um "negacionismo" idêntico à negação do holocaustro.
Devemos abandonar os julgamentos sumários das civilizações e abrir pontes para o diálogo.
E, fundamentalmente, perceber porque é que os islâmicos moderados (existem, não é verdade?) estão afastados - nos países islâmicos - do poder.
As reflexões não mais acabariam...
Palestina, Israel, EUA, etc.: Lá (Palestina) as eleições também podem ser ganhas com financiamentos dos "investidores". A situação continuará "eterna" ainda por mais umas tantas décadas.
Cartoons: Convieram (convêm) ao ocidente, tal como o Iraque, Guantánamo, Palestina, Arábia Saudita, Irão, Afeganistão e o mais que se seguirá. E os EUA não são no oriente. E a CIA não tem fronteiras; e a Mossad também não.
Arcebispo MArcinkus: Continua a haver muitos.
Comentários anteriores: Apreciavél o que foi dito sobre o terrorismo, hoje só entendido no sentido que o poder dominante lhe dá.
Creio que o texto «totalitarismo islâmico», entretanto publicado aqui no Ponte Europa, responde às divergências que, neste ponto, existem entre nós.
Fala é pouco do Batista e do Vilarices... Dois políticos muito abaixo do que o PS precisa e que dariam pano para muitas mangas de comentários. Porquê???
Continuem o bom trabalho.
Este comentário, agora, já terá perdido o "prazo de validade". No entanto segui a tua recomendação e li o manifesto (Totalitarismo Islâmico). Não encontrei aí nada que responda às divergências que, neste ponto, existem entre nós, como disseste. Lá terás que procurar outra fonte das divergências; aliás, podem ser várias (as divergências e as suas fontes explicativas). O islamismo é o que se conhece sobejamente e não tenho mais simpatia por ele do que pelo cristianismo, catolicismo, etc.; mas serve-se dele quem se serve; e acicata-o quem o quer utilizar. Mas não creio que discordes de mim quando digo que a Palestina continua adiada pela "eternidade" de mais umas décadas - e oxalá possas discordar; nem discordarás, a propósito dos cartoons, quando digo que o Iraque, Guantánamo, Palestina, Arábia Saudita, Irão, Afeganistão e o mais que se seguirá, convêm ao ocidente. Ou discordarás? Ficarão então as divergências quanto a "E os EUA não são no oriente. E a CIA não tem fronteiras; e a Mossad também não." Já não é mau.
Também não vi, nesse texto, nada que esclareça sobre democracia fascista e teocracia democrática e continuo sem saber o que são - talvez duas impossibilidades lógicas, não?