O clero e o divórcio (2). Opinião de um leitor pio


Sobre aconselhamento matrimonial, nada.

Sobre formação de casais, nada.

Para o facilitismo, tudo.

Divórcio a pedido, pois então.
(olha, fartei-me de ti, vou divorciar-me porque agora é simplex. vai à tua vida e deixa-me em paz)

Dão-se mal? Não há problema: em vez de entendimento, ruptura.

A mulher é uma galdéria? Não faz mal: em vez de ser posta na ordem, livra-se do marido e vai à sua vida de deboche.

O marido é um debochado? Não faz mal: divorcia-se e nada de aconselhamento, encaminhamento ou tratamento.

Simplifica-se, escolhe-se o caminho mais fácil e pronto, lá se vai o Sagrado Matrimónio, e a Igreja não é para aqui chamada, pois então.
Não se resolve um problema: escamoteia-se e destrói-se uma família.

Mal tem andado a Igreja Portuguesa, na sua brandura pró-sistema, cingindo-se a declarações meramente inócuas e colaboracionistas.
Falam por falar, doentes com o vírus do modernismo.
Ao invés de uma oposição dura, inequívoca e consistente, vão palavreando coisas avulsas e sem consequência.

Um governo absurdamente ateu e radicalmente laico e um clero estupidamente moderno, completamente descaracterizado e fraco, redundam numa sociedade sem rumo, sem respeito por valores imortais.

Uma sociedade cuja base já não é a família, mas o indivíduo egoísta e preocupado tão-somente pelo prazer imediato, material e sujo de blasfémia e heresias.

Uma sociedade profundamente enferma.

a) Pai de família

Comentários

RJ disse…
Ainda há gente assim?
Anónimo disse…
Então a mulher é "posta na ordem" e o marido é "encaminhado"?
Isto é para rir, ou existe mesmo um primata que pensa assim?
Quanto ao resto, não comento, dado o absurdo da posição deste "pai" de uma triste família...
Anónimo disse…
O que acho curioso, é aqueles que pretendem o divórcio na hora, serem os mesmos que apoiam os casamentos gay...afinal, inversão de valores é o que está a dar.

Que tristeza.
Anónimo disse…
Caro "Pai de família",
Congratulo-me por não ser seu filho.
Destilar tanto ódio contra valores universais, só tem uma leitura:
foi certamente vítima de um enorme encornanço, o que lamento mas compreendo.
F Gomes
Anónimo disse…
o divórcio na hora é mais uma aberração juridica com que este Governo nos brinda. Mais, para alem do divórcio na hora, o fim da culpa de um dos conjuges segundo consta.
Ora, as pessoas quando casam ou têm noção do que querem e assumem as consequências do seu acto ou então simplesmente não casam. Eu por exemplo, não sou casado, vivo com a minha mulher há 10 anos,ambos achamos que não necessitamos da benção do Estado ou da Igreja para a nossa união.
Mas voltando ao tema, o casamento é um contrato, qualquer contrato é para ser cumprido, logo quando uma das partes rompe o contrato é lógico que seja sancionado por isso.O Casamento é um contrato que gera laços familiares.O Casamento é uma das fontes das relações juridicas familiares, tal como o parentesco, a afinidade e a adopção. Pois, aberração é as pessoas divorciarem-se e os familiares dos conjuges continuarem a estar relacionados com o ex-conjuge por afinidade, ou o ex-conjuge sendo tio, ser uma das classes legalmente obrigada à prestação de alimentos ou até poder-se-à pensar porque razão o ex-conjuge é o primeiro a responder na prestação de alimentos ao outro!!
O divórcio na hora parece-me ser uma medida precipitada, pois preclude um tempo de reflexão que me parece profilático, permite que um simples arrufo doméstico acabe em divórcio. Mais uma vez, aplicando a minha experiência pessoal e de profissional forense,sei que já evitei divórcios no meu humilde escritorio de advocacia, porque senti que o conjuge desavindo que me procurou, não queria verdadeiramente se divorciar, mas sim uma arma de arremesso para melindrar o outro conjuge. As cabecinhas pensantes que nos governam, primeiro deviam ter um conhecimento mais profundo do que pretendem legislar e depois pensar no sistema jurídico no seu todo. deixo ficar as considerações de um ilustre colega, que me fez reflectir sobre o assunto e que em parte não concordo, mas ainda assim acho util partilhar:

"Todos sabemos que, em casos excepcionais, a lei permite que se quebre o vínculo entre pais e filhos, possibilitando que estes venham a integrar outra família e, inclusive, a ter novos pais. Trata-se, no entanto, de situações excepcionais, porque, nas relações da família, o princípio deve ser, obviamente, o de não permitir a quebra do vínculo. De facto ninguém compreenderia que uma lei impusesse tantos direitos e deveres a duas pessoas (neste caso, pai e filho) e, depois, permitisse que qualquer das partes quebrasse o vínculo por «dá cá aquela palha», designadamente porque já não há amor.

Alguém aceitaria, por exemplo, que um casal, seis anos após ter adoptado um filho, solicitasse na Conservatória o fim da filiação com o argumento de que, afinal, já não amava aquele filho e que se tinha apaixonado por outro que queria agora adoptar?

Quantos pais e mães não deixam de gostar dos seus filhos? Por que não há-de a lei também permitir, ao pai (ou mãe) que já não gosta do filho, que se divorcie deste e lhe continua a impor uma série de deveres para toda a vida (alimentos, assistência na doença, herança, etc.)?

Ora, o casamento é uma instituição que assenta nos mesmos princípios de estabilidade e durabilidade que regem as relações familiares. Daí que nasçam para os cônjuges, com o matrimónio, um conjunto de direitos e deveres muito semelhantes aos da filiação. Acontece que, como parece hoje evidente, a esmagadora maioria das pessoas já não entende a relação conjugal como uma relação de família (que pressupõe um vínculo para toda a vida) mas como uma relação circunstancial e, em regra, efémera que apenas deve durar enquanto apetecer ou convier às duas partes.

Se todos reconhecemos que assim é (aliás, está à vista), a solução não passa, obviamente, por desvirtuar e esvaziar o casamento, como pretende cínica e dolosamente o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda, transformando-o numa aberração jurídica e numa instituição totalmente absurda e ridícula, mas pela abolição pura e simples do casamento civil.

Na verdade, que sentido faz o Estado, por exemplo, manter o cônjuge em pé de igualdade com os filhos no direito à herança ou facultar-lhe o direito às pensões por morte, quando a relação conjugal é apenas circunstancial, só se mantendo à data da morte do cônjuge por mero acaso e por sorte?

Se marido e mulher são para ir trocando ao longo da vida e se os filhos são para toda a vida, não podem aqueles ter os mesmos direitos e deveres que estes. O Estado deve, por isso, lavar daqui as mãos. Cada um que viva como quer e com quem quer. E se houver alguém que pretenda tornar outro seu herdeiro, para além dos filhos, que faça testamento. É um problema onde o Estado não se deve meter. Uma coisa são as relações de família (que são para toda a vida), outra coisa são os afectos que duram enquanto duram e, em regra, duram pouco e cada vez menos.
Leonardo Santana Maia"
retirado do blog contra-corrente
Anónimo disse…
Pois, e os advogados a ver navios...
Eles não querem saber da "família". Querem saber dos honorários que vão deixar de auferir.
Compreendo.
Anónimo disse…
Opinião de um leitor pio? Quando vi o nome em baixo percebi logo de quem só podia ser.
Eu não concordo com a proposta que tinha o BE que consistia no fim do divórcio litigioso, mas acho que o divórcio é um processo demasiado demorado, é perferível de facto que se torne menos demorado, como vai acontecer com a proposta do governo.
Anónimo disse…
Ao "anónimo" n.º 4
(cujo comentário começa com: "o divórcio na hora é mais uma aberração juridica com que este Governo nos brinda"):

Pedia-lhe que, para a próxima vez, se informasse antes de escrever.

1 - o chamado "divórcio na hora":
a) não é uma iniciativa do Governo, mas sim de um particular, aparentemente seu colega, Dr. Januário Lourenço;
b) não se trata de qualquer medida para facilitar os divórcios - aliás nem se mexeu na legislação existente. Trata-se apenas de um mecanismo informático que permite aproveitar a existência de assinaturas digitais para "agregar e substituir o actual requerimento de divórcio em papel, a assinatura física a caneta, e o reconhecimento por parte do mandatário ou notário dos poderes do mandante". Ou seja, trata-se, dizendo de forma simplista, de substituir o requerimento em papel por um requerimento electrónico.

Poderão confirmar tudo isto em
http://www.divorcionahora.com .

2 - No seu post diz que: "aberração é as pessoas divorciarem-se e os familiares dos conjuges continuarem a estar relacionados com o ex-conjuge por afinidade, ou o ex-conjuge sendo tio, ser uma das classes legalmente obrigada à prestação de alimentos ou até poder-se-à pensar porque razão o ex-conjuge é o primeiro a responder na prestação de alimentos ao outro!!"

Pois é precisamente a eliminação dessas "aberrações" que pode encontrar no Projecto de Lei apresentado pelo PS (não pelo Governo, mas pelo PS) e que será discutido na AR na próxima 4ª-feira.
Anónimo disse…
Quando li leitor pio pensei que fosse mais um texto estapafúrdio do ex-seminarista e ex-comunista Carlos Esperança, mas afinal não.

Parabéns pelo texto.
O tempo dará razão,mas entretanto la teremos de aturar este passageiro lobby gay.

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