Momento de poesia
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Para um sexagenário
Sem ilusões e sem perucas
As folhas do calendário
São como folhas caducas
De que a árvore se deslaça
E tombam nas nossas nucas
Em cada Outono que passa.
E Anos Novos e Natais
E outros dias consagrados
São exactamente iguais
Aos dias cronometrados
Que se sucedem sem tréguas
Como assassinos malvados
Com botas de sete léguas.
Mesmo assim eu agradeço
Em letras mais modestas
O beijo que não mereço
Por circunstancias funestas.
E acendo um desejo
Na chama que hoje me emprestas
Dou-te também o meu beijo
De notas acres e lestas
Como um som de um realejo
Em quadra de Boas-Festas.
a) Armando Moradas Ferreira
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