Mensagem da Associação 25 de Abril
Há 34 anos os Portugueses passaram a olhar para os seus militares com orgulho e gratidão.
Não era caso para menos: foram eles que, numa manhã radiosa, os fizeram acordar em Liberdade, livres das grilhetas da ditadura, esperançados num futuro de Paz e Desenvolvimento. Tudo de um dia para o outro e sem que nada o fizesse prever. Por isso, a surpresa, primeiro, e a explosão de alegria e sonhos, depois.
Passados 34 anos é com perplexidade que os Portugueses assistem às múltiplas desconsiderações feitas pelo poder a esses mesmos militares, de formas que nos abstemos de adjectivar, apesar de muito os utilizarem, aproveitando a sua permanente disponibilidade e competência em acções da sua política externa. Ao ponto de os olharem como cidadãos de segunda, a quem, contrariamente ao estabelecido na Constituição, querem silenciar para todo o sempre. Mesmo que no fim da vida, quando deixaram o serviço activo.
Enquanto isso, esses mesmos militares, porque civilistas, democratas e patriotas, procuram continuar a contribuir para a consolidação dos ideais de Abril, que há 34 anos os levaram a tudo arriscar, ao serviço dos seus compatriotas, mas assistem, quantas vezes com revolta, à perda constante de muitos resultados positivos alcançados, assistem à perda de liberdades, valores, princípios, ideais e ao regresso de velhos usos das ditaduras, como a delação e a imposição do medo.
Continuamos, como há 34 anos, a considerar que a democracia é o menos mau de todos os sistemas políticos. Mas, como menos mau, tem de ser encarado como sistema do percurso para uma vida melhor, não o definitivo, e tem se ser permanentemente aperfeiçoado. Em democracia, existem deveres mas existem também direitos, individuais e colectivos. Por nós militares de Abril, não abdicamos duns nem de outros. A nossa postura cívica assim no-lo impõe. Por mais que nos queiram calar, não desistiremos. Não aceitamos que nos tirem a nossa dignidade, que uma vez assumida, nos levou a derrubar a ditadura, a terminar a guerra e a cumprir todas as promessas, então feitas.
E, como a Democracia é, antes de mais, a defesa dos valores consignados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, nas Constituições livremente redigidas, no igual respeito por todos e cada um, no acatamento da vontade colectiva, não desistimos de pugnar por defender esses valores.
De defender uma sociedade mais solidária, onde os rendimentos sejam justamente distribuídos por quem os produz. Não podemos aceitar uma sociedade onde o trabalho recebe menos de 40% desse rendimento e o capital mais de 60%. Com a agravante de, mesmo no mundo do capital, a mera especulação se sobrepor ao simples investimento. Continuamos a pugnar por uma sociedade onde o poder económico se não sobreponha ao poder político, com práticas sempre farisaicas, onde rapidamente esquece o liberalismo e a desejada ausência de Estado, quando se confronta com problemas graves, como vem acontecendo mais vezes do que desejavam, e impõe rapidamente a intervenção desse mesmo Estado, para lhe resolver os problemas que ele próprio criou. Sempre à custa dos cidadãos que tudo são obrigados a suportar, sempre em nome de ditos interesses superiores.
Uma sociedade onde o fosso entre os mais ricos e os mais pobres não aumente despudoradamente, com o poder das classes médias a diminuir drasticamente, com evidente perigo para a estabilidade saudável e a respectiva paz social.
Uma sociedade onde os partidos políticos voltem a ser instrumentos fundamentais do sistema democrático, acabem com a cobertura à corrupção, ao compadrio, ao tráfico de influências, enfim, sirvam em vez de servir-se.
Gostaríamos de emitir uma mensagem optimista. É difícil, nos tempos que correm, onde são várias as vozes que se levantam a prever convulsões e limitações das liberdades.
Por nós, mulheres e homens, civis e militares da Associação 25 de Abril, estamos confiantes na capacidade dos Portugueses, na defesa de um País de Abril, democrático, mais livre, mais justo e em paz.
Por isso lutamos! Convictos que muito da actual conjuntura passará e os cravos voltarão a florir!
Estamos em tempo de alertar a malta, de avisar toda a gente, de não poder ignorar, de não poder calar!
Tudo faremos para evitar que se regresse ao passado, um passado onde se volte a justificar outro 25 de Abril.
Não queremos voltar a ir para longe, porque não queremos ter de regressar. Queremos continuar aqui, na luta pelos nossos ideais.
Assim o queiramos todos, porque se todos nos empenharmos nessa luta, Abril será o futuro.
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!
Abril de 2008
Não era caso para menos: foram eles que, numa manhã radiosa, os fizeram acordar em Liberdade, livres das grilhetas da ditadura, esperançados num futuro de Paz e Desenvolvimento. Tudo de um dia para o outro e sem que nada o fizesse prever. Por isso, a surpresa, primeiro, e a explosão de alegria e sonhos, depois.
Passados 34 anos é com perplexidade que os Portugueses assistem às múltiplas desconsiderações feitas pelo poder a esses mesmos militares, de formas que nos abstemos de adjectivar, apesar de muito os utilizarem, aproveitando a sua permanente disponibilidade e competência em acções da sua política externa. Ao ponto de os olharem como cidadãos de segunda, a quem, contrariamente ao estabelecido na Constituição, querem silenciar para todo o sempre. Mesmo que no fim da vida, quando deixaram o serviço activo.
Enquanto isso, esses mesmos militares, porque civilistas, democratas e patriotas, procuram continuar a contribuir para a consolidação dos ideais de Abril, que há 34 anos os levaram a tudo arriscar, ao serviço dos seus compatriotas, mas assistem, quantas vezes com revolta, à perda constante de muitos resultados positivos alcançados, assistem à perda de liberdades, valores, princípios, ideais e ao regresso de velhos usos das ditaduras, como a delação e a imposição do medo.
Continuamos, como há 34 anos, a considerar que a democracia é o menos mau de todos os sistemas políticos. Mas, como menos mau, tem de ser encarado como sistema do percurso para uma vida melhor, não o definitivo, e tem se ser permanentemente aperfeiçoado. Em democracia, existem deveres mas existem também direitos, individuais e colectivos. Por nós militares de Abril, não abdicamos duns nem de outros. A nossa postura cívica assim no-lo impõe. Por mais que nos queiram calar, não desistiremos. Não aceitamos que nos tirem a nossa dignidade, que uma vez assumida, nos levou a derrubar a ditadura, a terminar a guerra e a cumprir todas as promessas, então feitas.
E, como a Democracia é, antes de mais, a defesa dos valores consignados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, nas Constituições livremente redigidas, no igual respeito por todos e cada um, no acatamento da vontade colectiva, não desistimos de pugnar por defender esses valores.
De defender uma sociedade mais solidária, onde os rendimentos sejam justamente distribuídos por quem os produz. Não podemos aceitar uma sociedade onde o trabalho recebe menos de 40% desse rendimento e o capital mais de 60%. Com a agravante de, mesmo no mundo do capital, a mera especulação se sobrepor ao simples investimento. Continuamos a pugnar por uma sociedade onde o poder económico se não sobreponha ao poder político, com práticas sempre farisaicas, onde rapidamente esquece o liberalismo e a desejada ausência de Estado, quando se confronta com problemas graves, como vem acontecendo mais vezes do que desejavam, e impõe rapidamente a intervenção desse mesmo Estado, para lhe resolver os problemas que ele próprio criou. Sempre à custa dos cidadãos que tudo são obrigados a suportar, sempre em nome de ditos interesses superiores.
Uma sociedade onde o fosso entre os mais ricos e os mais pobres não aumente despudoradamente, com o poder das classes médias a diminuir drasticamente, com evidente perigo para a estabilidade saudável e a respectiva paz social.
Uma sociedade onde os partidos políticos voltem a ser instrumentos fundamentais do sistema democrático, acabem com a cobertura à corrupção, ao compadrio, ao tráfico de influências, enfim, sirvam em vez de servir-se.
Gostaríamos de emitir uma mensagem optimista. É difícil, nos tempos que correm, onde são várias as vozes que se levantam a prever convulsões e limitações das liberdades.
Por nós, mulheres e homens, civis e militares da Associação 25 de Abril, estamos confiantes na capacidade dos Portugueses, na defesa de um País de Abril, democrático, mais livre, mais justo e em paz.
Por isso lutamos! Convictos que muito da actual conjuntura passará e os cravos voltarão a florir!
Estamos em tempo de alertar a malta, de avisar toda a gente, de não poder ignorar, de não poder calar!
Tudo faremos para evitar que se regresse ao passado, um passado onde se volte a justificar outro 25 de Abril.
Não queremos voltar a ir para longe, porque não queremos ter de regressar. Queremos continuar aqui, na luta pelos nossos ideais.
Assim o queiramos todos, porque se todos nos empenharmos nessa luta, Abril será o futuro.
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!
Abril de 2008
Comentários
Estas mensagens tem a virtude, de anualmente, demonstrarem, porem a nú, o que falta cumprir do Abril sonhado pelos Portugueses.
34 anos depois há - seriamos ingénuos em negá-lo - um sentimento de frustação social, nomeadamente, na enorme e disforme (ninguém conhece com exactidão a dimensão) bolsa de pobreza que fustiga e castiga o País.
Qualquer português colocado nesse lado da barricada teria dificuldade em ler o comunicado da Ass. 25 de Abriol, nesta parte, que passo a citar:
"Uma sociedade onde o fosso entre os mais ricos e os mais pobres não aumente despudoradamente, com o poder das classes médias a diminuir drasticamente, com evidente perigo para a estabilidade saudável e a respectiva paz social."
Teria de perguntar perguntar: ficámos a meio caminho?
Todavia estas questões - porque identifico as suas origens - levam-me a proclamar como a maioria dos portugueses:
VIVA O 25 DE ABRIL!
Dizia o Barão de Montesquieu:
"A liberdade, esse bem que nos permite desfrutar dos outros bens"
Ainda não chegamos lá!
A Liberdade que se alcançou com o 25 de Abril, NÃO TEM PREÇO!!!!
Só quem não viveu debaixo de uma ditadura, desconhece a tristeza de não poder TER VOZ! Ter que dizer que sim a tudo, não poder falar, ter medo até da própria sombra!
Hoje podemos dizer NÃO! E apesar de muitas desilusões, com os desníveis salariais, com desigualdades gritantes, com um descalabro na saúde, deixando morrer os portugueses nos hospitais, nas urgências. em suas casas à espera de socorro. Com um serviço de saúde completamente desgarrado, com listas de espera, que fazem os doentes que esperam operação perder mais hipóteses de sobrevivência a cada dia que passa, sem serem tratados!
É muito triste ser-se doente, mas mais triste ainda é sê-lo em Portugal!!!!!
Há muito desanimo, muita revolta relativamente às mais variadas situações! Muito desemprego, muita fome envergonhada, muita gente que
SOBREVIVE!
Mas continua a existir um grande ORGULHO nos Capitães de Abril, que nos vieram dar a mais preciosa dádiva A LIBERDADE DE EXPRESSÃO!
VIVA O 25 de ABRIL, HOJE E SEMPRE!
Os "Homens de Abril" estão e devem conservar-se acima da "chafurdice" do actual ambiente político nacional.
Tal facto não significa que não devam estar atentos. Nós, a dita "geração de Abril", todos (ou quase todos)filhos e netos adultos mas continuamos a olhar por eles , a acariciá-los, a desejar-lhes um bom futuro.
O normal na rotação de gerações da sociedade.
Hoje, o jornal Público, num brilhante artigo de Adelino Gomes sob o título:
"O que querem os generais, desiludidos com a democracia?" questiona civilizadamente o percurso democrático pós-25 de Abril.
Para o Gen. Garcia Leandro a situação pode ser caracterizada por:
"Movimento de indignação civil", precisa agora o general, apostado em prevenir eventuais novas más interpretações, como aquelas que, lamenta, deturparam o artigo no Expresso ("A falta de vergonha"). Isto apesar de nele escrever, preto no branco, ser óbvio que "não haverá mais cardeais e generais para resolver este tipo de questões", pois "isso é um passado enterrado. Tem de ser o próprio sistema político e social a tomar as medidas correctivas para diminuir os crescentes focos de indignação e revolta".
Para esclarecer ainda melhor o seu pensamento, traduz em linguagem mais directa: a tarefa de fazer sair Portugal da crise incumbe à "sociedade civil organizada nos partidos", uma vez que são estes que"têm que se reformar".
Completamente de acordo.
Todavia, dou particular relevância às declarações de 5 generais e 1 coronel que estiveram directamente envolvidod no 25 de Abril.
Espero que não sejam alvos de processos disciplinares.
Dada a importância que imputo ao artigo de Adelino Gomes, transcrevo na integra:
"O QUE QUEREM OS GENERAIS DESILUDIDOS COM A DEMOCRACIA?"
"Aviso, revolta, chamada de atenção? Cinco generais e um coronel - alguns deles envolvidos activamente no 25 de Abril - dizem o que os preocupa.
Primeiro foi Garcia Leandro, ao dizer que muita gente o procurava a incitá-lo a que fizesse alguma coisa para parar a degradação das instituições democráticas.
Mais recentemente foi Rocha Vieira. Num discurso a propósito da batalha de La Lys, o chanceler das Antigas Ordens Militares (cargo para que foi nomeado pelo actual Presidente da República, Cavaco Silva) declarou que os tempos de crise que Portugal atravessa "ignoram o passado da independência e anunciam um futuro sem liberdade".
Faz hoje uma semana, num artigo publicado neste jornal, o general Loureiro dos Santos apelava ao Governo para que, "em vez de insistir em normas à margem do que a Constituição da República prescreve", demonstrasse "o seu apego à democracia e à lei, expurgando o RDM (Regulamento de Disciplina Militar) das inconstitucionalidades que ainda contém" e que, a crer na versão de um anteprojecto em consulta, poderá vir a ter ainda mais restrições ao exercício de direitos dos oficiais na reforma.
Uma obra de um quarto general, Silva Cardoso, tecendo considerações absolutamente desencantadas em relação aos últimos anos da história portuguesa, surgiu igualmente nos últimos dias nos escaparates (ver pág. 4). Nada nas declarações públicas dos outros generais citados neste trabalho autoriza, porém, que se aproxime o seu posicionamento do deles.
Democracia pode perder-se
O que Garcia Leandro e Vasco Rocha Vieira põem em questão, no essencial, é a qualidade da democracia, manifestando um patente receio de que esta possa vir a perder-se.
Une-os, contudo, a todos estes quatro generais - e daí o impacto das suas declarações -, o facto de terem desempenhado funções do maior relevo político-militar no país, a seguir ao 25 de Abril: Garcia Leandro e Rocha Vieira foram governadores de Macau (Leandro inaugurou a lista dos mais altos representantes do Portugal de-
mocrático no território; Vieira protagonizou o arriar da bandeira nacional, 500 anos depois da chegada dos portugueses); Silva Cardoso foi alto-comissário em Angola, depois de ter integrado a Junta Governativa logo após o 25 de Abril; e Loureiro dos Santos desempenhou os cargos da ministro da Defesa Nacional dos IV (Mota Pinto) e V (Lourdes Pintasilgo) Governos Constitucionais.
Leandro, Rocha Vieira e Loureiro dos Santos ostentam ainda no seu currículo, entre outras funções, a vice-chefia do Estado-Maior do Exército e a direcção do Instituto de Altos Estudos Militares, instituição, em Pedrouços, por onde passam todos os oficiais acima de capitães, e do Instituto de Defesa Nacional (Leandro); e a chefia do Estado-Maior do Exército (Rocha Vieira e Loureiro dos Santos).
Tudo razões a justificar uma espé-
cie de aragem gelada que varreu alguns meios políticos e deixou no ar a pergunta inquietante: o que querem afinal os generais, com este insistente cassandrear de péssimo agoiro? Não estarão eles a incentivar ou no mínimo a legitimar a preparação de alguma acção de força que mude o rumo do país?
Nova empresa marítima
Garcia Leandro nem deixou terminar estas perguntas, quando, há dias, começámos a enunciar-lhas por telefone: "Queremos simplesmente uma democracia pluralista que funcione dentro das regras". O facto de ter si-
do ele o primeiro a verbalizar este descontentamento não pode ser visto como qualquer forma de pressão ilegítima. "Há pessoas que não têm só o direito de falar; têm o dever", enfatiza.
Dias depois, à mesa de um almoço marcado para o restaurante (aberto ao público) da Associação dos Antigos Meninos da Luz, a que preside, o general desenvolveria estas mesmas ideias. Não é esta forma de democracia que está errada, esclarece. "O que está errado é o modo como os actores principais a têm servido. E a dificuldade que encontram as pessoas que querem fazer coisas".
"Se Portugal fosse um barco, estava completamente virado para bom-
bordo. Eu até poderia encarar com alguma tranquilidade o futuro do meu país se pudesse dizer assim: "As pessoas com mais de 50 anos são para deitar fora. Mas o que vem atrás é muito bom..." O problema é que não. Não é muito bom", explica Garcia Leandro.
Este general, que actualmente preside ao Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, aceita que nunca como hoje houve tanta gente nova portuguesa com tão altas qualificações no estrangeiro. E sublinha mesmo que desde 1976 Portugal melhorou muito. "Isso está fora de causa. O que me preocupa é o que não se fez ou foi mal feito ou podia ter sido mais bem aproveitado. Nomeadamente as verbas que vieram da Comunidade Europeia: alguém alguma vez se preocupou a sério em apurar quanto dinheiro chegou cá e o destino que lhe foi dado? Tivemos o ciclo da Índia, o ciclo da África e agora repetimos a mesma cena com a Europa."
Portugal dispõe de talentos e competências. Para Garcia Leandro, a
questão central encontra-se em "conseguir integrar isto tudo num esforço nacional conjunto, numa espécie de nova empresa dos Descobrimentos".
Indignação civil
Mobilização, portanto. "Movimento de indignação civil", precisa agora o general, apostado em prevenir eventuais novas más interpretações, como aquelas que, lamenta, deturparam o artigo no Expresso ("A falta de vergonha"). Isto apesar de nele escrever, preto no branco, ser óbvio que "não haverá mais cardeais e generais para resolver este tipo de questões", pois "isso é um passado enterrado. Tem de ser o próprio sistema político e social a tomar as medidas correctivas para diminuir os crescentes focos de indignação e revolta".
Para esclarecer ainda melhor o seu pensamento, traduz em linguagem mais directa: a tarefa de fazer sair Portugal da crise incumbe à "sociedade civil organizada nos partidos", uma vez que são estes que"têm que se reformar".
Vasco Rocha Vieira não quis enredar-se neste tipo de questões. "Eu
digo o que quero, outros que interpretem", respondeu, por fax, ao PÚBLICO. Lidas as perguntas que lhe enviámos (o que quis dizer concretamente no discurso sobre a batalha de La Lys; o que é necessário para inverter a situação; como interpreta esta multiplicação de declarações; e se acha crível que os militares possam começar a conspirar?), o antigo governador de Macau observou ter a certeza de que "nenhuma dúvida" nos restaria sobre o que disse.
General de Abril subscreve
Alfredo Assunção, que neste mesmo dia há 34 anos estava no Terreiro do Paço e no Carmo ao lado de Salgueiro Maia a derrubar o regime, assina por baixo a advertência de Rocha Vieira. "Se não estivéssemos na Europa, se calhar o desânimo era capaz de ser demonstrado de uma maneira mais violenta. Vivemos tempos complicados: as pessoas começam a sentir que a sua liberdade começa a ser coarctada; há esta ideia de os oficiais na reforma passarem a ser abrangidos pelo RDM; os oficiais ligados às associações militares começam a ser vistos de uma maneira enviesada. E tudo se passa com um Governo que aparentemente estaria com o 25 de Abril. Chegamos a uma situação destas num Governo de esquerda", lamentou-se ao PÚBLICO, num contacto telefónico.
Colocadas as mesmas questões a dois outros oficiais superiores ligados estreitamente às operações do dia 25 de Abril de 1974, recebemos dois pontos de vista algo divergentes. O coronel Vasco Lourenço, figura de proa do movimento dos capitães e, hoje, da Associação 25 de Abril, diz que não vê o futuro tão negro quanto Rocha Vieira, até porque acredita "nos que defendem, acima de tudo, a liberdade e na sua capacidade de por ela se baterem".
Vasco Lourenço não tem visto com muita simpatia esta sucessão de declarações por parte de generais. "Para fazer ouvir a sua voz, seja quem for, tem que ter autoridade moral no que respeita aos temas em que quer ser ouvido. Infelizmente, isso não acontece, muitas vezes."
Nos casos em apreço, "por escandaloso, há um que sobressai mais. O general Silva Cardoso, pelo seu passado, pela sua postura, não tem perfil nem qualquer autoridade para afirmar seja o que for. Até porque, normalmente, mente descaradamente", critica.
Reconhece, contudo, que "os tempos actuais são complicados". Do seu ponto de vista e não apenas em Portugal, "o actual regime democrático parece esgotado", com os detentores do poder a fugirem para a frente, sem se aperceberem de que, cada vez mais, vão ajudando a degradar a situação, o que lhe lembra "os velhos senhores de Roma, que não viam o fim do Império a aproximar-se, de forma acelerada, e continuavam em festas e orgias".
Cidadãos ao Parlamento
O general Garcia dos Santos, a quem incumbiu a montagem do sistema de transmissões do golpe de Estado (bem como, ano e meio depois, do 25 de Novembro), lembra que "nenhum ser humano nasce ensinado no que quer que seja". Razão que o leva a considerar "urgente e necessário que se caminhe no sentido de implementar cada vez mais o ensino do que é e de como é viver em democracia e liberdade". Os portugueses precisam de enraizar a ideia de que "essa forma de vida implica a aceitação e o respeito pelas normas que regem uma convivência com responsabilidade e disciplina". Dois conceitos básicos esquecidos ou mesmo ignorados "quer pelos cidadãos, quer pelos dirigentes dos órgãos oficiais institucionais". A aprendizagem das regras democráticas, porém, demorará ainda "duas ou três gerações".
Encontrando-se de algum modo com Garcia Leandro na preocupação em envolver a sociedade civil na resolução da crise, Alfredo Assunção defende a urgência dos movimentos de cidadania "obrigarem os partidos a transformarem-se, a defenderem os interesses das pessoas e a cumprirem os seus programas". Pessoalmente, "defenderia uma mudança da lei eleitoral no sentido de um cidadão comum, através de associações, chegar ao Parlamento". Esta é, para ele, hoje "a grande luta".
Vasco Lourenço defende que os
partidos políticos voltem "à essência da sua criação", pois "não podem continuar a ser agências de empregos, coberturas e agentes de luta do poder pelo poder, causadores e encobridores de corrupção, enfim, maus agentes da democracia".
jp, 25.04.2008, Adelino Gomes.
Completamente de acordo!
VIVA A LIBERDADE E O 25 DE ABRIL!
Por outro lado, é inadmissível o "esquecimento" e até discriminação a que form votados os genuínos Capitães de Abril. É mais que tempo de reparar a injustiça.
VIVA O 25 DE ABRIL!
Está na hora de reconhecer as motivações dos revoltosos.
Olhem para esta revolução burguesa e aprendam com os erros.
25 de abril já cheira a podridão. Centre-mo-nos no futuro e não voltemos a cometer os erros a bem do Pais.
Viva os fuzilamentos no campo pequeno!
Viva as ocupações!
Viva as nacionalizações!
Viva Otelo!
Viva as passagens administrativas!
Viva a corrupção!
Viva as greves gerais!
Viva o FMI!
Viva o racionamento de bens!
Viva a guerra civil Angolana!
Viva a guerra civil Guineense!
Viva os diamantes de Soares!
Viva o 25 de Abril!
25 de Abril Sempre!!!
...Por outro lado, é inadmissível o "esquecimento" e até discriminação a que form votados os genuínos Capitães de Abril. É mais que tempo de reparar a injustiça.
Caro ahp, lembre-se, aqueles que a mando do governo salazarento fizeram a guerra colonial, são os mesmos que fizeram o 25 d'Abril.
O cariz do exército, permitiu que fosse possível uma revolução pacífica, as forças armadas, eram o povo fardado.
A guerra produziu combatentes, ao serviço duma causa injusta e inglória, esses mesmos combatentes, são hoje desconsiderados pelo governo socretino.
Viva o 25 d'Abril.
Parece eu que os estou a ver em cima dos tanques de boina desajeitada e cigarrinho na boca...
Quando o meu filho vir essas fotos vai-me perguntar se aquelas fotos são da bolívia, de kinshasa ou do Paraguai... Ridículo... Paises onde as revoluções são hábitos, porque será?
Imagine-se esta palermice pegada numa Alemanha, por exemplo.. Que vergonha...
Imagine-se esta palermice pegada numa Alemanha, por exemplo.. Que vergonha..."
Ridículas são as suas comparações. Ridículas e ignorantes. Coitado do seu filho...