Apito dourado


A ponta do icebergue veio à tona. Fica a vaga sensação de que há um mundo de infâmia e venalidade em que a política e o futebol se atolaram.

Não vale a pena perguntar de que partido eram os comparsas nem fazer juízos de valor antes de uma sentença absolutória ter transitado em julgado.

Não interessa que questões formais impeçam um meritíssimo juiz de traduzir em penas a moldura penal que corresponde aos crimes.

Há apenas algumas reflexões que urge fazer:

1 – Como pode um partido político deixar um cidadão, demitido da função pública, por roubo, chegar a conselheiro nacional, ser íntimo do primeiro-ministro, ocupar cargos de grande relevo e indigitar para o Governo e outros altos cargos os seus colaboradores.

2 – Como é que foram afastados do processo dois polícias impolutos, Teófilo Santiago (único crachá de ouro da PJ) e Massano de Carvalho, logo acusados de deslealdade pelo director Ataíde das Neves, que a ministra Cardona e Adelino Salvado oportunamente colocaram no Porto.

3 – Como é que a PJ, uma polícia de raro prestígio e eficiência, foi politizada por um Governo sem escrúpulos, competência ou ética.

O resto é a vergonha dos nomes envolvidos, a tristeza de ver chamuscados com o labéu da infâmia altos quadros de um país e atingido o próprio primeiro-ministro de então.

Comentários

Anónimo disse…
Na verdade as questões são pertinentes, mas ...

- Não é verdade que quando o MP acusa alguém de crime, prevaricação,..., logo se levanta uma onda de almoços de solidariedade,manifestações de desagravo, etc.

Afinal, quem são os "nossos" heróis?
Anónimo disse…
Nós, os que ficamos á porta desses almoços e nos recusamos a compactuar com criminosos somos muito mais...não nos podemos levar pelas aparências!
Anónimo disse…
Anonymous das 4:29 PM

Só me lembro de uma manifestação de apoio a Paulo Portas, no Largo do Caldas.
Anónimo disse…
Carlos Esperança:

...e das da Fátinha de Felgueiras, do Isaltino, dos jantares de solidariedade ao Carlos Cruz,...não vale a pena começar a desbobinar.

Não estamos a falar de criminosos, mas de acusados pelo MP.

De maneira, que é melhor ficar à espera da "manifestaçãozinha" ao major.
Anónimo disse…
«De maneira, que é melhor ficar à espera da "manifestaçãozinha" ao major».

Caro anónimo:

Ainda que reprováveis, as manifestações são legítimas. Os partidos políticos têm outras responsabilidades.

E os tribunais não podem deixar-se influenciar e, muito menos, influenciar.

É por isso que eu sou contra as candidaturas independentes, contra a grande maioria.
Anónimo disse…
Carlos Esperança:

Certo, quanto às manifestações e tribunais.
-Mas ficamos à espera ou não?

Quanto às candidaturas independentes é necessário usar os mesmos critérios e o mesmo rigor relativamente às partidárias.
- Ou o 22.01.06, não trouxe ensinamentos? Convém degeri-los!
Anónimo disse…
Anónimo:

Excepção para a eleição presidencial.

Todas as outras, devem ser partidárias, no meu ponto de vista, para julgarmos os partidos e evitar a tentação de aceitarem caciques.
Anónimo disse…
Carlos Esperança:

Todos abominamos os caciques. Todos conhecemos os efeitos perniciosos, em Portugal, desde 1820.
Pergunto: será que, no actual momento político, eles não se "formam" nos partidos?

A acusação patrocinada pelo MP contra o major não revela, em alguns pormenores (p. exº: a "viagem" na comitiva de Durão Barroso do presidente da Comissão de Arbitragem)o pior do caciquismo partidário?

Em minha opinião, os males nascem da impunidade cívica do populismo, este sim, berço do caciquismo. Dentro ou fora dos partidos!
Anónimo disse…
12:02 AM

Claro que não posso discordar do que afirma. Aliás, no meu permanente regresso ao Eça encontro lá toda esta gente.

Que fazer? Havemos de resignar-nos?

Numa coisa o major tem razão, infelizmente. O segredo de justiça foi mais uma vez violado. e o crime é crime seja quem for o visado.

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